Desde que a Julia nasceu eu já falava pra minha mãe que ia ensiná-la a cozinhar. Uma das coisas que me incomodava na minha criação de brasileira classe média com empregada em casa a vida toda era o fato de eu só ter aprendido a cozinhar depois que fui morar sozinha. Muita gente acaba nunca aprendendo porque quando sai de casa acaba tendo uma empregada pra cozinhar também. No meu caso não foi nem por falta de interesse, me lembro de ser uma adolescente curiosa, que ia pra cozinha ver o que a empregada estava fazendo e pedia pra ela me ensinar, mas fui enxotada todas as vezes, pra não “atrapalhar o serviço”. A empregada lá de casa (por muitos anos) era uma ótima cozinheira mas não tinha paciência nenhuma pra perder o seu tempo ensinando crianças a cozinhar (e claro, isso nem era obrigação dela, que obviamente não queria ter que trabalhar até mais tarde porque gastou seu tempo ensinando os filhos da patroa). Minha mãe sabia o básico e depois que se aposentou é que passou a cozinhar diariamente, mas aí eu já tinha saído de casa.
Aqui em casa a gente cozinha praticamente todos os dias, tanto eu quanto o Gabe. Quando um não pode o outro cozinha. Eu cozinho mais, mas ele já aprendeu a fazer todas as minhas receitas e se eu estou ocupada ele assume automaticamente a tarefa. Com a minha mãe aqui eu e ela cozinhamos juntas, ela adianta alguma receita pra mim cortando o que precisa e tal, e eu finalizo (ou o Gabe). A Julia sempre demonstrou interesse em ajudar, e a gente deixa ela fazer bastante coisa (desde que não envolva facas ou fogo). Ela diz que “gosta de cozinhar” e volta e meia aparece na hora que estamos fazendo o jantar pedindo pra ajudar. Ela sempre ajuda o Gabe com as panquecas do café-da-manhã de domingo, com os hambúrgueres do churrasco americano, com as almôndegas de carne para o espaguete, com muffins, bolos e cookies, principalmente quando é bolo de chocolate para lamber a massa crua depois 😉 A gente faz tudo pra incentivar. E vamos levar o Eric pelo mesmo caminho.
Vale dizer que acho fundamental ensinar tanto meninas quanto meninos a cozinhar, quero que os dois saiam de casa sabendo se virar na cozinha, sem ter que depender de ninguém pra comer direito. Numa época em que a obesidade é epidemia, que todo mundo vive na correria e apela pra fast food mais do que deveria, saber cozinhar acaba sendo uma linha de defesa para a própria saúde. Até porque quem sabe cozinhar fica mais exigente com a comida que come, então mesmo que você não faça acaba comprando uma comida pronta melhor. Nos últimos anos está rolando um revival e muita gente tem se interessado em aprender, um monte de blogs sobre culinária estão aí que não me deixam mentir, o que é ótimo; mas acredito que se a gente não preparar as crianças desde cedo pra isso (como as nossas avós eram ensinadas desde cedo), na hora que elas estiverem estressadas com faculdade, trabalho e a correria da vida moderna, não vão ter motivação pra gastar tempo cozinhando. Somente se isso já for natural, incorporado ao seu dia-a-dia, que eu acho que esses jovens do futuro vão ter ânimo de pegar uma panela e ir pro fogão ao invés de pegar o telefone pra ligar pra um restaurante.
Pergunto aos leitores aqui do blog que tem filhos, você se preocupa em ensinar os seus filhos a cozinhar? Não sei se os pais no Brasil compartilham dessa preocupação porque muita gente meio que já se apoia na idéia de que vai ter empregada mesmo, ou estou enganada? Quem cozinha na sua casa (ou ninguém cozinha)?
E claro que tem gente que leva isso muito mais a sério, fazendo dos filhos uns verdadeiros mini-chefs: outro dia estava assistindo um programa australiano que era uma competição pra escolher o melhor chef (um reality show) com crianças na faixa de 10 anos de idade…exageros à parte, isso só mostra que sim, as crianças são capazes de aprender e cozinhar direitinho, se a gente der uma chance a elas.
Nas fotos: Julia fazendo cookies (e lambendo a massa que sobrou); fazendo almôndegas; abrindo massa de pastel e desenhando uma panqueca com massa.
Meire says
Aqui na França também teve o concurso Top Chef junior. Nao achei exagero e fiquei impressionada com a técnica das crianças. Eu concordo em tudo o que você falou. Porque normalmente o baque vem mesmo quando a gente vem morar fora (ou sozinha).
Aqui a gente esta’ começando a incentivar também.
Luciana Misura says
Meire, eu só acho um exagero porque pra essas crianças estarem cozinhando nesse nível aos 10 anos de idade, elas já estão amigas das panelas desde quando? Sei lá, de repente elas tem talento nato mesmo e aprenderam em 2 anos tudo o que sabem? Fico imaginando essas crianças com 4 anos já mexendo no fogão, forno, usando facas e afins pra chegar nesse nível aos 10…mas não tem como a gente saber…
Carolina says
Oi Luciana!
