Finalmente visitamos o Big Bend National Park, essa foi uma viagem que estava sendo planejada há anos (literalmente) e nunca saía do papel. O Big Bend é tão remoto e por causa disso tão pouco visitado, que informações são escassas mesmo na era da internet – principalmente pra quem viaja com crianças. Mas valeu a pena: este parque nacional gigantesco e desconhecido para a maioria dos americanos é lindo, com a sua mistura de deserto, cânions e montanhas. Este primeiro post é pra mostrar pra vocês um pouco da beleza desse lugar, pra deixar todo mundo com vontade de ir também!
O Big Bend tem esse nome por causa da grande curva (bend) que o Rio Grande faz nesse trecho, separando os Estados Unidos do México. O deserto de Chihuahua (que começa no México e ultrapassa a fronteira pegando boa parte do sul do estado americano do Novo México e esse cantinho sudoeste do Texas) é a paisagem predominante, mas bem no meio do parque a cadeia de montanhas Chisos transforma a paisagem do alto dos seus 7 mil pés de altitude. Na parte sudoeste do parque, o Cânion Santa Elena é espetacular, com seus paredões de 1.500 pés. Três ecossistemas em uma área espetacular de 800 mil acres, isolados do resto do mundo. Tem hora que você acha que voltou no tempo e vai dar de cara com um dinossauro passeando por ali.
Nós ficamos 2 dias inteiros no parque; do total de 4 dias de viagem, 2 dias inteiros foram gastos dirigindo de Austin até o Big Bend, 1 dia pra ir e 1 dia pra voltar. O ideal seria ter mais dias no parque pra compensar esse tempo de viagem, mas era o que a gente tinha de tempo, e mesmo assim achamos que valeu a pena – então se você tem pouco tempo, vá assim mesmo. Uns 3 ou 4 dias dentro do parque, dependendo do que você quer fazer, acho que seria o tempo mais recomendado. Claro que tem gente que passa a semana inteira, mas se você não é um trilheiro de marca maior, não acho que precisa de tanto tempo assim.
Nós chegamos numa sexta-feira as 21h com tudo escuro – o breu no Big Bend é quase total, o que pros amantes de astronomia é demais: é o céu com menor poluição de luz dos 48 estados americanos continentais. Realmente espetacular, um céu estrelado como eu não via desde os tempos de acampamento da minha infância. Lindo. Isso só intensificou a surpresa do dia seguinte, quando amanheceu, e demos de cara com as montanhas pertinho do nosso camping. Espetacular.
Ficamos na Rio Grande Village que é a pontinha sudeste do parque. Nesse pedacinho perto do Rio Grande a paisagem é verde, com muitas árvores Cottonwoods, grama, um verdadeiro oásis no deserto (as árvores são realmente nativas, já a grama eu não sei). Pegamos dias lindos de sol e céu azul, com poucas nuvens, temperatura amena (na faixa de 75 graus, durante o dia chegou a uns 82 e nas Chisos Mountains estava 66), perfeitos pra explorar a imensidão do Big Bend. Uns dias antes da nossa chegada choveu, então o rio estava mais barrento que o normal, mas mesmo assim o visual no Canyon Santa Elena era lindo.
As distâncias são grandes: da entrada do parque até a Rio Grande Village você leva 1 hora de carro. Da Rio Grande Village até o Santa Elena Canyon são quase 2h atravessando o parque leste-oeste. Mas as estradas são ótimas e as paisagens lindas, então você vai dirigindo e curtindo o visual. É um percurso pra fazer com calma, tirando muitas fotos pelo caminho, e as fotos não se comparam ao que você vai ver. A imensidão do lugar, a grandiosidade, isso você não consegue captar com as fotos, só mesmo estando lá pra sentir (quem já foi ao Grand Canyon sabe a sensação).
Nos próximos posts vou dar as dicas práticas de como chegar ao Big Bend, onde se hospedar, motorhome x hotel x acampamento tradicional, comida, trilhas, cuidados com crianças e animais selvagens, tudo o que eu tive que pesquisar antes de ir pra facilitar a viagem de todo mundo 🙂
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