Como contei no post sobre a festinha de aniversário da Julia, as escolas por aqui andam numa neura com alimentação saudável. Como estão todos apavorados com a obesidade infantil aqui nos EUA, tudo que vai pra boca das crianças hoje em dia tem que ser “healthy” (saudável). O problema é a classificação do que é saudável por essas bandas. As pessoas andam confundindo comida saudável com alimentos de baixa caloria, que não são necessariamente a mesma coisa. Um exemplo básico: a sugestão da escola de picolés de fruta como saudáveis. A maioria esmagadora dos picolés de frutas vendidos aqui nos EUA são feitos com: água, corantes, sabores artificiais de fruta, e se você der sorte, açúcar, ou então high fructose corn syrup, que é o onipresente xarope doce feito de milho que adoça uma infinidade de produtos industrializados. A quantidade de calorias é baixa, mas o que tem de saudável num picolé desse? Nada. O valor nutricional é igual ao de uma bala. E esse raciocínio de que “não engorda = então está bom” vem sendo praticado pra tudo. É assim que o chocolate caseiro do bolo de cenoura vira item “do mal” e um string cheese “produto imitação de queijo” é considerado item “do bem”.
E aí minha gente, o que vai acabar acontecendo, é que eles estão trocando um problema por outro. De obesos vão passar a malnutridos, porque vão se encher de alimentos de baixa caloria sem valor nutricional, e pior, cheios de produtos químicos – substitutos de gordura, de açúcar, e o que mais a indústria colocar nesses alimentos pra “saciar” sem realmente alimentar. E a oferta de produtos desse tipo aqui é enorme. Ao invés de educar, pra todo mundo poder fazer boas escolhas, orientar as pessoas a consumirem alimentos não-processados, ensinar a molecada a cozinhar desde a escola, estão ensinando novamente o caminho mais fácil: antigamente era o caminho do fast food, agora é o caminho dos produtos prontos que sejam light, diet, ou “healthy”, que é a palavra do momento, sendo estampada em um monte de coisa que não merecia nem de longe essa atribuição.
Uma olhadinha rápida na lista de “nutritious snacks” (lanches nutritivos) que a escola pública da Julia mandou pra gente mostra bem como anda essa história:
– 5 itens na lista são biscoitos salgados ou doces que de nutritivos não tem nada ou muito pouco, são somente de baixa caloria
– pipoca 94% fat-free, outra que de nutritivo não tem quase nada, fora que é cheia de produtos químicos, negando qualquer benefício (a ênfase aqui é no fat-free, vão vendo)
– queijo low-fat (tipo string cheese) que 1) é um queijo industrializado que muitas vezes é apenas imitação de queijo, e não queijo de verdade (sim, isso existe aqui, produto imitação de queijo e não são poucos) e 2) se o seu filho não está de dieta por motivos de saúde (leia-se médico mandou fazer dieta por algum motivo), por que mandar um queijo low fat industrializadíssimo muitas vezes apenas imitação de queijo ao invés de um queijo normal, de verdade?
– rice cakes, que é um negócio totalmente industrializado feito de arroz e açúcar ou produtos químicos pra adoçar e grudar o arroz, valor nutricional ridículo, tipo de coisa só pra encher a barriga
– bagels, que são apenas pão, normalmente muito mais calóricos do que uma fatia de pão por sinal
– gogurt, que é um iogurte que vem num saquinho fácil de comer, porque eles não querem que as crianças tenham que levar colher pra comer um iogurte que não seja num saquinho desse (não interessa que tem um montão de iogurtes de melhor qualidade e valor nutricional, o negócio aqui é conveniência)
– fruit snacks, que são frutas industrializadas que parecem umas jujubas, muito longe do valor nutricional de uma fruta de verdade, normalmente são a solução que muitos pais encontram se os seus filhos não comem frutas in natura
E aí sim, tem os itens realmente saudáveis da lista, que são frutas (mas tem que poder comer com a mão, nada de garfo ou colher), legumes crus (mesma coisa que as frutas), cereal em barra (que podem ser de boa qualidade ou tão cheios de açúcar quanto um doce, varia), frutas secas, bolos (muffins) de frutas ou grãos (que como as barras de cereal podem ser pro bem ou pro mal).