Eu também acho muito importante ensinar os filhos não somente a cozinhar, mas participar de todas as tarefas domésticas em casa, na medida do possível. Em casa também sempre tivemos empregadas, mas meus pais cozinhavam (meu pai é ótimo cozinheiro! ;-)) e a regra era que no final de semana, quando não tinha empregada, a gente tinha que se virar. Foi assim que comecei a cozinhar, mas aprendi mesmo a me virar sozinha quando fui morar na França. Aqui, ter empregada/cozinheira é um luxo. Meu marido também cozinha, menos do que eu, mas cozinha, em casa a gente reveza, ele aprendeu muita coisa comigo, e eu aprendi muitas receitas francesas com ele. Temos sim essa preocupação em ensinar nossos filhos a cozinhar (aqui na França isso faz parte de cultura!) e se virar sozinho. O Luca se interessa muito pelo que se passa na cozinha, sabe fazer várias coisas também, mas como você, excluímos tudo o que é mexer em fogo/facas, claro. Ele faz a massa de “crêpe” (as panquecas francesas, que podem ser doces ou salgadas! ) praticamente sozinho, por exemplo. Fazemos juntos biscoitos “sablés” que ele adora. O único problema é que ele é alérgico a ovo (cru, principalmente!) e não pode manipular, pegar nas massas que levam ovo, nem lamber a massa crua do bolo, o que o deixa meio frustrado! Ele também participa na hora de limpar tudo, lavar algumas louças – que não seja de vidro ou que corte- se precisar, tem até avental e alguns utensílios de cozinha. 🙂 Com certeza com a Anna vamos fazer a mesma coisa, é importante passar isso para os filhos -meninas e meninos!, cozinhar, comer bem, é algo que deve-se aprender desde cedo. Ela ainda tem 7 meses mas eu gosto de mostrar as frutas, os legumes, digo tudo o que estou fazendo pra ela. Acho legal também levá-los à feira, se possível, pra ver os produtos de perto, tocar, sentir o cheiro, o Luca adora, e no final, sempre compramos uma frutinha pra degustar depois do passeio. 🙂 Tem criança que nunca viu um tomate, uma laranja ou uma batata de verdade, acho isso triste! Aqui nas escolas, as crianças cozinham de vez em quando com as professoras, fazem bolos, crêpes, etc. Acho isso legal, assim como aprender a ler ou aprender outras línguas, aprender a cozinhar é algo muito importante e enriquecedor para as nossas crianças. Para quem sabe cozinhar, é uma ótima ideia passar adiante. Desculpe o comentário imenso. 🙂 Lindas fotos, como sempre!
Luciana Misura says
Com certeza, ajudar em todas as tarefas de casa também acho super importante. Mas acho que de todas as tarefas domésticas, cozinhar é a que requer mais tempo pra aprender e praticar, as outras coisas (lavar roupa, lavar louça, etc) podem ser aprendidas rapidamente. E pode deixar comentário imenso sem se preocupar, quem tem o que falar não precisa se preocupar com o tamanho 😉
pacamanca says
Eu aqui em casa nao cozinho nada de muito complicado: pra mim é sempre um saladao de macarrao ou arroz cozido com verduras e alguma coisa grelhada; pro Mirco é sempre macarrao com molho de tomate e alguma coisa grelhada. Muita sopa, mas nao tem muita graça cortar legumes e jogar na panela. NUNCA faço doce em casa, por motivos obvios, entao dessa mato tambem nao sai coelho. Entao comigo ela nem tem muito o que aprender, embora pergunte sempre o que eu estou fazendo na cozinha e peça pra ficar no colo pra poder ver. Mas quando ela fica na minha sogra elas fazem tudo juntas: macarrao feito em casa, almondegas, coelho recheado e outras bizarrices trabalhosissimas italianas que eu nao sei fazer e nem pretendo aprender. Uma coisa que ela adora fazer é lavar alface (logico, qual é a criança que nao gosta de brincar com agua?). Lavar louça e descascar ovo cozido também sao com ela mesmo 🙂 E concordo pRenamente com voce: chegar à idade adulta sem saber dar de comer a si mesmo é o fim da picada!!!
Luciana Misura says
Leticia, mas olha, não subestime a sua cozinha prática, porque pro dia-a-dia saber cozinhar coisas simples e rápidas é o que tem de melhor! Com certeza é ótimo ela aprender essas coisas complicadas maravilhosas com a sua sogra, mas ela não vai viver fazendo isso todo dia, então acho que o que ela vai aprender com você é mais útil! Sabe que eu ainda não tinha deixado a Julia lavar louça? Ela ajuda a gente a colocar louça na máquina pra lavar, mas aproveitei e a ensinei a lavar uns potes de plástico anteontem, ela adorou 🙂
Claudia says
Luciana, eu estava agora mesmo pensando no fato de ter botado as crianças ontem para fazer uma salada de frutas e eles terem amado a tarefa, e até brigado para ver quem cortava o quê, mas no final eles nao comeram quase nada da salada, porque ambos têm um paladar digamos complicado…. Mas isso nao me desmotiva a nao tentar de novo. No momento, acordamos de manha e minha filha já pôs a mesa do café, arrastou a cadeira Trip-trap para lá e pra cá, para poder alcançar as coisas nos armários altos. Tenho um armário baixo que tem basicamente a louça deles, para facilitar o acesso por eles. Eu cozinho muito, meu marido nada, mas nós dividimos as tarefas em casa com muito carinho e cozinha nao é a praia dele. As crianças vivem ao meu redor, tenho um espelho no fogao para poder vê-los, delegar o trabalho e controlá-lo se necessário. Jo mexe muito bem com a faca, já se cortou e se queimou na cozinha, mas isso faz parte. Ela se gaba toda de ter feito o bolo, refogado a carne e mais um monte de coisas, apesar de nao comer bolo, nao tocar na carne. Se fosse pelo estímulo de cozinhar, os dois aqui seriam bons de garfo, mas nao sao, apesar de achar que algum dia serao ;-). Lu tem quase 5 e tem interesse também. Dou facas menos afiadas na mao dele, pegamos a cadeira para ele mexer as panelas no fogao e ele adora.
