Essa matéria da CNN sobre o racismo nos EUA é interessante. Perguntados se eles se consideram racistas, 86% dos brancos disseram que não. Mas perguntados se eles aceitam casamentos interraciais, apenas 69% dos brancos disse que sim. Por que será…
O outro lado da moeda: já mencionei muitas vezes que aqui nos EUA tem muitos negros que são tão racistas quanto os brancos, e vários negros concordam com essa afirmação. Ao serem perguntados (negros) se concordam que a maioria dos negros não gosta de brancos, 33% disseram que sim, acham que é verdade.
E como a Maria uma vez comentou que acontece na Suécia com imigrantes, aqui o problema acontece também com brancos e negros: candidatos a emprego com nomes tradicionalmente brancos recebem mais ligações de empregadores do que candidatos com nomes comumente de negros, embora tenham a mesma qualificação profissional.
Sempre me impressiono como no Brasil eu convivia com muito mais negros do que aqui nos EUA. Não tinha a separação entre as raças que tem aqui, que dependendo da cidade onde você mora praticamente não vê negros. Não faço a menor idéia de como eles vão resolver essa situação, porque é tudo uma conseqüência da política segregacionista de décadas atrás. E como colegas de trabalho com filhos já comentaram, quando as crianças são pequenas na escola elas brincam juntas, mas quando se tornam adolescentes a história muda. Uma vizinha da minha sogra que mora perto de Detroit fala que a filha dela está super sozinha na escola porque ela é uma das poucas brancas, e as antigas coleguinhas negras agora não querem mais andar com ela.
As escolas da cidade de Seattle estavam querendo remanejar estudantes de acordo com o grupo étnico, para evitar que algumas escolas tivessem grande concentração de um grupo só, para evitar esse problema. Só que várias famílias já entraram na justiça para dizer que isso é inconstitucional, que eles tem que ter o direito de escolher a escola para onde os filhos vão e o governo não pode determinar isso. Difícil.
Parece que tem cada vez mais leis para assegurar a integração e ao mesmo tempo que os grupos estão mais separados.
Adriana says
Vocejá leu o livro “FreakEconomics”?
Acho que vc vai gostar. O livro é pequeno, com “contos” escritos por um grupo de economistas americanos e que fala sobre como a Economia afeta o dia a dia das pessoas (sobretudo americanos). Enfim, o livro é MUITO interessante, e tem um capitulo inteirinho quefala sobre essa questao dos nomes “tipicamente” negros e daquestao da separacao raciasl nas escolas.
Acho que vale a penaa dica!
Bjs
Adri
Mary says
Que interessante, Lu. Sabia que os americanos são difíceis no que diz respeito à integração. Mas tenho a impressão que o mercado de trabalho daí é mais dinâmico do que o daqui e, talvez por isso, não dê para ser tão discriminatório… Uma amiga minha mora nso EUA há mais de dez anos, é casada com um americano e tem um filhinho americaníssimo. Outro dia estávamos conversando, eu dizendo que estava feliz por ter feito amizades com suecas e ela me disse: “É, aqui é diferente”. Só pra você ter uma idéia, ela só tem amigos estrangeiros. Isso porque eles se mudaram de Michigan para a Califórnia há alguns anos (ela não aguentou o frio) e tanto ela quanto o marido não conhecem muita gente. Os amigos dos dois são japoneses e suas famílias, mexicanos, europeus. Acho isso complicado… Mas apesar de ser latina (com nome bem latino) ela nunca ficou sem trabalho.
Keila says
Descobri seu blog hj. Estou passando 10 meses na NC e convivo no meio acadêmico. Só tenho alguma amizade com americanos e todos legais. Claro que tem um povo esquisito que não cumprimenta. Quanto aos negros, já havia notado isto em outros estados da costa leste que conheço e é nojento o racismo bilateral neste país. Como cheguei somente há um mês e pouco, tenho andado a pé pela vizinhança. Descobri um “conjunto” onde só moram negros. Geralmente eles são bem mais pobres. Nunca vi neste país um grupo de amigos em que existam brancos e negros. Sou morena, nordestina e costumo falar para eles (todos brancos) que sou o retrato da mistura de raças no Brasil: branco, negro e índio. Nós também temos gente racista, mas graças a Deus não são tantos como aqui. Até chego a achar que os negros odeiam mais os brancos que o contrário, embora seja mais fácil a vida do branco.
Parabéns pelo trabalho no blog. Legal mesmo.
Ivonete Campos says
Oi Luciana
Passeando pelo mundo virtual, encontrei seu blog, achei você uma simpatia de pessoa.
Que bom ver seu entusiamo e lutando com tanta garra.
Abraços de Curitiba/PR
Lídice says
Oi Luciana, eu estou precisando me controlar, pois tudo que leio aqui é interessante e eu fico querendo comentar sempre! kkk Parabéns mais uma vez, você é ótima no que faz.
Bem… Não era novidade para mim esse lance por aí de brancos e negros não se misturarem e haver preconceito de ambas as partes. Mas o que fiquei surpresa mesmo foi com o fato de ter nomes tradicionalmente brancos e tradicionalmente negros. Surpresa, mas de certo modo é uma consequência óbvia, uma vez que as raças não se misturam né?! Depois de quase oito anos que você escreveu este post, a minha primeira pergunta é: alguma coisa mudou??? Eu espero que sim. Acompanho bastante a mídia por aí, e pelo menos nesta área parece ser bem diversificado. Mas uma coisa é o que mostram nas telonas e telinhas, outra é o que acontece no dia-a-dia do cidadão comum. Agora também vocês tem um presidente negro, isso deve ter ajudado de alguma maneira a melhorar o cenário, não?!
Como você também falou no lance dos nomes brancos receberem mais ligações de empregadores; surgiu-me outra dúvida sobre o mercado de trabalho aí. No Brasil como você bem deve saber, não existe isto de nome de negro e nome de branco, então não há como filtrar nada nesse aspecto, mas uma prática aqui que eu considero preconceituosa é o uso e exigência de fotos em currículo vitae, uma vez que o profissional não deve ser julgado por seu físico e sim por sua competência. É claro que aparência conta, é nosso cartão de visitas, mas o interesse do empregador no CV não deve ser na foto e sim nas experiências. Acho uma sacanagem! A pergunta é: sabe me dizer se essa prática de por/ou exigir foto em currículo existe por aí??? Desculpe o tamanho do texto e as muitas perguntas, sou bem curiosa!!! rs
Luciana Misura says
Pode comentar o quanto quiser Lídice, obrigada! 🙂 Não acho que mudou nada na integração não, mas aqui em Austin tem pouquíssimos negros então é difícil saber. Sobre o currículo, aqui não pode foto nem informação pessoal como estado civil, idade, filhos, nada disso.