Ainda avisam pra não enviar nada que precise de “preparação”, como por exemplo (está escrito no papel, eu juro): descascar uma laranja (!).
Não estou nem dizendo que não como ou nunca compro nenhuma das coisas acima (aqui em casa a gente adora um bagel por exemplo), mas colocar esses itens numa lista como sugestão de alimentos nutritivos é no mínimo orientar mal um monte de pais que não pararam pra pensar no que estão comprando e oferecendo pros filhos. Se você sabe o que está comprando, claro que a história muda de figura. Quando eu compro um bagel eu sei o que a gente está comendo, assim como quando dou uma panqueca pra Julia no café da manhã não estou achando que aquilo ali é um café-da-manhã saudável, como muita gente aqui pensa. Mas se ela come uma panqueca no café, não vou dar um bagel no almoço e mac and cheese no jantar, a gente vai balancear as demais refeições do dia de acordo. Só que tem muita, muita gente mesmo que não sabe fazer isso. E se a escola falou que é saudável, então as pessoas acreditam nisso e pronto.
Quando eu falo que o bom senso por aqui anda em falta e eles estão tentando sair de um problema e criando outro, não estou brincando. Enquanto a sociedade americana não entender que pra comer direito precisa de um mínimo de tempo (pra descascar uma laranja! pra comer uma fruta cortada usando um garfo! pra cozinhar uma refeição ao invés de comprar algo pronto e esquentar, como fazem com a comida das escolas), e que comida de baixa caloria não significa comida saudável, vão criar uma nova geração que pode até ser mais magra, mas não terá melhor saúde do que a geração obesa que está aí.
Angela says
Oi Luciana, concordo plenamente com a sua opiniao ! Meu filho tem algumas dificuldades para comer, e devido a isso, ele faz feeding terapy. Entao que a terapeuta vem aqui em casa toda semana, e claro, da sugestoes de coisas que seria bom oferecer para meu baby de 22 meses, veja bem, nem completou dois anos ainda ! Senta pra nao cair, pq eu fiquei horrorizada…
1- oferecer sorvete com refrigerante, o nosso conhecido vaca preta (Eu disse que nao daria, pq em casa nao temos o habito de tomar refrigerantes e que ele e muito baby para esse tipo de bebidas, ja que eu nao tomo porque oferece-lo ao meu filho)
2- dar aquelas carnes industrializadas em bastao, me desculpe mas nao tenho ideia do nome daquilo. (Eu falei que tambem nao daria pq se eu nao tenho coragem de comer aquilo teria menos ainda de dar pro meu filho, que nao achava aquilo nada saudavel)
3- dar pepinos em conserva (Nao obrigada, meu filho tem refluxo, nao pode comer conservas)
Por fim, ela disse que cenoura e celary crus seriam uma boa opcao. So concordei nesse ponto, afinal o que adianta tentar resolver um problema e criar outro ?!
Francélli says
Nossa, horrorizada com teu post e com o comment acima, da Angela.
Eu ia questionar se não existem nutricionistas nas escolas, mas a Angela falando que uma terapeuta alimentar aconselhou sorvete com refrigerante para uma briança de 22 meses, eu só posso pensar que há um problema na formação desses profissionais!
Não é possível que profissionais da saúde e nutrição passem esses absurdos alimentares adiante.
Existem faculdades de nutrição aí, Lu? Ou cursos técnicos e/ou semelhantes?
Os americanos estão é mal educados no assunto nutrição.
P.S.: acabei de comer uma fatia enorme de bolo de chocolate :)))
Monica says
Realmente essa lista e’ de assustar. Fiquei de queixo caido com a questao da laranja. A escola manda de volta neste caso?
Julinha says
Lu,
Nem me fala! Eu fico doente! O principal motivo que a Kiki eh homeschooled eh essa barbaridade de comida nas escolas. Claro, no caso dela, sao as alergias mas eu fico passada quando vejo minhas amigas falarem das coisas que as criancas comem nas escolas. Um horror. Isso sem falar nos sucos de frutas ne? Aqui beber suco eh um crime, mas coca cola light eh uma maravilha. UGH!
