Alguém pode me responder por que os cursos de inglês no Brasil não corrigem a pronúncia dos estudantes? Ou melhor, por que não ensinam como deve ser?
Antes de vir morar nos EUA eu fiz algumas aulas de inglês picadinhas: as inevitáveis aulas na escola, com uma turma de 50 adolescentes que não tavam nem aí e que realmente não dá para esperar muita coisa; aulinhas no CCAA que por mais que repetíssemos exaustivamente as lições (que a gente tinha que decorar mesmo e falar igualzinho) ninguém corrigia a pronúncia de verdade ou se dava ao trabalho de explicar como deveríamos falar direito; o semestre de inglês que eu fiz como eletiva na faculdade, no depto de letras da PUC, com um professor britânico, que ensinava principalmente gramática e não me lembro dele falar em pronúncia nenhuma vez; um semestre de Alumni, um dos melhores e mais caros cursos de SP, que apesar de ser excelente em todos os outros aspectos da língua, também praticamente ignorava pronúncia. Eu sempre fui aflita para falar direito, sou perfeccionista mesmo, e fico nervosa quando percebo que falei alguma coisa que a pessoa não entendeu por causa da pronúncia. Mesmo não tendo feito muito tempo de curso, eu vim pra cá falando inglês decentemente – já trabalhava diariamente em inglês todos os dias, participava de reuniões por telefone em inglês todos os dias, quando me matriculei no curso de ESL a professora falou que eu nem precisava fazer curso, enfim, não sou nenhuma iniciante.
Nas aulas de ESL que tenho aqui, temos dois livros: uma gramática e um livro de pronúncia, que eu nem imaginava que existiam livros para isso, chamado Say the Word!. Pela primeira vez na minha vida, alguém me explicou as regras (que são várias!) para falar -ed no final dos verbos, como posicionar a língua e os dentes para falar corretamente o th, como falar palavras que tem w no meio ou como falar palavras com duas vogais juntas e suas exceções (que também são muitas). Ah, e como falar corretamente todos os erres.
Não sei se os professores no Brasil não ensinam porque acham que isso é uma coisa “menor” comparado a gramática e vocabulário ou se é porque eles não sabem mesmo. Como na época que eu fiz esses cursos o meu inglês ainda não era suficiente para avaliar se o professor sabia mesmo ou se estava ali enrolando, não sei o motivo. Só dou o aviso: brasileiros, cobrem dos seus professores regras e correções de pronúncia! Não é toda cidade que está acostumada com turistas, melhor dizendo: não é todo mundo que tem o ouvido treinado com os sotaques estrangeiros, e muita gente realmente não vai te entender.
* pequenos exemplos: se você não sabe falar o th direito, provavelmente vai falar com o som de f, t ou até mesmo s, como já ouvi algumas pessoas falando assim. Se você fala th com som de f, a palavra three (três) para um americano vai soar free (livre, grátis). Se você fala o th com som de t, o seu three (três) vai soar como tree (árvore), e se você fala th com som de s, o seu thinking (pensando) vai virar sinking (afundando).
Se você fala os erres muito fortes, como o som na palavra rato, ao invés do som de r da palavra amora, o seu rabbit (coelho) vai soar como habit (hábito). E vai ficar todo mundo te olhando com uma cara de não entendi nada…
E muito, muito cuidado com as palavras inglesas que usamos corriqueiramente no Brasil. Essas são as piores armadilhas, porque no dia-a-dia falamos de uma maneira aportuguesada, e na hora de falar com um gringo você pensa “ah, essa palavra é em inglês mesmo” e acaba não percebendo que está pronunciando de forma completamente errada. Fora as inúmeras palavras que a gente fala em inglês no Brasil e que aqui não correspondem: não existe no-break para computador nos EUA, o nome do dito cujo é ups, não existe uma roupa chamada smoking por aqui, o nome certo deste traje elegante é tuxedo; se você perguntar onde fica o shopping vão te olhar torto, porque aqui o shopping se chama mall.