Na casa da minha mae nao tinha empregada fixa e os quatro filhos entravam na cozinha, para ajudar e encher o saco da minha mae. Acho tao bom que tenha sido assim! Com minha avó aprendi a fazer massa fresca e tratei de repassar pras crianças (ele adoram fazer gnocchi). Meu irmao mais velho é cozinheiro de mao cheia, um gourmet e os outros três cozinhamos de tudo, às vezes com mais ou menos inspiraçao. Meu irmao mais novo é que cozinha na casa dele, a mulher nao entra nem na cozinha. Eu acho tao fundamental cozinhar, aliás nossa vida é sempre na cozinha, principalmente no inverno. No verao a gente desloca tudo pra fora, num espaço na frente da cozinha com uma churrasqueira. Os amigos dos filhos adoram vir aqui, descobrir o que eu cozinho, e conhecer minha cozinha brasileira. Eu só nao cozinho coisas muito típicas alemas, deixo pra sogra ou pra comer no restaurante.
Crianças na Cozinha – Sim! Sempre!
Luciana Misura says
Claudia, com que idade você começou a deixar mexer com facas hein? A Julia vai fazer 5 e eu ainda não tive coragem…que delícia que você aprendou a fazer massa fresca e já está passando isso adiante pros seus filhos! Adoro essas receitas de família! A família italiana do Gabe tem umas receitas assim, eles fazem a própria linguiça, ravioli e outras coisas, só que a gente mora longe e normalmente não está lá quando eles fazem isso 🙁 Mas vou ter que aprender!
Dri Miller says
Adorei o post e não só concordo, como um dia pretendo fazer o mesmo com meus filhos, não só na cozinha, mas na casa toda!
Por sorte minha mãe e avó sempre gostaram muito de cozinhar e isso sempre fez parte do nosso dia a dia, e lá em casa nunca tivemos empregada full time, então era sempre minha mãe e meu pai que cozinhavam todos os dias, e eu lembro que apesar de não ajudar ativamente a fazer o jantar quando era criança, nós tinhamos varios livros de culinária pra crianças, que ensinavam receitas faceis para crianças fazerem sozinhas e eu e minha irmã amávamos!
Mas de maneira geral sai de casa sem muitas habilidades domésticas… acho que primeira fez que lavei a minha própria roupa foi já com 20 e poucos anos, morando sozinha na Italia.
Nisso admiro muito a dinamica familiar dos Americanos. Meu marido não sabia cozinhar, até porque a mae dele nunca foi muito de cozinhar (na casa dela até hj é tudo semi-pronto), mas em compensação ele faz de tudo: lava, limpa, faz compras, administra a faxineira, passa e é 100% dono de seu nariz e independente, como sempre foi na casa dos pais, nos anos de faculdade, morando sozinho e agora comigo.
Vejo uma grande diferença principalmente nos homens Ingleses e Americanos (e nórdicos em geral) que são criados como iguais a suas irmas, primas e afins, sem essa coisa de tarefa de “menino” e “menina”. Assim como a irma do Aaron sabe trocar pneu do proprio carro e pintar a parede de sua casa, o Aaron passa suas camisas e lava a louça depois do jantar.
E é assim que um dia pretendo criar meus filhos 🙂
Luciana Misura says
Dri, com certeza, também acho uma grande vantagem essa criação americana que o meu marido tem assim como o seu. É assim que a gente está criando os nossos filhos, acho que só tem benefícios. Legal que tinha livro de culinária pra crianças, eu tenho que começar a comprar uns pra Julia 🙂
Ingrid Littmann says
Lu, a Laura vai pelo mesmo caminho da Julia, desde de pequena sempre foi meu braço direito na cozinha. Ela tambem ajuda o pai nos finais de semana. No meu caso sempre faço comida rapida nada elaborado, tudo simples nada comparado aos fantasticos pratos da Fer. Inte que gostaria de cozinhar assim mas cozinhar é uma arte e não é pra quem quer tem que saber. Não tenho paciencia em olhar receita tudo pra mim tem que ser no olho no improviso. Aprendi demais depois que sai de casa, porque como você, não fazia absolutamente nada em casa. Tenho orgulho de todas as coisinhas que faço mas que sejam simples. Concordo com você temos que preparar nossos filhos para que eles sejam independentes em todos os sentidos.
Luciana Misura says
Ingrid, mas simples é bom, melhor saber fazer coisas simples que ela vai ter tempo de cozinhar do que coisas elaboradas que ela só teria tempo pra fazer nos finais de semana por exemplo. Um dos grandes problemas que muita gente tem com cozinha é que “cozinhar é complicado, demora, etc” e vendo por muitas receitas de livros e revistas famosos, é complicado e demorado mesmo. Por isso que o Jamie Oliver e seu Food Revolution fizeram sucesso, as receitas são facílimas.
Tania Pereyra says
Nossa que post legal. Sem falar que a Julia eh uma fofa cozinhando e toda concentrada fazendo as panquecas.