Celina says
Lu, se não fosse você contando eu não acreditava! Estou começando a achar Miojo o negócio mais nutritivo do mundo (era o que eu dava para os meus filhotes qdo estava absolutamente atrasada e em pânico, mas morta de culpa!) E o mais louco é ser difundido como bíblia pelas escolas. Ainda bem que em casa tem bom senso! bjs
mari - viciados em colo says
confesso que estou chocada!
Monica says
Lu, mas olha, aqui a Luna come cenourinha, tomate, brocolis, e adora. No Brasil as crianças da idade dela , todas que eu vi não gostam e nao comem legumes, e o pior: TOMAM REFRIGERANTE em todas as refeiçoes. Muito dificil manter a Luna longe dos refrigerantes lá, já que toda festinha que iamos, so tinha isso, nenhum suco! E ainda me olhavam espantados, ela não toma refrigerante????????
Mariangela says
Lu,
Meus Deus! Gostei da reflexão. Realmente e verdade. Não vejo essas coisas como saudáveis de jeito nenhum. Balancear a alimentação e a melhor saída.
Acredito que existe muito gente bem informada tbm, que entende bem sobre nutrição, mas infelizmente não é a maioria. Eu tenho aprendido muito com algumas dessas fontes. E com certeza já cortei muito o consumo de produtos industrializados, ate mais do que quando morava no Brasil. Existe tbm um numero alarmante de pessoas no Brasil que esta cada dia mais obesa e as cirurgias de redução de estômago estão uma febre.
Mas e alarmante seu relato com a rede publica e suas recomendações!
Adorei o post!
Marina Soares says
Oi Luciana! Infelizmente não acho que este seja um problema exclusivo dos EUA. Aqui no Japão sinto que eles têm uma dificuldade muito grande em relação a alimentação saudável. Por exemplo: instant noodle, pão com recheios e maionese, oniguiri (bolinho de arroz com alga e algum tipo de frutos do mar/frango ou outras coisas + maionese) é o almoço básico de muitos japoneses DIARIAMENTE! Os mais “preguiçosos”, comem a mesma coisa 2 ou até 3 vezes ao dia. Assim como você falou, não digo que não como, claro que faço! Mas já faz um bom tempo que ando evitando comer este tipo de comida que para mim não é nada saudável. Sinto muita falta da comida brasileira (principalmente do nordeste), que talvez também não seja tão saudável, mas pelo menos sei que por lá vou poder comer muita fruta e verdura e poder beber um suco de fruta 100% natural! Frutas e sucos naturais por aqui é artigo de luxo de caro que são, mas termino fazendo sacrifícios (por ter economizado não comprando comida pronta e sim cozinhando eu mesma) e compro! Mas quando você conversa com os japoneses, ele acham que são saudáveis! Então é difícil saber o que é considerado saudável para cada povo com culturas e habitos diferentes.
Juliana says
Luciana,
Outro ponto que sempre me assusta… é o sódio adicionado aos produtos industrializados, sobretudo os light/diet. Nós não temos filhos, mas sou uma atenta observadora da alimentação das pessoas, de uma forma geral. Tudo o que é “mais fácil” de consumir, ou ostenta rótulos de light/diet, é altamente indicado/consumido. Um lanche, do tipo salada de frutas e um sanduiche com pão integral, queijo e presunto magros, em que pese saudável, dá trabalho, ou seja, não entra na lista dos lanches healthy.
Juliana
Carolina says
estou simplesmente chocada! preciso de tempo para “digerir” o post e comentar! 😉
Marisa says
Luciana, adorei o desabafo e a reflexão! A lista é realmente assustadora, mas concordo com o pessoal que diz que o problema não está restrito aos EUA.