Livros de pronúncia pra quem quer estudar:
Mastering the American Accent
English Pronunciation Made Simple (with 2 Audio CDs) (2nd Edition)
Melissa says
Oi Lu! Seu blog tá muito legal!
Esse negócio de pronúncia é um probelma! Realmente são poucos os professores que se preocupam com isso, eu lembro que no final do meu curso na Cultura, eles ensinaram todas essas regras de como pronunciar ed, th… e tínhamos que transcrever as palavras em fonemas também, foi muito útil mesmo. Mas foi uma única vez, no máximo em umas 2 aulas, num curso que durou uns 7 anos!!!
Renée says
Concordo, eu fiz ccaa e não me ajudou em nada, aprendi + inglês ouvindo música do que lá.
Mel says
Oi Lú,
Estava estudando inglês em uma escola -aqui em SP – muito legal chamada Welsys. É uma escola pequena que desenvolve um trabalho individual e dirigido e que, pelo menos no meu caso, trouxe resultados concretos (tmb em pronúncia). A Sheron (a minha professora) xerocou para mim um livro de pronúncia chamado Sheep or Ship e copiou tmb o cassete. Muito legal. Fica a dica galera. Não sei se existe este livro aqui no BR, mas sei que é um livro adotado em muitas escolas de idiomas na Inglaterra.
Um grande beijo Lú!
Mel
Luciana Bordallo Misura says
Maira, a Amazon tem o livro por 25,50 doletas. Bem carinho por causa do cambio…eu nao posso nem escanear e mandar, porque aqui os lugares que tiram copia nao deixam vc copiar livro.
Tenta achar em alguma biblioteca de curso de ingles…
Lu
Luciana Bordallo Misura says
oi Jackie, eu conheco o Brasas, minha melhor amiga da aula la, mas eles nao tem aulas especificas de pronuncia, que e diferente de corrigir durante a aula. O meu ponto e que nenhum curso se presta a realmente ensinar como se pronunciam os fonemas. Eu tive aula aqui que passamos quase que as 3h inteiras so para aprender a falar o ed no final dos verbos no passado corretamente, e todas as regras para isso. A professora ensinava a posicao correta da lingua e dos dentes, os alunos usavam espelhos para ver se estavam fazendo do jeito certo. Isso e uma aula de pronuncia de verdade, corrigir a forma de falar uma palavra ou outra e o minimo que os cursos de ingles fazem.
Luciana
Jackie says
O curso BRASAS no Rio, onde eu fui aluna e posteriormente lecionei, ensina sim, a pronúncia correta.
Eles enfatizam justamente essa parte, da fala e conversação.
Parabéns pelo seu blog )
Rosi Vizentim says
Oi Luciana, li os comentários mas gostaria de dizer que no primeiro periodo da universidade (estudo Letras Ingles na Universidade de Sorocaba/Brasil) tivemos a matéria de fonética e fonologia que ensina exatamente isso, corrigir a pronúncia. Uma dica muito legal é consultar um dicionário que apresenta na frente de cada palavra a transcrição fonética inclusive com a pronuncia britanica e americana.
Uma outra dica é olhar também no dicionário a tabela de pronuncia do inglês separadas por vogal e consoante explicando seus símbolos(normalmente vem na contra capa)
Algumas universidades de Letras hoje tem como objetivo preparar melhor seus professores , e isso é muito bom para todos.
UM beijo, Rosi
Fabiana says
Na minha faculdade eu também tive aula de fonétice e fonologia. Seis meses totalmente direcionados para aprender a falar e a transcrever as palavras. Eu estudo na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) – ou Fundão, como muita gente conhece.
A palavra que causou mais assombro em todos foi “tongue”. A minha professora passou de um a um para ver se todos estavam falando corretamente. “Purpose” é outra palavra que ela checou de um a um. O problema é que um período depois, muita gente da minha turma continuava falando essas duas palavras da forma errada, e não se preocupavam em corrigir. Logo os alunos que serão futuros professores da língua inglesa.
