Acordamos cedo no nosso primeiro dia na cidade, depois de uma noite péssima no quarto barulhento (depois vou contar o problema com o hotel). Estava um dia lindo de sol e céu azul. Nos arrumamos rapidinho, pegamos um café-da-manhã para viagem no restaurante Rib Room no primeiro piso do hotel e levamos para o micro-ônibus do tour que nos levaria para um passeio pelas plantations de New Orleans. As plantations são fazendas históricas de açúcar que eram movidas a mão-de-obra escrava antes da guerra civil. Fizemos o tour pela empresa Old River Road Tours. O motorista-guia era um senhor simpático que ia falando da história da cidade enquanto parava nos demais hotéis pegando o resto dos passageiros do tour. Pegamos uma das muitas estradas suspensas (o pântano embaixo), cruzamos o rio Mississipi e daí a estrada antiga (Old River Road) que liga New Orleans a Baton Rouge (capital do estado) e que era a estrada das fazendas: literalmente centenas de fazendas de açúcar e algodão dominavam a área nos idos de 1800.
Poucas fazendas foram preservadas, e nesse tour visitamos duas bem distintas: Oak Alley Plantation e Laura Plantation. A Oak Alley foi construída em estilo neoclássico, que era a moda na época (1830s) entre as famílias ricas locais. A Laura Plantation é em estilo creole, foi construída em 1805. Creoles eram os descendentes dos franceses e espanhóis que habitavam New Orleans muito antes da compra dessa área pelos EUA. Essas fazendas de açúcar onde o trabalho escravo era usado são chamadas de antebellum farms, que significa “antes da guerra”, no caso a guerra de secessão, vencida pelo norte dos EUA e que libertou os escravos.
A Oak Alley Plantation impressiona pelos carvalhos (oaks) de 300 anos que formam um “caminho” (alley) entre a casa e o rio Mississipi. Quando a fazenda foi comprada e a casa construída, esses carvalhos já tinham nada menos que 100 anos de idade. A casa é bem bacana mas infelizmente eles não permitem fotos lá dentro (tirei uma na sala de estar sem saber, antes deles avisarem). A nossa guia foi explicando a história da fazenda, dos donos, da casa, e dos futuros donos que criaram uma fundação para manter a fazenda aberta a visitas depois que eles morreram. Os móveis e objetos não são originais (tem 1 ou 2 móveis originais), mas a decoração é de época e os costumes que a guia ia explicando eram bem interessantes, como o “abanador” em cima da mesa de jantar, que era operado por um escravo por horas a fio, a prataria que era posta à mesa de forma invertida pra mostrar o brasão da família gravado atrás, gelo era comprado e colocado em cima da mesa pra refrescar os hóspedes e uma armadilha de vidro que ficava na mesa de jantar para capturar insetos (afinal, essa região é de pântano e super quente no verão). O tour levou uma hora, e tivemos pouco tempo pra andar pelos jardins, infelizmente (por isso não gosto de tours!).
Da Oak Alley fomos para a Laura plantation, de estilo creole, completamente diferente. Além da casa principal, 6 casas de escravos ainda estão de pé, e outras estruturas da fazenda em diversos estados de conservação podem ser vistas pelo terreno. Assim como a Oak Alley os móveis e a decoração são de época mas não são os originais. Interessante que a família creole dessa fazenda era dominada pelas mulheres, e a fazenda passava para o filho que fosse mais competente, independente de ser homem ou mulher. No caso dessa família, foram 3 gerações de mulheres que gerenciaram a plantação – a lei dos creoles dava as mulheres os mesmos direitos de propriedade que os homens, diferente das famílias de origem anglo-saxã, onde o filho homem mais velho era automaticamente o herdeiro do negócio. A senhora chamada Laura que dá o nome a fazenda viveu até seus 101 anos e seus diários foram publicados em um livro: Memories of the Old Plantation Home: A Creole Family Album. Na verdade ela nunca chegou a gerenciar a fazenda, pois decidiu adotar o estilo americano de vida – casou com um americano e foi morar no norte dos EUA, traumatizada pela brutalidade da vida na fazenda e o tratamento dos escravos.
Outras plantations interessantes ficam nessa região, mas não faziam parte do nosso tour, o pessoal no nosso ônibus mencionou duas: Evergreen (que vocês podem ver na primeira foto mas a gente não entrou) e Nottoway. Depois do tour na Laura plantation, o guia nos deixou num restaurante (ruim, ruim) e de lá uma van nos pegou pro passeio no pântano, com a Cajun Pride tour.
