Eric acordou enjoadinho, com cara de quem deveria ter dormido mais, e voltou a dormir não muito tempo depois. Ficou nessa a manhã toda, acordava com cara de que precisava dormir mais, brincava um pouco e voltava a dormir. Acabamos saindo de casa bem tarde por causa disso, rumo ao Aquário de Shinagawa, mas ele realmente precisava ter dormido. Quando finalmente saimos ele já estava de bom humor novamente (e a Julia deveria ter dormido mais também, não quis e acabou dormindo no carrinho no caminho).
Quando comecei a pesquisar atividades para as crianças nessa viagem ao Japão, o Ricardo Freire colocou minha pergunta lá no Viaje na Viagem. Algumas pessoas responderam sugerindo aquários diferentes em Tóquio, e a Lucia Malla, que é bióloga e mergulhadora-mor, disse que queria mesmo ter ido no Aquário de Shinagawa. Não tive nem dúvidas, foi pra lá mesmo que nós fomos.
Chegamos na estação Omorikaigan e fomos procurar direções pro Aquário de Shinagawa. Moleza: eles tem um mapa bem na porta da estação indicando a rota com pontinhos e também uns desenhos no chão, na calçada mesmo, indicando o caminho. O Aquário fica no final de um jardim tradicional japonês bem bonito com um lago grande, fomos andando e apreciando o jardim (mas derretendo, porque esse dia foi o mais quente que pegamos).
Finalmente chegamos e uma surpresinha – eles só aceitam o pagamento do ingresso em dinheiro. Eu já tinha falado pro Gabe que a gente precisava tirar dinheiro (paramos literalmente na frente de uma máquina de saque antes de pegar o metrô) e ele disse que “já estava muito tarde” e que tiraria depois pra gente não perder mais tempo…que beleza! Lá foi ele procurar uma máquina de tirar dinheiro no meio do nada (como falei o Aquário fica no final de um parque grande, ele teve que andar tudo de volta naquele solzão escaldante) e aí começar a procurar uma máquina de tirar dinheiro que aceitasse cartões internacionais (nem todas aceitam). Lição pra vocês: não façam a mesma coisa! No Japão ainda é importante andar com dinheiro na carteira, porque nem todo lugar aceita cartão (principalmente museus e restaurantes pequenos, que só aceitam dinheiro). Ele levou uns 40 minutos pra ir e voltar, chegou no Aquário pingando de suor, sorte que a gente estava andando com a toalhinha que compramos na Disney no dia que a Julia entrou na fonte, e ele pôde se lavar e se enxugar. Esse processo acabou demorando muito mais tempo do que se tivéssemos pego dinheiro antes de entrar no metrô, claro. E nisso tudo a Julia dormindo no carrinho, ainda bem, porque ela teria ficado maluquinha de esperar esse tempo todo na porta do Aquário sem poder entrar.
Finalmente entramos, o Aquário é bem bonitinho, pequeno mas bem organizado e com tanques muito interessantes (uns peixes e animais marinhos que eu nunca tinha visto em aquário nenhum). Você entra e começa vendo os aquários com os peixes do rio Sumida e da Baía de Tóquio, e ali do lado tem o auditório para os shows. Estava bem na hora do show de leões marinhos, mas a Julia não quis acordar pra ver e o Eric resolveu chorar que queria mamar assim que o show começou, então nos retiramos e fomos almoçar no Dolphin Café, que é o restaurante do Aquário mas que fica do lado de fora e no meio do lago, com uma vista bonita. Repararam que a gente mal entrou e saiu? Pois é. Almoçamos, a comida era bem boa, comi um camarão katsu muito gostoso, o Gabe foi de yakiniku-don, que ele come nos EUA mas esse era completamente diferente – ele preferiu a versão americanizada, não curtiu muito o molho que veio na versão original japonesa. O Eric ficou brincando tranquilo enquanto a gente almoçava (depois de mamar e comer também, claro) e a Julia dormiu o tempo todo (fiquei chocada, achei que ela ia acordar e comer). Quando acabamos, voltamos pro Aquário pra ver o show de golfinhos que ia começar.
O show de golfinhos me impressionou por duas razões: como é um Aquário pequeno e o tanque não era muito grande achei que ia ser um show simples, mas na verdade vimos os golfinhos fazendo um monte de saltos altíssimos e outras gracinhas que não tinha visto em shows nos EUA (e aí fico com a pulga atrás da orelha pensando se isso é bom ou ruim pros golfinhos). Mas foi um dos melhores shows de golfinhos que eu já vi – eu prefiro as acrobacias do que firulas com música e teatro como tem muito aqui nos EUA. O outro motivo foi o tamanho do tanque. Achei muito pequeno praqueles golfinhos todos, e como os japoneses não são lá muito famosos pelo bom tratamento dos animais marinhos, fiquei preocupada. Julia finalmente acordou pra ver, adorou, e o Eric ficou assistindo no meu colo fazendo “aaahhs!” quando os golfinhos pulavam, ele não tirava o olho dos golfinhos. Ficou apaixonado.