Acho que talvez seja por isso que os cursinhos de inglês não invistam tanto nesse ponto. Eu nunca fiz curso de inglês. Aprendi traduzindo música, prestando atenção nas lengendas dos filmes e no que os atores estavam falando. Anotava tudo quando ouvia algo diferente. E muitas pessoas da minha sala que fizeram curso de inglês têm a pronuncia muito inferior a minha.
Viu? Mais um ponto para a UFRJ.
hahaha
Parabéns pelo site, e pela regularidade com que você escreve!
Maira says
Hey Lu, será que encontro esse livro aqui no Brasil? Fiquei super interessada… realmente pronúncia é um negócio que pega nos nossos cursos aqui. E como disse a Melissa, realmente não adianta querer ensinar a pronuncia no fim do curso.
Hidson Ronaldo says
Eu já terminei o inglês…atualmente estudo francês em um curso aqui da universidade, mesmo, um curso montado pelos estudantes de Ciências Sociais…O curso é bem barato, a preço de custo, e as aulas são pra valer, não têm a enrolação da maioria dos cursos comerciais que, além de não ensinar pronúncia, ficam enrolando com a gramática para você passar o maior tempo possível lá…
Um dia, dei uma olhada rápida numa sala de aula de inglês, nível I (básico), e qual não foi a minha surpresa em ver um cartaz com as vogais inglesas e seus símbolos no alfabeto fonético internacional!!! É bom ver que as coisas estão mudando…
Diana says
Oi Luciana, tudo bem?
Meu nome é Diana, pra falar a verdade comecei a abrir meus olhos para os estudos agora com 28 anos,casei-me aos 16, tenho 2 filhos e depois de 10 anos de casada , fiz um suplêtivo, terminei o ensino médio, arranjei um emprego, e estou atualmente no primeiro semestre de Letras.
Daí você me pergunta o quê eu tenho com isso? é colega nossas experiências de vida são bem diferentes, mas de uma coisa eu tenho certeza que a força de vontade é o combustível, e vejo esta força em suas palavras. Um Abraço.Di.
Ernesto says
Oi Luciana,
Tudo bem contigo?
Achei seu blog e, está muito interessante todas as dicas que vc passa.
Sempre estarei vendo se tem alguma novidades..
Te cuida bastante.
Beijos
Ernesto
Professor Wagner Indalécio says
Luciana, é muito bom ouvir o seu depoimento. Sou professor de inglês em escola estadual e, em meu curso, ensino aos alunos como pronunciar os fonemas; a como se utilizar de softwares que fazem leitura de textos em inglês britânico e americano, aproveitando para ressaltar algumas diferenças entre ambos, a pesquisar sobre gramática, vocabulário e cultura, por enquanto, americana, mas futuramente também a britânica, a canadense e a australiana. Uso todos os recursos possíveis para que os alunos se sintam à vontade para aprender a língua inglesa. Tenho um site, que fiz para atender às necessidades de meus alunos. Convido você e os interessados a visitar o site e gostaria de adicionar o seu blog a ele, com intuito de incentivo às minhas aulas. Posso?
Lídice says
Oi Lu, então meu professor era realmente um bom profissional, mais do que eu já o considerava, pois nos atentava sempre para todas essas diferenças de pronúncia que vc comentou. E olha que era aqueles cursinhos tradicionais mesmo, estilo franquia… Engraçado, até os exemplos eram semelhantes, tem a palavra pendrive também aportuguesada, que segundo ele aí é outro nome! Só que não me lembro mais! kkk
Luciana Misura says
Que sorte você teve de pegar um professor bom assim! Mas pen drive é pen drive mesmo, pode ser chamado de flash drive também, mas é normal falar pen drive aqui sim.
Simone says
Muito legal seu blog.
Indica algum material para crianças de 6 anos já alfabetizada em português?
Obrigada.