Eu ainda nao tenho filhos, mas fui criada com empregada no Brasil. Ela cozinhava muito bem(vinha de familia de italianos) e tinha paciencia pra me ensinar. Minha mae sempre comenta que ela nao gostava muito de limpar a casa, mas tinha a maior paciencia comigo e meu irmao. Assim aprendi a fazer bolo e outras comidinhas. Depois que ela foi embora soh tivemos faxineira e minha mae criou a regra “cada um lava a sua roupa”. Eu odiava e continuo odiando lavar roupa, mas foi bom pra me virar mais tarde. Na minha casa tanto eu como meu irmao aprendemos a cozinhar e limpar pq minha mae falava que talvez qd a gente crescesse nao iamos ter empregada(mae eh muito intuitiva).
Meu marido foi criado aqui e sempre se virou bem nas tarefas domesticas. Em casa as tarefas sao divididas sem muito stress. Se eu cozinho ele lava a louca, eu limpo o banheiro ele aspira a casa e assim vai. Isso eh otimo, pa nos dois trabalhamos e nada mais justo que as tarefas domestica sejam divididas entre o casal.
Acho importante oq eu vc faz com sua filha pra ela aprender o valor de uma comida feita em casa, pq aqui aeh muito facil viver a base de delivery e fast food.
Tenho amigos no trabalho que nunca comeram um bolo feito em casa pq vieram de uma geracao que as maes sairam pra trabalhar e que soh cozinhavam hamburguer helper, comidas congeladas e pizza delivery. Mas acho que as coisas estao caminhando pra uma direcao mais legal, ja que hoje as pessoas esta se informando mais e vendo que o preco da conveniencia pra saude eh muito alto.
Luciana Misura says
Haha Tania, realmente ela tá toda concentrada naquela foto! Que bom que a empregada tinha paciência de te ensinar! Também conheço muita gente (americanos principalmente) que dizem que vão fazer um bolo e pegam uma caixinha de mix e pronto. Ou que vão fazer uma torta e pegam a massa pronta, misturam um recheio semi-pronto com algum ovo ou leite e pronto…ai ai…mas é tudo uma questão de hábito mesmo, eu mesma no início quando cozinhava pouco caí de amores por um monte de coisas semi-prontas que hoje em dia eu não uso MESMO!
isabella says
Assim como você, meus pais sempre tiveram cozinheira. E ela está com a nossa família há 30 anos! Até hoje ligo para ela para pedir um socorro culinário. Eu sempre gostei de cozinhar, mas só fui aprender mesmo depois que sai da casa dos meus pais. Cozinho praticamente todos os dias, e a Estela quando pede, ajuda sim…ultimamente ela não tem demonstrado interesse, acho que é fase. Uma pré pré aborrecência. 😛
Ela e o David montam sua própria pizza (tudo bem simples) e adoram lamber massa de bolo. A Estela não tem nojo de manipular nada, apesar de achar determinados alimentos esquisitos.
As fotos da Julia me lembram tanto a Estela na mesma idade! Sempre numa cadeira de avental me ajudando, fazendo almôndegas, mexendo na panela devagarinho, montando algum prato, roubando azeitona…saudades.
Essa vivência na cozinha só pode trazer bons frutos. Já pensou em fazer hortinha com a Julia. Poder colher no pé é tão gostoso e eles aprendem muito com a experiência.
Ótimo post!
Luciana Misura says
Isabella, isso de não ter nojo eu também já acho ótimo, a Julia também não tem. Me lembro que as irmãs do meu marido quando adolescentes não pegavam num frango cru (tudo bem, nem eu gosto de pegar no frango cru, mas elas não encostavam mesmo). Ainda bem que elas cresceram e mudaram, agora todas já sabem cozinhar…
Ai, horta…eu não tenho o dedo verde. Bem que eu queria ter, já tentei plantar um monte de coisas, adoro jardins bem bonitos, hortas, mas eu e as plantas não somos muito amigas (na verdade eu até sou amiga das plantas, mas não sou nem um pouco amiga dos insetos monstruosos que vivem aqui no Texas). Fora que o calor aqui é uma loucura e manter uma horta requer muita dedicação, tem que molhar todo dia mesmo, estar sempre de olho. Meus pais que adoram jardinagem e sempre falam de horta, mas como eles não moram aqui, sei que depois que eles fossem embora a horta ia pras cucuias…ainda vou plantar umas ervas frescas em vasinhos dentro de casa (temos alecrim no quintal, que aqui cresce que nem mato, sem precisar de nada), mas acho que fico por aí.
Barbarella says
Disse tudo!
Só entendendo a dinâmica alimentar americana para compreender porque muitos adultos não reconhecem uma verdura ou legume na sua forma in natura – algumas vezes super justificável por dificuldade geográficas (frutas tropicais no hemisfério norte?), mas outras vezes é resultado de pura acomodação com a facilidade das comidas processadas. Se a criança não for apresentada desde cedo aos alimentos, como limpá-los, descascá-los, prepará-los, etc, não tem como esperar que ela desenvolva certos comportamentos referentes a alimentação, né? Ela vai crescer achando que abacaxi dá em lata. Um paladar preparado para reconhecer e apreciar alimentos não-processados pode ser criado desde cedo – na minha opinião pessoal, deve ser criado cedo! Já li alguns artigos que mostram que se as crianças são envolvidas na preparação dos alimentos, elas são mais estimuladas a comê-los. Famílias que plantam alguns legumes no quintal de casa relataram que a criança que acompanha o processo de germinação e crescimento de uma verdura/legume vai estar mais aberta para prová-lo.
