O quadragésimo post da série Por que viajar com crianças? é com a Chris Lima do blog Miss Lazy has a, ops, two babies (twitter).
Conta pra gente, Chris:
Quando era pequena, a gente viajava bastante de carro pelas redondezas; viagens de carro pelo litoral e serra do Rio eram meio rotina, então nunca vi isso como “viajar”. Foi quando meus pais se separaram que deu a louca na minha mãe e ela resolveu carregar a gente pra viajar pelo Brasil. Acho que foi aí que aprendi a pegar o gosto por aeroportos, aviões e destinos diferentes.
Marido e eu nos conhecemos em Londres, em 2005, e no início viajávamos muito. Estamos tentando resgatar esta paixão em comum e aprendendo juntos a viajar com crianças. Como sempre fizemos o esquema mochilão, dividir quarto com estranhos, fazer uma refeição por dia, dormir e acordar tarde, estamos tendo problemas para adaptar nosso jeito de viajar. Minha filha completou 3 anos em maio, já foi duas vezes ao Brasil, três a Romênia, foi ao Chipre, a Barbados e já está acostumada a longas viagens de carro por Kent, onde moramos. A mais nova acabou de nascer e vai ter passaporte antes de completar 2 meses de idade. Mesmo assim, somos amadores e temos muito o que aprender com os viajantes profissionais.
1) Por que viajar com os filhos?
No meu caso, minhas filhas são parte integrante do meu ser. Se elas não forem, eu não vou; e como eu preciso sair de Londres de tempos em tempos, a família toda vai. Já viajei a trabalho sem a Laura, mas férias sem filho ainda não consegui (talvez este seja o próximo exercício). Ah sim, o fato de morar em Londres e ter família no Brasil e na Romênia nos obriga a viajar também.
2) Como foi a primeira viagem com as crianças?
Foi para o Brasil por 3 semanas para visitar a família, quando Laura tinha quatro meses de idade, emendada numa viagem a Califórnia por mais três semanas. Fui sozinha com ela pro Brasil; ela chorava de um lado, eu do outro. Fazia de tudo para ela dormir ou ficar quietinha. Era o tipo de pessoa que se irritava com choro e grito de criança antes de ter filhos e pra ser sincera nada mudou neste ponto – ainda me incomoda profundamente, tanto filhos dos outros quanto meus. Estava apavorada, irritada, cansada, achando que iam me jogar pra fora do avião se Laura não parasse de chorar. Quando chegamos no aeroporto do Rio, o gringo que sentou do meu lado veio me parabenizar pelo comportamento exemplar da minha filha e meu por estar sempre tentando confortá-la; segundo ele foi a melhor viagem DELE com criança do lado. Pode até ter sido mentira, mas serviu como um incentivo e um calmante. O vôo para a Califórnia já foi menos difícil; marido estava junto para revezar e eu já tinha mais “experiência”.
3) Qual foi a viagem mais legal da família?
A gente não viaja tanto quanto gostaria, apenas uma ou duas vezes por ano, e todas foram muito legais. Se fosse escolher uma, diria que foi a da Califórnia. Fiquei duas semanas no hotel em Newport Beach porque marido estava trabalhando, fomos num final de semana pra San Diego, e a 3a semana e última semana, foi uma viagem de carro de Newport Beach, onde estávamos, até San Francisco. Adorei a Califórnia (queria me mudar pra Santa Bárbara!!), Laura, então com 5 meses, estava numa fase ótima – mamando no peito e ainda não comendo comida – e se comportou super bem. A gente não chegou a entrar no mar (Outubro/Novembro, inverno), mas estava quente e estar perto do mar faz uma diferença enorme pra mim.
4) Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou viajando com crianças?
Para uma pessoa estressada e paniquenta como eu, tudo parece difícil e complicado, mas pra ser muito honesta, só teve uma situação muito ruim e nem foi durante a viagem em si. Foi quando Laura, aos 9 meses, caiu do trocador no aeroporto de Londres, chegando de uma viagem a Romênia. Foi um Deus nos acuda para levá-la ao hospital, etc. Felizmente não aconteceu nada, ela não sofreu nada, o médico disse que provavelmente ela chorou mais de susto com meus gritos do que qualquer coisa. Eu quis morrer, jurei que nunca mais viajaria, etc. Cinco meses depois, estava embarcando pro Brasil com ela, sozinha. Ou seja, trauma zero.
5) Qual é a sua dica número 1 pra outras famílias viajantes?
Para pessoas como eu, a dica é nascer de novo, haha. Piadas a parte, ainda me considero amadora na “arte” de viajar (mesmo sem crianças), então a única dica que posso dar é “se joga” porque a gente aprende com a prática, ou aprende a não se estressar tanto com coisas menores porque a vida é assim mesmo. No nosso caso, a gente não tem a fórmula do sucesso, nenhuma viagem é igual a outra. As regras vivem nos mostrando que existem exceções. Então ou a gente encara a viagem, com todas as delícias e dificuldades, ou a gente fica em Londres o ano todo – o que pra mim é uma tortura, ainda mais no inverno.
6) Qual será a próxima viagem de vocês?
Minha segunda filha esta com um mês e óbvio que uma nova onda de pânico está tomando conta do meu ser quando o assunto é viajar. As duas próximas viagens serão destinos repetidos, mas com um toque de novidade. Vamos a Romênia em julho/agosto, minha primeira vez lá no verão (todas as outras foram no inverno e eu jurei que não pisaria mais lá quando a temperatura estivesse abaixo de 20C) e a ideia é fazer uma road trip na região da Transilvânia (marido é de lá). E queremos ir ao Nordeste do Brasil em dezembro/janeiro. Vai ser a primeira vez do marido, que também não aguenta mais visitar minha família. Está rolando um misto de euforia e pânico, meio como ir numa montanha-russa.
Obrigada, Chris! Eu estou rindo ainda com as suas respostas super honestas, tenho certeza pelo que o gringo falou que a coisa não é tão ruim quanto você imagina, mas todo mundo tem seus momentos de pânico, nós já tivemos os nossos também, hehe 🙂
Se você viaja com os filhos e quer participar dessa série de entrevistas, entre em contato. Se você ainda não tomou coragem, espero que esse e os próximos posts da série sirvam de inspiração.
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Giovana says
Adoro o blog e a sinceridade ela!
Fernanda says
Adorei! Muito sincera!
Livi Souza (Baianos no Polo Norte) says
Adorei as respostas sinceras e engraçadas dela. Gente, filho caindo do trocador até eu panicava viu! Paniquei quando a minha caiu do sofá…
Estou indo no blog dela agora 🙂
Viviane Santana says
Ela me faz lembrar eu – rsrsr
Eu achava( e as vezes acho) que tudo ficou mais complicado com filho e viagens era uma delas, mas encaramos 12 horas Rio-Ribeirão de carro com Clara e vimos que não foi tão ruim assim – rsrsr
Claro que uma viagem que faríamos os 2 em 6/8hporas levamos o dobro, pq paramos pra descansar, dá mamadeira e etc, mas no final o saldo foi positivo. A próxima será somente eu e ela e minha mae em Salvador/Ilhéus em Março 🙂
carnaval vamos pra Terê, mas aí é viagem pertinho 🙂
Aos poucos estou vendo que existe vida de viagem pós bb – rsrsrsrsr