Ligamos pro consulado americano em Tóquio às 8h30 da manhã, conforme eles tinham nos instruído. A telefonista insistia em transferir a ligação para a seção de vistos assim que ela ouvia a palavra greencard, sem ouvir o resto da história. Falei pro Gabe ligar dizendo que perdeu o seu passaporte pra cair em alguma pessoa mais inteligente. Ele deixou recado e algum tempo depois uma pessoa ligou e falou pra gente ir até lá que eles queriam ver o meu greencard e passaporte pra resolver se eu precisaria de uma nova carta ou não. Parecia simples, arrumamos as malas e fomos embora, planejando ir pro aeroporto direto do consulado.
Eram 9h30 da manhã, tínhamos que pegar o trem de 12h pro aeroporto pra chegar lá 13h pro check-in (nosso vôo era às 15h15 e o próximo trem só chegaria no aeroporto às 14h, ou seja, super em cima). Explicamos a situação para a mocinha da triagem, uma japonesa que falava inglês super bem e levou as informações direto pro pessoal lá dentro, pediu pra gente sentar que iam chamar meu nome logo e não precisávamos pegar senha. 20 minutos e nada. Às 10h30 meu nome foi chamado e o cara do consulado me diz que não pode fazer nada pra me ajudar porque o meu greencard está vencido e ele precisa da carta da imigração pra ter certeza que ainda é válido (!!!). Ora, se eu tivesse a carta eu não estaria ali em primeiro lugar! Expliquei a situação e ele me disse que a companhia aérea não me deixaria embarcar somente com o greencard expirado e que pra ele saber se eu ainda era imigrante legal ele precisava mandar um papel pro consulado em Seul, Coréia do Sul, porque eles estavam conectados com a Imigração e o consulado no Japão não. Pra isso ele precisaria de 2 dias (!!!!) e a módica taxa de quase 200 dólares. Falei que não, que se fosse assim era mais fácil eu ir e voltar de Takayama e que eles não estavam ajudando. Ele nos dispensou e deu o caso como encerrado.
Voltei até a mocinha da triagem e falei que queria falar com algum superior do carinha que nos atendeu, que o consulado não estava ajudando, etc. Ela voltou lá dentro e nos disse que nos chamariam novamente. Às 11h nos chamaram novamente, pra repetir a mesma história idiota. Falei pro cara que eu só precisava de uma carta do consulado pra embarcar, porque assim que eu chegasse nos EUA a Imigração aqui ia ver no computador que estava tudo OK através do meu número do greencard. Ele disse que não podia fazer isso porque “não tinha como saber se eu tinha mesmo renovado o greencard ou não”. Nem adiantou eu argumentar dizendo que por que eu iria entrar num avião se eu não tivesse renovado, pra ser presa e deportada quando chegasse nos EUA. Sinceramente não sei por que eles falaram pra gente ir até lá, se não podiam fazer nada desde o começo. Finalmente tivemos a idéia (e não sei porque não pensamos nisso antes) de ligar pro hotel em Takayama e pedir pra eles passarem a carta por fax pro consulado.
O cara concordou em dar o número de fax do consulado mas falou que não podíamos ligar de lá pro hotel, que tínhamos que “achar um telefone público” pra isso. Já era meio-dia e estávamos arrancando os cabelos. Gabe achou um telefone de moedas dentro do consulado mesmo (o cara do consulado não mencionou que tinha um ali dentro) e tentava explicar pro pessoal do hotel (que no turno daquela hora não tinha ninguém que falasse inglês) que eles tinham que mandar a carta por fax. Com a ajuda da mocinha da triagem, ela no telefone traduzindo o que a gente falava do inglês pro japonês, conseguimos descrever a carta pro pessoal do hotel e eles mandaram pro consulado. Os babacas receberam a carta e falaram “ah tá, com essa carta você pode embarcar”. Como se eu precisasse deles pra saber disso, que raiva.
A mocinha do consulado falou pra gente correr pra estação e pegar o trem de uma hora pra chegar lá às 14h, e se ofereceu pra ligar pra companhia aérea pra avisar que chegaríamos atrasados pro check-in. Ela pegou o número do aeroporto na internet mas o número estava errado, então saímos de lá correndo sem saber o que ia acontecer. Agradecemos muito a ajuda dela, que foi a única que realmente nos ajudou ali.