Eu só aprendi a cozinhar quando fui morar sozinha as 22 anos. Quer dizer, cozinhar, lavar, passar, limpar, me virar… Minha mãe sempre gostou de cozinhar e sempre cozinhou muito bem, mas não lembro dela ter me introduzido na cozinha durante a minha infância. Já adolescente eu passei a me meter nos fins de semana, que era quando ela tinha tempo para cozinhar. E passei a perturbar a empregada quando ela fazia os almoços por pura curiosidade mesmo. Mas só meti a mão na massa quando morei só. E hoje eu cozinho SEMPRE. Fui aprendendo ao longo dos anos por telefone pegando dicas com a minha mãe e adoro cozinhar uma refeição com ingredientes frescos. Meu marido tem um paladar bem “americanizado” e apesar de ser super independente por ter saído de casa com 17 anos de idade, não tinha o hábito de cozinhar from scratch. Hoje ele pilota o fogão com mais confiança e faz pratos deliciosos sem usar nada pré-pronto! Minha culpa 😉 E além de saudável, não é uma delícia cozinhar em família? Um bj pra vc!
Luciana Misura says
Com certeza, eu acho que ajuda muito a criança estar envolvida no processo com querer experimentar. Pode não ser garantia que ela vá gostar, mas é um passo. A escola da Julia também acredita nisso, eles tem horta na escola e plantam legumes e verduras que viram sopa em uma determinada época do ano. A Julia aprendeu a gostar de espinafre cru na escola, nesse dia da sopa!
Os nossos maridos podem cozinhar juntos um dia então 😉 O Gabe também era super independente mas não cozinhava, foi aprendendo comigo e hoje a gente se reveza. O problema dele é que ele não presta muita atenção, volta e meia esquece alguns ingredientes, mas ele se vira bem!
Luci says
Por favor pequise sobre o espinafre e saberá que é muito venenoso quando comido cru, por ter grande quantidade de ácido oxálico. Muitas crianças americanas morreram na década de 50 porque as mães davam aos filhos leite batido com espinafre cru.
simone says
Lu, quando criança nós nunca tivemos uma empregada, minha mãe sempre foi um ótima cozinheira, mas eu nunca chegava perto das receitas, acho que não me interessava muito e odiava comer( minha mãe sofreu comigo). Depois de adulta me apaixonei por gastronomia e virei uma curiosa das panelas. O Bruno está com 5 anos e adora me ajudar a preparar panquecas e biscoitos temáticos. O restante ele não gosta de chegar muito perto( será genético???), então eu o estimulo com os cortadores, aí ele adora cortar frutas, pães e massas em formatos diferentes!!! Agora todo final de semana ele come a pizza de tartaruga, batata assada de girafa e por aí vai. E assim vai virando um bom garfinho!!!rsrsrsr
Ah, eu não tenho e nunca tive empregada. Questão de gosto mesmo. Minhas amigas brasileiras me acham doida, porque aqui anormal é não ter ajuda. Mas eu dou conta e prefiro assim.Um beijo
Luciana Misura says
Simone, ótima idéia com os cortadores! Foi assim que eu consegui que a Julia comesse sanduíches. Ela gosta de pão mas nunca queria comer sanduíche de nada, às vezes ela comia um queijo-quente e olhe lá. Somente quando eu apareci com um cortador que ela se animou a comer uns sanduíches mais variados. Realmente conheço pouquíssimas pessoas classe média que não tem empregada no Brasil, mas não sou contra empregada não, só acho que a dependência que as pessoas criam com as empregadas ruim. Uma coisa é ter alguém pra ajudar, outra é não conseguir fazer nada se a pessoa não aparece pra trabalhar!
Paty says
Aprendi a cozinhar por necessidade com uns 12 anos. A comida da minha mãe é muito ruim, haha, e sempre foi uma coisa assumida. Aprendi o básico com ela, mas desde uns 5 anos lembro da minha avó me ensinando a abrir massa de pastel, rechear e fechar apertando com um garfo.
Impressionante como este post me tocou quando vi a Julia abrindo a massa… Momentos como estes criam lembranças maravilhosas para quando nos tornamos adultos, além de ajudar na vida real.
O impressionante é que estes momentos são tão importantes que vovó teve Parkinson e por conta da doença, ficou demente, completamente fora do ar. Mas quando ela ainda estava com a memória meio lá, meio cá, não reconhecia mais ninguém, eu dizia pra ela: “vovó, é a Patricia, a neta que te ajudava com os pastéis, lembra?”. Eu ganhava o dia porque ela realmente lembrava por uma fração de segundo, abria um sorriso enorrrme e me abraçava. 🙂
Na minha família sempre foi assim: meninos e meninas, independente da presença da empregada, aprendiam a fazer todas as tarefas. Meu pai me ensinou a usar furadeira, fazer pequenos consertos, trocar tomada etc. Meus primos sabem cozinhar, lavar passar, trocar botões e fazer bainhas. Não tinha essa de “cozinhar é coisa de menina” ou “trocar pneu é coisa de menino”.
Uma pena que as escolas tenham praticamente acabado com as aulas de educação para o lar por puro preconceito. Vou ensinar Sofia a cozinhar e fazer as coisas mais importantes para não depender de ninguém. Depois ela escolhe se quer ou não fazer, mas acho essencial. Na creche montessori que ela frequenta já incentivam, e ela adora ficar em volta na cozinha aqui em casa, mas ainda é muito pequena…
Mieline says
Que lindo esse momento com sua avó, Patrícia!
