Em meio a confusão armada pela declaração de falência da cidade de Detroit, eu revisitei o maravilhoso Detroit Institute of Arts, mais conhecido como DIA. No dia que eu visitei o museu, tinha gente andando com a notícia do Detroit Free Press (jornal local) enumerando os itens mais caros da coleção do museu que poderiam ser vendidos para pagar as dívidas da cidade. Claramente algumas pessoas estavam lá visitando num clima “melhor ver agora, antes de decidirem vender alguma coisa”. Felizmente ao que tudo indica não vão vender nada, mas a situação está longe de ser resolvida.
Sobre o Detroit Institute of Arts
A coleção permanente do DIA tem 60.000 peças e o museu tem 127 anos de idade. O DIA é um dos maiores museus enciclopédicos dos EUA, isso quer dizer que seu acervo cobre todos (ou quase todos) os períodos artísticos da história. Enquanto alguns museus tem acervos que focam em um período específico ou até mesmo em um artista apenas (Museu Van Gogh em Amsterdam, Museu Rodin em Paris, Museu Andy Warhol em Pittsburgh, são alguns exemplos), o museu enciclopédico tem como objetivo mostrar um pouco de cada período, o público pode ver as mudanças, a evolução da arte. Eles tem uma grande variedade, poucos trabalhos de cada artista específico.
Como chegar ao DIA
O DIA fica em Midtown Detroit, em uma área que concentra vários museus da cidade. O prédio é muito bonito em estilo neoclássico (inaugurado em 1927), e a entrada principal com vários chafarizes e a estátua do Pensador de Rodin fica na histórica Woodward Avenue (já falei dela no post sobre passeio por downtown Detroit, a primeira rua a ser pavimentada nos EUA).
Como quase tudo em Detroit, a melhor forma é ir de carro. Tem um estacionamento grande atrás do museu, e custa 5 dólares a diária. Como já mencionei em outros posts, não recomendo estacionar o carro na rua na cidade de Detroit, porque pequenos furtos podem acontecer (arrombarem o carro pra levar alguma coisa).
A Coleção do Detroit Institute of Arts
Como a coleção é bem grande, pra ver tudo você facilmente vai gastar o dia inteiro no museu (eu fiquei lá umas boas 6 horas, e não vi tudo!). Se você tem pouco tempo, aconselho escolher o que você tem interesse em ver antes de ir. Vou mostrar algumas das peças mais importantes do acervo permanente.
No 2o piso, que é na verdade no nível da rua, fica o mural pintado por Diego Rivera que é sinônimo do DIA. O pintor mexicano criou o fresco chamado Detroit Industry entre 1932-33, cobrindo 4 paredes do museu no salão que ficou sendo chamado Rivera Court (fica bem no centro do museu). O mural é interessantíssimo, cheio de mensagens e críticas (do comunista Rivera) referentes a produção industrial e avanços tecnológicos da época. O museu agora empresta iPads com explicações interativas das pinturas e vídeos de como o mural foi pintado, vale a pena dar uma olhada (você pode ver essa apresentação online aqui). Existem várias imagens mostrando a dualidade de certos avanços, como por exemplo, o avião que foi usado para transporte mas também na guerra, a medicina que salva mas que cria armas químicas. Ainda muito atual, certamente. Infelizmente no dia que eu visitei eles estavam arrumando tudo para um show de música gratuito que acontece durante o verão as sextas-feiras, então uma parte do mural estava atrás do palco como vocês vêem nas fotos 🙁
Arte Moderna e Contemporânea (vou logo avisando que eu sou parcial às pinturas)
Impressionismo e Pós-impressionismo (2o piso): A primeira pintura de Van Gogh a entrar em um museu americano, o Auto Retrato fica pertinho da Rivera Court. Na mesma sala estão outras pinturas de Van Gogh e outros impressionistas, como Degas, Cézanne, Renoir e esculturas de Rodin.
