De Kansas City dirigimos até Saint Louis, Missouri, são aproximadamente 4h de carro. Nós já tínhamos visitado a cidade em 2005, mas acabei nunca escrevendo sobre a visita aqui no blog (vou resgatar umas fotos daquela viagem no próximo post, quando falar das atrações em Saint Louis). Eu nunca tinha ouvido falar do City Museum em Saint Louis, mas recebi uma recomendação entusiasmada para visitar esse “museu de crianças diferente” da pessoa de relações públicas do Kaleidoscope em Kansas City. Ele me disse que era um museu único nos EUA, que faz coisas que os outros museus de crianças tem medo de fazer. Claro que depois de ouvir uma coisa dessas eu fui logo pesquisar sobre o City Museum na internet e fiquei intrigada com as fotos estranhas que vi. Não definiria esse museu como um museu de crianças de forma alguma – meus filhos com 6 e 2 anos são certamente pequenos demais para ele. Esse museu é ele mesmo uma grande instalação de arte, onde os visitantes interagem com a estrutura modificada do prédio de 11 andares que ainda está sendo recriado e reinventado. O artista criador do museu, Bob Cassilly, era um escultor e trabalhou na criação das instalações com uma equipe até a sua morte em 2011. Mas o museu não parou, a equipe que ficou continua transformando o espaço a todo vapor.
Pra começar você entra no museu e dá de cara com uma escadaria completamente diferente de tudo que viu: você sobe os degraus em meio a tubos de metal presos às paredes por onde crianças e adultos estão subindo também. Um escorrega que sai do terceiro andar é o meio mais interessante de voltar ao primeiro piso, descer os degraus da escada é chato demais. 😉
Esse é o espírito do City Museum, tem horas que parece que uma criança projetou o prédio, com suas muitas passagens secretas, buracos no chão e nas paredes que levam a cavernas, escorregas, escadas nada convencionais. Você é o tempo todo compelido a explorar, escalar, descobrir um novo cantinho que pode ser misterioso ou divertido. Sinceramente, pelas proporções do museu, eu tenho certeza que os adultos se divertem mais do que as crianças. Pros meus filhos pequenos a maioria dos túneis e escadas eram muito mais assustadores do que divertidos. E um museu que tem um bar servindo comida e bebida alcóolica a cada andar me parece mais voltado pros adultos mesmo, ainda mais em um país como os EUA, onde muitos pais nem tomam uma bebida alcóolica à mesa de jantar na frente dos filhos. Mas é por tudo isso que o City Museum é tão alien e tão interessante.
Começamos pela baleia gigante no primeiro andar, e já começamos com a Julia com medo de entrar na boca da baleia…lá dentro tem a entrada para uma série de cavernas, as Enchanted Caves, e os Shoe Shafts, que são os “escorregas” espirais que eram usados na fábrica de sapatos que um dia ocupou o prédio. Esses escorregas vão subindo por dentro do prédio até o 10o andar. Perto da baleia, do lado de fora, um emaranhado de metais forma um caminho que me pareceu uma casa na árvore. Um buraco no chão ali perto tem um escorrega que não descobri para onde leva. Pra mim os mosaicos e a arquitetura do lugar tem um quê de Gaudí, me lembrei um pouco do Parc Guell em Barcelona.
Na parte externa do museu, MonstroCity tem passarelas e mais passarelas de metal e rede que vão subindo e passam por dentro de aviões suspensos, uma torre, um caminhão de bombeiro, mais alguns escorregas. Você vai subindo e vê o pessoal lá embaixo sentado nas mesinhas ao redor do bar e as crianças brincando nas piscinas de bola gigantes (que é pra onde os meus filhos foram, claro), é meio surreal estar ali. Quem já viu as crianças brincando nesses playgrounds de rede cheios de túneis e passarelas nos shoppings por aí e pensou que queria fazer isso também, esse lugar é o equivalente para adultos.