Claudia says
Paty, amei ler a sua história e experiências com sua avó. Que coisa marcante! Me lembro de ter feito pastéis com a minha, mas a lembrança mais viva eram os gnocchis que a gente fazia na mesa, aquela farinha toda espalhada, apertando a massinha com o garfo, nao esqueço. Eu estudei numa escola em que havia aulas de culinária e eu amava aquilo. Saí dali fazendo um monte de coisa. Minha filha esteve num jardim de infância em que eles tinham tudo para o tamanho das crianças, a bancada baixinha, o fogao na altura deles. Eles sao tao estimulados aqui na Alemanha que automaticamente querem ajudar na cozinha em casa. Se eu parar pra pensar, acho que ficaria bem mais sobrecarregada se eles nao ajudassem como ajudam. E eles percebem que quanto mais ajudam, mais tempo tenho pra eles, já que eu sou tudo na casa: mae, cozinheira, faxineira, babá, passadeira, lavadeira etc….
maria says
Que lindo isso com sua avó, Patricia! chorei.
Luciana muito bom este post. Como se organizam? tudo é desde zero ou tem alguma coisa semipronta na geladeira? no meu caso quando quero fazer alguma receita diferente sempre falta alguma coisa, ou entào leva muito tempo. Parabéns de verdade. Linda a Julia na cozinha.
Luciana Misura says
Maria, hoje em dia é quase tudo do zero mesmo, é raro a gente usar uma coisa semi-pronta. Já usei no passado, mas a gente foi ficando com mais prática e mais exigente e hoje em dia acaba fazendo do zero. Costumo olhar receitas antes de fazer a lista do supermercado, ou durante o dia, pra comprar alguma coisa que falte antes da hora de começar a fazer.
Luciana Misura says
Que legal Paty! Muito bacana essa memória! Eu lembro sempre da minha avó fazendo bolo, ela sempre fazia bolos e levava séculos fazendo cada um, sempre batendo na mão, aos pouquinhos. Mas não cozinhávamos juntas não, nem sei por quê. Legal que a sua família ensinava tudo pra meninos e meninas, na minha família não era bem assim não 😉 E concordo plenamente que é uma pena que as escolas não ensinem mais essas coisas, é educação pra vida!
Mieline says
Foi assistindo a esse programa australiano eu me senti mais segura para dar mais corda para o meu filho na cozinha. Tenho pensado justamente sobre isso nos últimos dias: um dia ele vai se ver sozinho e tendo que se ‘virar nos 30’. Então estou aos poucos ensinando a cuidar do serviço da casa e da cozinha. Ele adora cozinhar e está o tempo todo inventando pratos e adora me ouvir dizer que ele é um Gourmet. O problema maior está sendo a falta de disponibilidade para ensiná-lo a cozinhar, pois faço tudo muito rápido por causa da prática e fico enxotando pra não ‘atrapalhar o serviço’. Rsrsrsrs Então estou maquinando um jeito de ensiná-lo de uma forma mais consistente do que deixá-lo à solta na cozinha, de onde vez ou outra vem um som de pratos espatifando, cheiro de queimado e dedinhos cortados (claro que já está grandinho suficiente para poder lidar com facas), além de uma bagunça daquelas. Mas justiça seja feita: de lá também saem macarronadas especiais bem gostosas, sucos, carnes e sanduíches melhores ainda, tudo enfeitado e servido numa bandeja para a mamãe, que fica toda orgulhosa! Eu também fazia isso desde cedo (só que eu era mazinha e não levava pra mamãe não) e o resultado era bem semelhante (desde a bagunça até os acertos esporádicos), e a liberdade e incentivo dadas pelos meus pais foram estimulantes, ao ponto de ter me formado em Hotelaria por causa da gastronomia, que hoje é uma diversão pra mim e mais ainda pra quem está por perto pra aproveitar!
Luciana Misura says
Que legal que você foi pra Hotelaria por causa da Gastronomia! Não enxota ele da cozinha não, deixa ele ver pelo menos ou então te ajudar com coisinhas pequenas…:-) Mas acho que o final de semana é que vai ser o melhor pra deixá-lo mais solto! Tem que manter o interesse dele mesmo, bacana que esse programa dos chefs mirins te inspirou!
Natalia says
Eu detestava cuzinhar quando era crianca. Agora adoro e espero que minha filha siga o meu exemplo.
Luciana Misura says
Que idade ela tem, ela já se interessa?
Maitê Oliveira says
Lu concordo com tudo que você disse e tenho que confessar que faço parte desses jovens estressados que tentam entrar na faculdade e já não tem tempo e nem saco pra aprender outra coisa que não sejam matérias escolares…
Na minha casa todos somos péssimos de cozinha começando lá trás pela minha avó que mesmo sendo pobre só sabia fazer o básico (e não muito gostoso), minha mãe sempre quis aprender mais como trabalhou fora a vida toda quem fazia a comida eram as babás e como você mesmo disse elas também não tinham aquela paciência para me ensinar… com o tempo fomos nos tornando vegetarianos e nos preocupando com alimentação saudável acabamos nos acostumando a comer a comida da minha mãe sem gordura, pouquíssimo sal, sem óleo e infelizmente sem muito gosto também. Ela faz o básico mesmo e toda vez que inventamos algo novo dá errado… Triste.
Com relação a cozinha não tivemos muita culpa em não aprender mas assumo que não me interessei (quando tinha tempo de sobra) em aprender outras coisas que mamãe é craque como costurar, bordar, tricotar, fazer trabalhos manuais em geral , ela não queria que eu gosta-se por obrigação e não deu aquela forçadinha que hoje vejo como necessária.