Na sala adjacente, mais impressionistas e outros artistas que trouxeram inovações no final do século 19, como o quadro realista The Nut Gatherers (com as duas meninas) que foi pintado de um ponto de vista completamente novo para a época (o museu tem vários quadrinhos informativos para os quadros mais importantes, explicando por que, comparando com outros do mesmo período, bem interessante).
Entrando no século 20 e no modernismo e no movimento arts and crafts, tem trabalhos de Picasso, Matisse, Georgia O’Keeffe, Frank Lloyd Wright, achei até um quadro de Portinari, olhem só!
Em arte contemporânea, tem trabalhos representando Expressionismo Abstrato, Minimalismo e Pop Art, com algumas peças de Andy Warhol, Jean Dubuffet, de Kooning, Rothko, Kandisnsky.
Na parte de arte medieval e renascentista (2o piso também), quadros de Caravaggio, Rubens, Bruegel, Velázquez e diversas obras da coleção dos Médici. A arte do período medieval tem temática religiosa, influenciada pela Igreja Católica. Já no Renascimento, as pinturas passaram a representar a natureza de uma nova forma, e mudou-se a perspectiva, criando representações mais tridimensionais, inéditas. Mais uma vez gostei muito das explicações nos quadros mais importantes, falando dos simbolismos contidos nas imagens e composições e porque o quadro foi considerado inovador para a época.
Em Arte Holandesa (no 3o piso) tem uma sala com quadros de Rembrandt e seus aprendizes, incluindo “The Visitation”, que é uma cena que mostra o encontro da Virgem Maria com Maria Madalena, ambas grávidas respectivamente de Jesus Cristo e João Batista. A luz nesse quadro é incrível!
Achei interessante esse quadro que mostra a cidade de Olinda, pintado na época da invasão holandesa.
Arte Africana
No 1o piso (que é o subsolo), fica a coleção de arte africana, representando 100 culturas diferentes. As peças incluem vestuário, cerâmica, trabalhos em madeira, jóias, esculturas…
A parte egípcia é pequena, tem alguns sarcófagos, papiros, cerâmicas, alguns baixo-relevos.
Arte Indígena Americana
Também no subsolo (1o piso) fica a área de arte indígena americana. É uma coleção pequena mas tem bastante variedade. Roupas, utensílios, cerâmicas, jóias, objetos de rituais, pinturas, de diversas tribos espalhadas pela América do Norte (incluindo Canadá e as culturas inca, maia e asteca).
Arte do Oriente Médio, Islâmica e Asiática
No subsolo tem ainda objetos diversos de arte islâmica (incluindo uns livros muito bonitos), do Oriente Médio e da Ásia (pinturas, desenhos, esculturas do Japão, China, India e Coréia principalmente, com alguns exemplos do Camboja, Nepal, Tibete e Vietnã, entre outros). É uma coleção pequena também, mas bem variada.
O museu tem ainda uma coleção de Arte Negra Americana, uma coleção de Gravuras, Desenhos e Fotografias, artes decorativas, objetos greco-romanos, e uma coleção de armaduras (que fica bem no Hall de entrada).
Não vou falar das exibições temporárias porque como elas mudam frequentemente, vai ser difícil alguém lendo esse post visitar as mesmas exposições que estavam acontecendo na época da minha visita. Mas sempre tem umas 3-4 exposições temporárias acontecendo.
Serviços e tours no DIA
O museu tem uma ótima loja, com muitos livros de arte e objetos de decoração bacanas, e uma área de livros infantis de arte e brinquedos muito legal. Tem duas lanchonetes, o Café DIA e a lanchonete da Kresge Court, eu provei a comida nesse último e foi OK, nada demais – tem bons restaurantes ao redor do museu, então você pode deixar pra fazer uma refeição do lado de fora.
Você pode entrar em uma das visitas guiadas gratuitas acontecem das quartas às sextas, 13h, e sábados e domingos às 13h e novamente às 15h (o site estava com a informação errada e eu fui achando que poderia pegar o tour de sexta no final do dia, que não existe mais – ligue para confirmar dia e hora se quiser fazer um tour).