Quando acabou o show fomos circular pelo Aquário: vimos os pinguins, que vieram até o vidro dar um oi pro Eric. Depois fomos pro subsolo e ficamos todos impressionados com o tanque principal que tem um túnel onde você passa e vê raias e tartarugas gigantes entre muitos outros peixes coloridos. Julia não queria sair de lá, e aparentemente nem o Eric, que ficava seguindo as enormes raias. Passamos pelos caranguejos gigantes japoneses, realmente imensos, Julia achou o máximo.
Seguimos pros aquários menores, com água-vivas, peixes de rio, peixes do Caribe, e aí uma parte só de “fauna marinha estranha”, muito legal, com peixes super diferentes. Na ordem, depois do polvo: o Nautilus (esse caramujo gigante), os Shrimp Fish, que ficam “em pé”, as enguias elétricas (e o painel mostra a voltagem da descarga elétrica), o peixe folha e o peixe-vidro. Gostamos mais dos peixes folha, demais! No final você vê o tanque dos golfinhos por baixo e assistimos uma parte do show (o mesmo que tínhamos visto, em outro horário) lá embaixo.
Vimos o tanque com 2 tubarões enormes (Julia não quis chegar perto, com medo!), um goblin shark preservado (é um tubarão-duende, de águas profundas, um dos mais antigos tubarões do mundo) e seguimos pra área das focas pintadas, que ficam em um tanque muito interessante com túneis e outras formas diferentes pra ver as focas, você se sente dentro do tanque também. Ficamos lá até o Aquário fechar, as 17h, passamos na lojinha de souvenirs que fica perto do café na saída mas não vi nada super interessante e fomos pegar o trem de volta.
Fizemos um lanche na estação Shinagawa na Andersen (vocês já viram que a gente bate ponto na Andersen né), demos uma olhada nas lojas ao redor, muito interessantes: uma que vende uns bolos no palito (parecem uns bolos Ana Maria no palito!), uma outra que vende doces típicos japoneses e estava dando provinhas (comi um mochi geladinho gostoso!), uma outra padaria francesa enorme, adoro essas estações grandes cheias de comidinhas gostosas!
Chegamos na estação de Shibuya e ficamos um tempinho vendo o monte de gente atravessando o cruzamento mais lotado do mundo e seguimos pro apartamento. Chegamos juntos com os nossos amigos, resolvemos comer uma lasanha pro jantar e fui pro mercado com a Marcela comprar os ingredientes. Fomos num mercado internacional e ela disse que só consegue encontrar carne moída lá (engraçado pensar que é difícil encontrar um negócio tao corriqueiro como carne moída!). O mercado realmente tem muitas marcas que a gente conhece nos EUA, como macarrão Barilla, molho de tomate Classico, bebidas Lipton, e assim por diante. Mas claro que tem um monte de produtos tipicamente japoneses e é só dar uma olhadinha na geladeira de peixes e nas frutas tropicais caríssimas em cestas pra presente pra não ter dúvidas que você está no Japão. O resto da noite foi caseiro, comendo lasanha e batendo papo em casa com os amigos e colocando as crianças pra dormir, muito bom.
Roteiro de Tóquio dia-a-dia:
Dia 1: Direto do Japão (chegando no aeroporto de Narita e indo para Tóquio de trem)
Dia 2: Passeando em Tóquio com as crianças
Dia 3: Chuva em Tóquio e um playground fechado para as crianças
Dia 4: Provando os sabores de Tóquio
Dia 5: Mistura da Tóquio tradicional e moderna: jardins Hama-rikyu e passeio a Odaiba
Dia 6: Visitando a Sanrio Puroland: o parque da Hello Kitty
Dia 7: Visitando a Disney Sea
Dia 8: Ueno Park e Zôo
Dia 9: O Aquário de Shinagawa
Dia 10: Tokyo Tower, Museu Edo-Tóquio e jantar no L’Atelier de Joel Robuchon
Dia 11: Ueno (National Museum of Western Art) e Ginza
Dia 12: Shinjuku e Shinjuku Gyoen (picnic)
Dia 13: Visitando Hakone e o Hakone Open Air Museum
Dia 14: Roppongi (Mori Tower) e restaurante Ninja
Dia 15: Sayonara Tóquio
Observações sobre o Japão
Não deixe de ler também todos os meus posts sobre o Japão no Aprendiz de Viajante e os posts da primeira viagem que fizemos ao Japão em 2006 aqui.
Leave a Reply