Pra não acabar o comentário dizendo que não sei fazer nada.posso dizer que aprendi a fazer quase todos os reparos que uma casa precisa vez por outra (trocar lampadas, remendar fios, usar furadeira, consertar borracha de geladeira e maquina de lavar, trocar resistência e até o chuveiro todo se precisar… entre outros) e se precisar trocar o pneu do carro pode me chamar. Esses todos aprendi vendo minha mãe fazer e repetindo em voz alta ” ta vendo maitê, toda mulher tem que saber fazer isso pra não ficar dependendo do marido, tem que ser independente” (ela tinha acabado de sair de um divorcio infernal, mas já fazia tudo mesmo antes)…
Adorei esse post e pelo teor e o tamanho dos comentários eu não fui a única.
Beijos.
Luciana Misura says
Maitê, que legal, eu não sei fazer um monte dessas coisas (que lá em casa sempre foram consideradas coisas “de homem”) mas quero que a Julia aprenda. E não, com certeza você não foi a única. Mas dá pra aprender, é tentativa e erro mesmo, aproveite que hoje em dia na internet você encontra muitos vídeos no YouTube de gente ensinando a cozinhar. Volta e meia se eu chego numa receita e não sei como cortar um ingrediente que nunca usei por exemplo, procuro logo no YouTube “como cortar ingrediente X” e aparece logo um monte de vídeo explicando. Cozinhar na era da internet realmente ficou mais fácil!
Flavia says
Oi Lu, concordo muito com vc. Tbem, sempre que eu estou cozinhando em casa, a Victoria vem ajudar, ela adora tbem, mas perde atencao muito rapido, rs. Minha mae sempre cozinhou muitissimo bem, mas eu nunca tive interesse, como vc fui comecar a cozinhar depois que sai de casa e tive que me virar, pessimo, se considerar que o Paul aos 16 anos jah tinha saido de casa e estava trabalhando e estudando pra pagar aluguel qdo ele morava com os amigos, rs.
Parabens! bjs
Luciana Misura says
Flavia, aproveita, deixa ela escolher a receita um dia pra fazer até o final, será que ela consegue? E se for um bolo, cookie ou outra coisa assim?
Ana Cris says
Oi Lu,
esse tema é bacana. Ao que me parece mamãe me preparou em praticamente tudo antes de partir. Tinha 20 anos quando ela morreu e sempre fomos muito amigas, muito ligadas. Isso me fez aprender os segredinhos do seu tempero, o ponto da massa, o momento de desligar ou abaixar o fogo, enfim, cozinhar com amor e dedicação. Não tínhamos empregada, tudo que fazíamos era cuidar de todas as coisas e uma da outra. Afinal ali, tudo era nosso. Eu me lembro de mostrar tanto interesse quando ela falava que isso me dá a impressão de que minha fisionomia movia sua alma a desvendar tantos segredos, sorte minha. Hoje meu filho Samuel tem 12 anos, participa comigo na cozinha fazendo sempre uma novidade. Há alguns meses ele mesmo, sob minha supervisão fez o famoso pão de batata da mamãe e a massa cresceu muito e ficou uma delícia, ele ficou super contente. Um coleguinha dele veio aqui em outra ocasião, e Samuel preparou o lanche para os dois, suco, sanduiche e ainda pôs a mesa. Ele ainda me auxilia com algumas tarefas que foram incorporadas ao seu tamanho e idade. Já possui senso crítico bem aguçado pois não entende como alguns de seus amigos não cooperam em casa e dão tanto trabalho aos pais, hahaha ( discurso dele ). Mas deixando bem claro que ele é criança, brinca, estuda, sai, se diverte e ainda coopera, mas como toda criança de 12 anos me dá um trabalhinho de vez em quando ; ) . Isso não atrapalhou em nada. Pelo meu próprio exemplo entendi que devia ensinar o quanto antes o máximo que puder porque nesse mundo ninguém é eterno e sou muito grata por ter recebido de minha mãe a bagagem prá não sofrer sem saber fazer nada.
Letícia R. says
Que história linda, Ana Cris! Emocionante!
Vim engrossar o coro… amei esse post e me identifiquei. Meus pais trabalhavam muito e precisavam ter empregada em casa, pra dar conta dos 4 filhos. Aos fins de semana ajudávamos mamãe, mas não era nada lúdico porque o negócio era acelerar o processo. A atividade do meu pai na cozinha se resume a fazer café e suco, além de lavar as vasilhas – um avanço, afinal ele teve a criação mais machista possível.
Uma das lembranças mais gostosas da minha infância é uma amiga do meu tio colocando um monte de crianças – eu, primos e primas – pra ajudar na cozinha! Certamente quero fazer o mesmo com meus filhos! E percebi que preciso, desde já, conversar a respeito com meu marido. A criação dele tem muitos pontos em comum com a do meu pai… e a minha já não ajuda, não sou habilidosa nem criativa. Bora melhorar isso, neam?!
Valeu o incentivo do post, Lu!
Luciana Misura says
Letícia, pois é, a criação machista que muita gente teve ou ainda tem no Brasil não ajuda em nada. Se a gente não se esforçar pra mudar isso, vamos repetindo as mesmas coisas…bora melhor isso! 🙂
Luciana Misura says
Que legal Ana Cris! Muito triste que a sua mãe morreu tão cedo mas que bom que vocês eram tão próximas e você aprendeu tanto com ela. E que filho bacana você tem hein! Parece super maduro pra idade dele. Ele só terá benefícios no futuro por conta dessa criação, parabéns!