Minha cunhada, que é italiana, dá diariamente para a filha, por recomendação do pediatra, um leite longa vida cheio de açúcar e outras porcarias. É uma caixinha comercializada pela Nestlé lá na Itália especificamente para crianças. Repito: ela faz isso por recomendação do pediatra! Em relação ao Brasil, fiz a coleta de dados para a minha tese de doutorado em escolas particulares no Rio, então tive a oportunidade de observar o que as crianças comem durante o lanche. De maneira geral, as crianças levam um monte de coisa industrializada: biscoito, bolinho, bebida de soja cheia de conservantes, etc.
Enfim, também moro nos EUA e concordo plenamente que a situação aqui é alarmante. Mas acho que, infelizmente, a coisa também não anda muito boa em outros países.
Bárbara says
Tive a chance de participar de um encontro nos EUA em que éramos mais de 100 pessoas de 60 países. Numa dessas dinâmicas de grupo, nos pediram pra falar 1 ponto positivo e outro negativo em relação à nossa experiência no país. E me chamou a atenção o comentário de uma chinesa: “aqui, o alimento é tratado como inimigo”. Isso ficou me martelando na cabeça. E é isso mesmo: a cafeína, a gordura, o açúcar, o sal. Tudo é seu inimigo. E nada tem a ver com a quantidade que o povo come.
Comentando com uma amiga americana, ela confirmou: quando ela era criança, o grande vilão era o açúcar, então, no limite, era “preferível” dar um refrigerante diet (sem açúcar, portanto) a um copo de suco de laranja.
Não é à toa que nos EUA é cheio de produto do tipo “parece manteiga mas não é”. Não tem problema ser um tanto de químico, desde que não tenha a gordura da manteiga. Comem docinho cheio de adoçante, desde que não tenha açúcar. E por aí vai…
E o pior: na minha opinião (e não sou nutricionista nem nada), vão ter uma sociedade malnutrida E obesa, enquanto não repensarem o hábito alimentar como um todo.
Dri says
A única restrição que eu tenho aos sucos é a parte industrializada da história. Sem sombra de dúvidas, entre um suco de caixinha normal ou um refrigerante zero, o refrigerante é ‘menos pior” por conta da ausência de açucar. Esses sucos industrializados tem tudo menos os nutrientes das frutas e muita gente cai no erro de tomar como se fosse água porque suco de fruta é saudável. Especialmente esses que vêm com “gominhos” de laranja, pra passar a idéia de que são 100% naturais…
Tenho também problema com suco de laranja natural, mas aí já é outra história…
Flávia C. says
Fiquei curiosa para saber qual a sua restrição ao suco de laranja natural, por uma questão de conhecer outro ponto de vista mesmo, já que não consigo imaginar qual seria o problema. Cresci numa casa onde havia muitos “pés de fruta”, inclusive 4 de laranja. Nós tomávamos suco natural espremido na hora, sempre me pareceu muito saudável. Por isso gostaria de saber sua opinião. 🙂
Dri says
Oi Flávia,
Meu problema com o suco de laranja é só a quantidade de açucar (ok, frutose de uma fruta “natural”, mas ainda assim açucar) que vc acaba ingerindo só pq a laranja está líquida. Todo mundo que já fez suco de laranja em casa, espremido na hora (como eu tomava muito quando pequena) sabe a quantidade de laranjas necessárias pra encher um copo. Hoje em dia, eu dou preferência a comer a laranja. Uma única me satisfaz, pq comendo vc também ingere as fibras e tem uma maior sensação de saciedade. Não conheço ninguem que coma 10 laranjas de uma só vez, mas beber um montão de suco fresquinho sem nem perceber, é super fácil.
Ok, eu concordo que é excesso meu e nem estou querendo demonizar o suco. É que procuro ter muito cuidado com os açucares “escondidos” nos alimentos pq tenho histórico de diabetes na família.
Bárbara says
vc tem razão, Dri. Mas entre um copo de suco de laranja natural e um copo de coca cola, fico com o suco de laranja, por mais açúcar escondido que possa ter. Não era o caso da mãe da minha amiga…
(e eu conheço uma pessoa que come 10, 20 laranjas em uma sentada: minha mãe! incrível hehehe)
Barbara Axt says
Olha, esse eh um assunto sobre o qual eu poderia falar por muitas horas…
Essa paranoia maluca de associar saudavel = baixa caloria eu vejo muito no Brasil. Eh so entrar num Mundo Verde da vida que esta cheio de produtos diet e light, que parecem uns veneninhos, cheios de adocantes, ultra processados. O povo ainda nao entendeu que o grande lance eh evitar processados.