Felizmente a temperatura estava agradável e não estava ventando pro passeio no barco, infelizmente nessa época do ano os jacarés estão hibernando e só vimos um, que por sinal só estava na beira do rio porque tinha morrido alguns dias antes. Não tinha mais ninguém no barco então foi um passeio particular, fomos fazendo perguntas sobre o lugar e o guia ia mostrando os pássaros e árvores típicos, foi bem bacana mesmo sem os jacarés. No final, pra nossa surpresa, ele tinha um filhote de um ano e meio com ele, que vocês vêem nas fotos. Ele cuida de 4 filhotes de diferentes idades pra mostrar pros turistas, e quando eles ficam maiores, voltam pro pântano. Ele contou das vezes que foi mordido por filhotes e por um jacaré adulto, durante um tour, enquanto estava jogando comida pra eles (o jacaré levou um pedaço do dedo, o que ele disse que foi a maior sorte, podia ter sido a mão inteira). Uma senhora simpática foi a nossa motorista da van de volta pro French Quarter, nos contando dos bichos dos pântanos, história da cidade e do carnaval local, o Mardi Gras.
Uma curiosidade é esse gatinho da última foto com a Julia e o Gabe, ele é o gatinho desse famoso vídeo aqui:
Chegamos no hotel lá pelas 5 PM e pedimos novamente pra mudar de quarto, eles negaram e passei a próxima hora no telefone com o Priceline, até finalmente discutir com o gerente do hotel a situação e fazer com que eles concordassem da gente fazer o check out naquele momento. Arrumamos as nossas coisas e saímos de mala e cuia pela rua procurando um restaurante pra poder sentar e ligar pra outros hotéis com calma. Fomos pro Palace Café na Canal Street e depois de uma pesquisa rápida por alguns sites acabei ligando pra Marriott e reservando um hotel usando os nossos pontos, o Courtyard ali pertinho.
Enquanto a gente estava no Palace Café resolvendo a confusão, a Patrícia e o Stefan, que estavam visitando a cidade também, foram até lá encontrar com a gente. A Patrícia mora em Houston atualmente e lia o blog há anos, e quando vimos que a gente estava indo pra New Orleans ao mesmo tempo, trocamos telefones. Eles são super simpáticos e Julia adorou conhecer os tios! A comida estava boa mas eu estava ainda estressada com a história do hotel e nem comi direito. Tomei um Hurricane, que é o famoso drink local. A Patrícia e o Stefan acabaram nos ajudando a levar as coisas pro novo hotel, e ficaram esperando com a gente enquanto trocávamos o Courtyard pelo J.W. Marriott na outra esquina, porque o Courtyard não tinha um quarto que coubesse uma cama extra pra Julia. E lá fomos nós pro J.W. Marriott, que fica na Canal Street mesmo, é ótimo e por lá finalmente ficamos, ufa! Fomos dormir exaustos, e combinamos de encontrar a Patrícia e o Stefan no dia seguinte, no French Quarter. Amanhã é dia de ver a parte mais antiga e famosa da cidade, espero que a chuva prevista não apareça.
Relato dia-a-dia:
1o dia: A New Orleans das fazendas e pântanos
2o dia: A New Orleans do French Quarter e do Jazz
3o dia: A New Orleans do Mardi Gras
New Orleans: Resumo de viagem
Pronto para fazer suas reservas?
Reserve comigo pela parceria do blog com o Booking.com: veja todos os hotéis em Nova Orleans.
Se precisar de seguro viagem e saúde, o parceiro WorldNomads tem a cobertura mais alta que eu já vi nos EUA.
Se for alugar carro, somos parceiros do Rentalcars.com, que é do mesmo grupo de empresas do Booking.com e tem os melhores preços.
Para passeios em New Orleans, muitos incluindo transporte, tours, shows e afins, o parceiro Viator tem centenas de opções.
Para comprar um chip de celular nos EUA que liga para o Brasil, veja nossa experiência com a Travel Mobile.
Agora eu sou agente de viagens e posso reservar a sua viagem, dá uma olhada!
Se tiver alguma pergunta, é só entrar em contato comigo. Muito obrigada!
Uelyn - Blog MalaPronta.com says
Olá,
Adorei seu post, principalmente as fotos estão lindíssimas.
Parabéns pelo seu blog os relatos de suas viagens são incríveis.