Pegamos o trem de uma hora e encontramos com uma japonesa que mora nos EUA e que também estava no consulado com a gente. Ela tinha perdido o greencard no dia anterior e foi no consulado pegar uma carta similar a minha. Ela simplesmente falou que perdeu o greencard, eles olharam o passaporte dela, viram um carimbo que ela tinha entrado nos EUA em agosto do ano passado como residente e deram a carta pra ela!!!!!! E eu que tenho o mesmo carimbo no meu passaporte, eles não queriam ajudar. Se eu soubesse teria falado que tinha perdido o greencard e pronto, não tinha passado metade do estresse.
Chegamos no aeroporto 14h e fomos correndo que nem loucos pro check-in, subindo 5 andares de escadas rolantes com as malas. Ao chegarmos, a atendente que estava checando passaportes pediu pra ver a confirmação de reserva e não tínhamos, porque estava no envelope, mas como era e-ticket era só colocar o nosso nome no terminal self-service pra imprimir o ticket na hora. Ela disse que teria que pegar nossos passaportes por questões de segurança pra checar se a gente tinha reserva mesmo (!!!), isso com as meninas do check-in nos chamando porque o check-in ia fechar. Gabe levou as malas pro balcão e eu fui correndo atrás da mulher com os passaportes. Finalmente ela devolveu nossos passaportes e pegamos os tickets, e a menina nos fala que o vôo estava overbooked e não sabia se teria um assento sobrando pra um de nós, que a gente tinha que ir até o gate 15 imediatamente porque o embarque já tinha começado pra esperar por um assento vago.
Lá fomos nós correndo novamente, chegamos esbaforidos no portão de embarque e demos os nossos tickets pra atendente. Ela vai até o outro balcão calmamente e volta sorrindo com dois passes de embarque: “vocês dois receberam um upgrade para business class”!!!!!! Voamos felizes e contentes na business class de Tóquio para Portland, onde pegamos a conexão para Seattle.
Chegando na imigração aqui nos EUA, eles confirmaram que estava tudo certinho e quiseram saber o que tinha acontecido com a minha carta original. Expliquei a história novamente e ele carimbou meu passaporte “Welcome back home”. Ufa!
Agora ainda estamos resolvendo como vamos fazer pra recuperar a carta original, que ainda está com o hotel em Takayama.
Todos os posts da viagem:
1o dia: Konnichiwa (boa tarde / bom dia)! (Tóquio)
2o dia: Adolescentes, cerejeiras e o guarda-chuva de 250 dólares (Tóquio)
3o dia: Segure o seu chapéu, jornal, picnic… (Tóquio)
4o dia: Isso é Tóquio
5o dia: Muita chuva em Tóquio
6o dia: It’s a small world after all (Disney Tóquio)
7o dia: Nikko, os italianos e os bêbados
8o dia: A caminho de Kyoto | Sayonara Tóquio!
9o dia: Kyoto, cidade das geishas
10o dia: Miyako Odori, uma tradição deslumbrante (Kyoto)
11o dia: Templos até debaixo d’água (da chuva) (Kyoto/Inaue)
12o dia: Nara e seus 1300 anos de história
13o dia: O castelo samurai de Himeji
14o dia: Takayama Matsuri, festival de primavera (mas que frio!) (Takayama)
15o dia: Shirakawa-go, uma vila que parou no tempo
16o dia: Takayama e muita confusão
17o dia: O final da saga
rosilande says
Minha nossa que confusão! Ainda bem que tudo se resolveu.
Marcia Aguiar says
Ufa! Fiquei até cansada só de ler! Que bom que no final foram recompesados e vieram de Business. Um presentão!
Welcome back!
Liesl, no trampo says
Lu, fiquei exausta soh de ler…. E, olha, qdo vim do BR eu tinha a tal carta tb, e NEM ME PEDIRAM! Passaram meu CG que nem cartao de credito e me deixaram passar.
Depois volto pra ler o resto. Bjus