Visitando com crianças
Acho que quase todas as salas do museu tem uma brincadeira chamada “Eye Spy”, que é uma pergunta ou charadinha que a criança encontra a resposta em alguma peça de arte exposta naquela sala. E tem sempre uma “pista” pra ajudar.
Aos domingos tem atividades para crianças como oficinas de arte, teatro de marionetes, música, entre outras coisas. As sextas eles colocam cavaletes pra qualquer pessoa que quiser sentar e desenhar em várias salas do museu – crianças e adultos.
Eles tem vários mini-guias que você pega na entrada ou baixa em PDF no site com dicas do que ver para quem está visitando com crianças. Cada um tem um tema diferente, achei bem legal! E se o seu filho entende inglês, você pode pegar um audio-tour especialmente pra crianças na bilheteria, custa $2 dólares o aluguel e você devolve quando vai embora.
Informações úteis
Detroit Institute of Arts
Endereço: 5200 Woodward Avenue, Detroit, Michigan 48202
Telefone: 313-833-7900
Preços (em agosto de 2013): $8 adultos, $4 crianças entre 6–17 anos, $6 Idosos, Grátis para crianças com 5 anos ou menos, $5 estudantes universitários com carteirinha válida da universidade
Horários: fechado às segundas-feiras. Confira os horários no site oficial, eles variam a cada dia. Às sextas-feiras o museu fica aberto das 9h-22h!
Dicas: o audio tour para adultos custa $2 mas achei que cobriu bem pouco do que eu vi. Como é barato, não é um mau negócio, mas eu esperava mais.
Pronto para fazer as suas reservas?
Agora eu sou agente de viagens e posso montar a sua viagem pra você, dá uma olhada!
Se você quer fazer tudo sozinho, reserve o hotel comigo pela parceria do blog com o Booking.com: veja todos os hotéis em Detroit e todos os hotéis em Michigan (vale para qualquer hotel em qualquer cidade que você reservar com o Booking.com através aqui do blog).
E se for precisar de carro para alugar, somos parceiros do Rentalcars.com, que é do mesmo grupo de empresas do Booking.com e tem os melhores preços.
Se precisa de seguro-viagem e seguro-saúde, o parceiro WorldNomads oferece a melhor cobertura que eu já vi disponível.
Se tiver alguma pergunta, é só entrar em contato comigo. Muito obrigada!
Outros posts para ler antes da sua viagem para Detroit:
A falência de Detroit: se eu não soubesse, não teria percebido
Viajando para Detroit, Michigan
Aeroporto de Detroit: o que fazer durante uma conexão e como chegar à cidade
Hotéis em Detroit: onde ficar
Restaurantes em Detroit e arredores
Compras em Detroit, Michigan
O que fazer em Detroit e arredores
Passeio por downtown Detroit – a pé ou usando o People Mover
Passeando no Detroit Riverfront
Midtown Detroit, a área dos museus
Motown Museum – um tour pelos sucessos da música negra que cruzaram a fronteira racial
Detroit Institute of Arts – um dos melhores museus enciclopédicos dos EUA
Visitando o Detroit Zoo
Um dia em Greenfield Village
Ford Rouge Factory Tour, visitando a fábrica histórica da Ford
Auto Show de Detroit – NAIAS
Jogo de futebol americano no Ford Field em Detroit
Jogo de Baseball no Comerica Park em Detroit
Jogo de Basquete da NBA no Palace de Auburn Hills
Passeio a Belle Isle
Viajando de trem Amtrak nos EUA – de Detroit a Chicago (com crianças!)
Sueli says
Luciana, super legal seu blog! Estou indo para Detroit estudar na Wayne University. Poderiamos trocar uma ideia a mais sobre a cidade? Gostaria, se possivel, de dicas para quem vai morar por aí…e não apenas passear. Obrigada! Bjos
Luciana Misura says
Oi Sueli, podemos, mas não sei se vou conseguir te ajudar, porque eu morei em cidades da Metro Detroit e não em Detroit. Beijos!