Ja aqui no UK eu vejo algumas coisas parecidas com o que voce menciona. A creche do Jonas da leite semi desnatado para as criancas de 2 anos! Para que, meu deus? Gorduras sao importantes numa dieta.
Mas sabe como eh, cuidar da qualidade da gordura (dar preferencia para as vegetais, nao processadas, virgens, etc) eh muito mais complicado do que simplesmente tratar qualquer gosrdura como inimigo (adorei a frase do comentario anterior).
Eu ignoro tudo isso e sigo as minhas (poucas) regras. Evito comidas que minha bisavo nao reconheceria como comida (dica do Michael Pollan, acho), evito processados em geral, e nao como nada que finja ser outra coisa ou que tenha um “atalho” (comida diet, light, fat free, etc. Nem leite desnatado entra em casa). Idealmente nao comeria nada com embalagem, mas nao tenho tempo para seguir essa regra 🙂
Ai eu vejo o pessoal a minha volta cheio de problemas de saude perfeitamente evitaveis com uma dieta bacana, mas eles acham que comer como eu eh coisa de maluco (e olha que eu nem sou das radicais, compro comida pronta, como carne, etc)
Luciana Svilpa says
Eu acho que tudo isso é harm reduction, longe de ser o ideal. O ideal mesmo é que um prato de comida fresca e saudável não custasse 3x um sanduíche de fast food, ou um alimento congelado/enlatado. O ideal é que existissem atividades físicas mais acessíveis pra grande parcela da população obesa, que travalha de sol a sol pra criar os filhos. E obviamente, o ideal seria se as pessoas fossem bem educadas na hora de sair do médico, não só uma listinha de meia dúzia de items. Só que eles não dão cesta básica, né? 😉 E tem aqueles que nao podem ir nos médicos, né? Ai, ai. Muita coisa pra mudar, e muita coisa pra arregaçar as mangas. Eu entendo muitos fatores como o a resistência a carboidratos que a gente pode criar ao longo da vida – no Brasil por exemplo, o índice de diabetes tipo 2 (e mais cedo) está crescendo em níveis alarmantes, então não duvido nada que nos próximos anos algumas medidas estranhas sejam adotadas.
Michelle D. says
Realmente esse eh um tema para debate. Gosto muito de nutrição e me considero uma pessoa com bastante conhecimento sobre o assunto porque leio bastante sobre o tema. Concordo com exatamente tudo o que você disse acima. Há uma necessidade ridícula de consumir alimentos com menos índice calórico em detrimento do real valor nutricional do alimento. Em nome da praticidade e do fim da obesidade! Não tenho filhos e realmente fico chocada de ler essas barbaridades! Escuto com bastante frequência que sou maluca em cozinhar diariamente, não so pelo tempo que perco em si, mas também pelo alto custo dos alimentos in natura. E o alto custo das frutas e vegetais por aqui eh realmente um problema. Praticamente todas as minhas amigas se intitulam saudáveis comendo lasanha vegetal congelada, tomando suco de uva de caixa e comendo fig newtons de sobremesa. Realmente não entendo… Ate já ouvi por ai que comer muita fruta faz mal a saúde porque contem muito açúcar.
Tanylle says
Lú,
Passou pela sua cabeça contestar essa lista na escola?? Pergunto isso pq, se vc tem consciencia desse equivoco( adorei seu relato e concordo com tudo) penso que o certo seria se manisfestar e ir a escolar contestar. Sou daquelas que acho que devemos tentar fazer alguma coisa pra mudar algo que achamos errado. Bom, sei que pode parecer um tanto lunático, mas acho que não custa nada tentar e quem sabe vc n consegue mudar essa tal listinha!