Abreços
Uelyn
Luciana Misura says
Obrigada Uelyn! Eu demoro pra escrever mas tento fazer tudo bonitinho 🙂
Marcia Aguiar says
Adorei as fotos com o filhote de crocodilo! Na foto com o Gabe, ele parece estar sorrindo. 😉
Esse gatinho é danado, não é mesmo? Põe os crocodilos pra correr! hahaha!
Luciana Misura says
Marcia, parece mesmo que o jacarezinho esta sorrindo, haha! Esse gatinho e um arraso. O guia estava falando que ele e o unico gato que se mete com os jacares, os outros (tem um monte, mais de 10) nao chegam nem perto do rio…
Liege says
A Julia ta linda demais de oculos e bocao. Nao eh a toa que a Tia Marissa vivia falando dela 🙂
Luciana Misura says
Liege, obrigada 🙂 Ela e uma figurinha roubando o meu oculos!
Mirella says
Ai que delícia… essa viageme stá na minha listinha!
Nem sei mais quando ela vai acontecer, mas vou curtir um pouquinho dela com você 🙂
bjs
Luciana Misura says
Mirella, nao acredito que voce nunca foi a New Orleans! Putz, voces tem que ir, vao adorar!
Dri says
Estou adorando os relatos da viagem! Antes de eu começar a fazer as perguntas todas, vou esperar a série chegar ao final e principalmente o mapinha do google, que é uma super mão na roda. Adoro qdo vc disponibiliza ele!!
A Julia está mesmo linda, especialmente na foto com os óculos enormes…
Luciana Misura says
Dri, obrigada, acabei de publicar o segundo dia, da uma olhada 🙂
Arthur says
Muito bom, a cidade é linda, e espero que se recupere totalmente da tragédia de 2005, a filhota é muito fofa e o gatinho é o mais macho do mundo!!!
Abs!
Luciana Misura says
Obrigada Arthur! Pelo menos a parte que eu vi, estava sem nenhum vestigio do Katrina!
Soraia says
Luciana, eu vim olhar suas dicas sobre New Orleans..estou indo semana que vem de carro. E como sempre, seu blog super completo nas informacoes, ajuda muuuuito! Obrigada!!
Soraia says
Oi Luciana, estamos aqui eu e meu filho em New Orleans desde domingo e seguindo suas dicas de passeio. Amanha visitaremos fazendas e pantanos. Parabens e Obrigada pelo super blog q vc tem! Beijos
Thyl Guerra says
Oi Luciana, estou adorando todas as suas dicas de New Orleans, já devorei tudo. Estou pensando em mudar todos os meus planos para a próxima viagem e em seguir para o Sul dos EUA, chegando até New Orleans. Fiquei interessada em fazer o passeio pelas Plantation e pelo pântano, mas vamos no inverno, então não quero fechar com nunhuma empresa e, como vamos estar de carro, deixar para fazermos por conta própria de acordo com a possibilidade de clima e do nosso tempo. Acha necessário fazer os passeio com agência de turismo, ou acha que dá pra fazer por conta própria? Entrei nos sites das plantantions e do tour pelo pântano e vi que fica mais barato tb. Outra dúvida, talvez tenhamos tempo para apenas uma plantantion, se tivesse que optar por uma, qual vc sugeriria, a Laura ou a Oak Alley? Muito Obrigada! Como sempre, seus posts me ajudando nos planejamentos das viagens com as crianças!! 🙂 Bjs
Luciana Misura says
Oi Thyl! Adooooro New Orleans, recomendo muito! Não precisa fazer com agência não, dá pra fazer de carro por conta própria tranquilamente. A gente só fez com agência porque não alugamos carro. Eu iria à Oak Alley, que é mais impressionante, se tivesse que escolher somente uma. E o pântano é aquela coisa que a gente (não) viu: os jacarés hibernam no inverno e você só vai ver mesmo o jacaré filhote que ele levar, então só vá se for pela paisagem, não espere ver os jacarés. Beijos!
Thyl Guerra says
Muito Obrigada!!! Bjs
Lorenna says
Estou adorando os posts, vou pra New Orleans com uma criança de 4 anos e estou me inspirando! Uma pergunta: Quanto tempo levariamos para ir apenas à Oak Plantation de carro? Temos o carro ainda na primeira manhã em Nola, será que dava tempo de ir e voltar pra devolver até 13h? Obrigada
Luis says
Luciana, alguma destas operadoras oferecem guia que fala português ou espanhol? Parabéns pelo blog, é ótimo.
Luciana Misura says
Não sei te dizer Luis, não lembro de ter visto nenhuma mas também não procurei.