Silvia says
Lu, aqui em casa os meninos já põe a mão na massa desde pequenos…o Santiago desde 6 meses pedia pra gente abrir os potinhos de tempero pra ele cheirar e passar o dedo pra experimentar. Eles ajudam a fazer os “smoothies”, bolos, pizza ou simplesmente temperar a comida, e por aí vai. Nós também cozinhamos todos os dias, inclusive meu marido se empolga mais do que eu!
Mas o que eu queria comentar é sobre o papel das escolas nessa parte mais doméstica. Eu descobri as escolas com metodologia Waldorf aqui em Campinas, na nossa volta ao Brasil e fiquei muito impressionada com várias coisas e uma delas é a preocupação com os alimentos.
As crianças não só aprendem desde cedo de onde vem a comida (eles têm hortas em cada sala), mas ajudam a fazê-la. Amassam o pão, descascam as frutas, etc. Além disso eles têm o cuidado de introduzir os sabores individuais das coisas. Os sucos são só de um sabor, para que ela reconheça o sabor de uma laranja, do abacaxi, etc. O lanche também é assim: uma fruta, um pão, uma verdura. E ainda lavam os pratos depois, já que toda sala tem a sua cozinha completa com fogão, cozinha e pia.
Depois tem outras coisas interessantes sobre a filosofia antroposófica, como a teoria dos setênios, a aprendizagem através da arte, mas isso é outra história. Por exemplo, as crianças aprendem matemática tricotando, através dos padrões, etc e de quebra fazer uma peça de roupa. Achei fantástico.
E o melhor de tudo, o Santiago adooooora a escola! E tenho certeza que ele vai se sair um chefe de mão cheia! 🙂
Luciana Misura says
Silvia, olha só, a Julia também queria cheirar tudo quanto era fruta, tempero, desde antes de 1 ano!
Engraçado você falar das escolas Waldorf, o Gabe estudou em uma Waldorf até a 6a série. Ele até hoje sabe fazer crochet e tricô que aprendeu na escola (não que ele faça nada com isso, mas quando eu fui aprender, ele fez de brincadeira só pra me mostrar que ainda lembrava). Mas ele não morre de amores pela escola não, pelo contrário, nunca quis mandar a Julia pra uma Waldorf, apesar da minha sogra sempre jogar indiretas quanto a isso (aqui em Austin tem uma, mas é bem longe da nossa casa). Enfim, não sei se você pretende que os seus filhos estudem lá por muitos anos, se quiser falar com o Gabe a respeito ele pode te contar mais.
Silvia says
Hahah, que legal que ele sabe tricotar!! E cozinhar você já falou que ele cozinha, agora só resta saber se a escola teve parte nisso ou se a familia dele também. Mas ele não tem boas lembranças da escola especificamente por causa do método em si ou outra coisa? Eu não sei se o Santiago vai ficar lá até o fim do ginásio, mas até os 7 anos eu espero que sim. Eu acredito no “give me the child at 7 and I’ll give you the man”.
Não conheço ninguém da nossa idade que tenha tido esse tipo de educação, então fiquei curiosa pra saber se o Gabe acha que os primeiros 7 anos dele lá realmente influenciaram o resto da vida dele até a idade adulta. Como posso falar com ele sobre isso? Sem pressa, apenas por curiosidade. 🙂
Tati says
Eu acredito que uma pessoa ´só é realmente independente se souber cozinhar… infelizmente, mesmo nunca ter tido empregada, somente meu irmão aprendeu a cozinhar (muito) eu sempre era expulsa por esquecer as panelas no fogo ou ser muito devagar…agora eu descobri q pode ser fruto do Déficit de Atenção…q em meninas dificilmente vem com a hiperatividade….kk
Luciana Misura says
Tati, esquecer as panelas no fogo ou ser devagar todo mundo já foi ou fez, tem gente que já fez mais ou menos, mas a gente só fica rápido mesmo com a prática! 🙂 Se é Déficit de Atenção ou não no seu caso eu não sei, mas eu já tive que jogar uma panela fora de tão queimada que ficou uma vez!
Albertina Gomes says
Cozinhar é tudo de bom e saudável. Meus filhos já saíram de casa. São maiores, 2 meninos e 1 menina.Todos sabem cozinhar. Mas por incrível que pareça os meninos são mais chegados a cozinha. Quanto a isto e fazer a cama qdo. levantam não me preocupo..heheheeee..
Lílian says
Olá Lu, ainda dá tempo de comentar?
Tenho um casal de filhos, ensinei os dois a fazerem tudo dentro de uma casa, desde a comida até a limpeza. Eles são bem independentes no quesito alimentação, se não estou em casa e precisa ser feito, eles fazem, como costumo falar, eles não passam apurado.
Beijos.
Dak says
Só espero que não de nada de errado. Concordo que crianças tem que participar de algumas tarefas da casa, ou seja assumir algumas responsabilidades. Mas, como vocês dizem o “moleque” de 10 anos a frente de crianças com idade abaixo que a dele é controverso. Pergunto, será que não existe nenhum risco em relação a isso? O meu filho tem 5 anos, outro dia ele estava tentando cozinhar, eu sou pedagoga, eu espero sinceramente que nada de errado para ninguém. Porque se acontecer, me aguarde!
Luciana Misura says
Nao entendi o seu comentario. O que vai dar errado? “me aguarde”? Nao entendi mesmo…