Beijos
Alessandra says
Lu,
li seu post e concordei em tudo! O pior eh ver o “kids menu” em restaurantes: salsicha empanada, nuggets de frango e peixe, batata frita, como assim???????? Isso eh o que se da pra criancas! E os tal crackers de almoco? E o baby cereal? Onde esta a bananinha amassada, o mamao, a aveia. Cade a sopinha de legumes?
O pior eh que eles acham que o vilao e o acucar mas SE ENTOPEM de gordura! Bacon de cafe da manha, ovos? Tenha santa paciencia.
E isso tudo pq as maes nao cozinham! E eh triste que muitas vezes a razao eh a carga de trabalho intensa.
Agora triste mesmo eh ver que o Brasil esta no mesmo caminho! Fiquei abismada com a obesidade das criancas e adolescentes! Daqui ha alguns anos estaremos “just like them”…
Livi says
Oi Luciana,
Infelizmente isso não me surpreende nem um pouco, no fim das contas é preguiça mesmo que faz as pessoas entupirem as crianças de porcaria. Como vc disse vão criar um geração magra e sem saúde, que não sabe a diferença entre um alimento saudável e uma porcaria. E o pior, comendo um monte de alimentos frankenstein que só vamos ver os problemas de saúde que vão causar daqui a alguns anos.
Por aqui vamos tentando balancear a alimentação e ensinar o que é bom ou ruim, rezando que no futuro as meninas façam as escolhas certas. 🙂
patricia pereira says
Gosto muito de ler esses posts sobre a vida cotidiana de outros pases, principalmente a cultura e hbitos alimentares. Por trabalhar em escola pblica em bairros perifricos vejo que um dos pontos positivos de nossas escolas a merenda. Pelo que posso ver os alunos comem muita coisa boa diariamente. Por exemplo a base arroz-feijo-carne/frango-legumes cozidos/salada. Uma vez por semana servido algo como bolo ou cachorro-quente e suco (ningum perfeito, mas pelo menos no suco em p, daqueles concentrados) de uva, goiaba, acerola e como o peixe faz parte da dieta da regio, esses dias teve peixe ao molho, estava muito gostoso… Os alunos esto aprendendo a comer legumes, por exemplo quando vem chuchu as cozinheiras fazem com frango e assim eles vo comendo sem quase reclamar de ser legume. Outra coisa que favorece esses alunos nessa questo (mas no favorecem em outras) a falta de dinheiro. A gurizada no tem dinheiro para comprar besteiras, alis as escolas nem podem ter cantina) e acaba que a obesidade por aqui ainda no um grande problema, na ltima visita do programa Sade na escola, apareceram poucos casos de sobrepeso e pouqussimos casos de peso baixo/desnutrio. Ento, pra terminar, as vezes eu fico meio assim de ver um aluno comendo com tanto gosto um prato de arroz com feijo(s vezes a escola fica sem “mistura”) mas pelo menos ele no est comendo algo industrializado sem valor nutritivo algum. H falhas, estamos falando de educao no Brasil, mas h tambm um esforo em proporcionar uma alimentao saudvel s crianas. Ps: Quando tem laranja, as tias cortam em quatro (sem descascar) e as crianas comem com todo gosto, o sumo escorrendo pelos dedos, acho que algumas pessoas ficariam chocadas com a cena rs.
Barbarella says
Esse assunto dá pano pra manga e eu poderia escrever muito sobre ele. Vou ser repetitiva, perdoe-me, mas essa questão me irrita profundamente. Meu marido (americano) diz brincando que eu “arruinei” a vida dele no quesito alimentação. Ele ficou horrorizado quando descobriu que Velveeta não é queijo e que a maioria dos sucos ditos “naturais” são na verdade imitações artificiais com 5-10% da fruta apenas. Ele passou a ler rótulos e descobriu que cresceu comendo subprodutos, alimentos processados, industrializados, e nada saudável como as embalagens & propagandas tentam passar. Como cozinho em casa, o paladar dele já mudou bastante e hoje ele não consegue mais comer certas coisas, como abacaxi enlatado. Pessoalmente essa questão da alimentação é uma eterna luta já que sempre tenho que investigar tudo constantemente. É uma pena que a cultura americana seja assim…