O 2o andar tem um cofre imenso que era de um banco, uma roda onde você se sente o próprio ratinho de laboratório e um Aquário que não tem nada a ver com o museu e cobra entrada separada, não visitamos o aquário.
O 3o andar tem a Toddler Town, que é uma área pra crianças pequenas e que os meus filhos adoraram (finalmente coisas que eles podem escalar do tamanho deles). Ao lado fica Art City, um espaço para artes onde você pode pintar, desenhar, fazer esculturas com argila, foi outra parte que as crianças gostaram bastante. O Skateless Park é uma coleção de rampas que qualquer skatista ia ficar doido pra usar, mas é só pra subir e descer correndo ou escorregando mesmo. Um trenzinho pra crianças pequenas dá algumas voltas em um cenário incluindo um pequeno túnel, e o trem não é do tipo que tem cinto de segurança ou nada pra prender as crianças: se o seu filho não vai ficar sentado, é melhor não colocá-lo ali dentro. Os meus foram, a Julia falando pro Eric não levantar, e ele obedeceu e ficou sentado, ufa. O Everyday Circus é um show de malabarismo e acrobacias diário, eu não assisti porque estava explorando o terraço, o Gabe viu com as crianças e eles curtiram.
O terraço, no topo do prédio, é a cereja no bolo. Uma roda gigante vintage no alto de 11 andares com a vista da cidade, um escorrega gigante, um túnel enorme em um tubo de metal semi aberto que deve ter uma vista incrível, um ônibus escolar que está posicionado como se fosse cair do topo do prédio. E dali você pode descer um lance de escadas pra entrar no escorrega em espiral que desce os 10 andares até o térreo. Achei o escorrega meio claustrofóbico e não desci, depois me arrependi de não ter ido, não é todo dia que a gente encontra um desses.
Adorei o City Museum, certamente foi um dos pontos altos da viagem. Tenham em mente que não vi tudo o que tinha para ver. Nem tudo é óbvio, não é sinalizado, não tem mapa, você tem que ir explorando mesmo. Nunca imaginei ver algo do tipo nos EUA, onde a preocupação com segurança, processos e afins acaba tolhendo esse tipo de iniciativa. Foi só depois de visitar o museu que realmente entendi o que o cara do Kaleidoscope falou – sobre os outros museus terem medo de fazer o que eles fazem. Medo de processo, claro, porque ele não é o museu limpinho, perfeitinho, sem quinas, sem farpas e sem imperfeições que os outros museus de crianças (ou não) são (ou acham que tem que ser). É ainda um work in progress, tem um quê de canteiro de obras, você vê gente ali criando a próxima área, quem sabe o que você vai ver por lá quando for visitar. E essa é justamente a graça.
A visita ao City Museum em St Louis foi uma das paradas na nossa viagem de carro pelos EUA e Canadá.
Informações úteis:
City Museum
Endereço: 750 N 16th St, St Louis, MO 63103
Telefone: (314) 231-2489
Horários: Segunda a quinta das 9h-17h. Sextas e sábados das 9h-0h (meia-noite, você não leu errado). Domingos das 10h-17h.
Preços: A partir de 3 anos, todo mundo paga a mesma coisa, $12 mais impostos. Sextas e sábados depois das 17h, $10 mais impostos. Crianças até 3 anos não pagam. O acesso ao terraço custa $5 a mais (+ os impostos).
O City Museum nos deu ingressos cortesia para essa visita, sem nenhum tipo de acordo ou troca. Se eu gostasse do museu e quisesse escrever a respeito ótimo, se não gostasse também poderia falar o que quisesse ou não escrever a respeito. Toda vez que aceitamos algum tipo de cortesia é nesses termos, com liberdade para escrever o que achamos.
Marcia Aguiar says
Parece uma viagem alucinógena! 😀
Luciana Misura says
Haha vai saber o que o artista usou como inspiração 😉
Nábila says
Nossa, que imaginação criativa.