Como mencionei no primeiro post sobre o Big Bend, informações sobre o parque são escassas, principalmente no que se refere a viagem com crianças. Pra entender o parque e o que seria adequado para uma família com 2 crianças pequenas foi uma dificuldade, e só entendemos de verdade a logística toda quando estávamos no parque. Então esse post é pra dar todas as dicas do Big Bend e te ajudar a planejar a viagem da melhor forma possível, porque já existem dificuldades suficientes mesmo quando você sabe o que está fazendo!
Distância: o parque mais remoto
A maioria dos texanos já ouviu falar do Big Bend, mas são poucos os que já pisaram no parque. “Um dia quero ir”, eu ouvi dos meus vizinhos quando mencionei a nossa viagem, mas o parque fica aproximadamente 8h de Austin, a capital do Texas, onde moramos. Mais longe ainda pra quem vem de Houston ou Dallas, as principais cidades texanas. Da nossa casa até o camping, foram 500 milhas, ou 800km. Então não é uma viagem rapidinha de final de semana, você vai precisar no mínimo de 4 dias, como a gente fez 2 dias pra ir e voltar, 2 dias pra conhecer o parque. De Houston até o Big Bend são 600 milhas, 970km. De Dallas até o Big Bend são 530 milhas, ou 850km. De San Antonio são 400 milhas, em torno de 660km.
As distâncias dentro do parque também são enormes. Esse mapa aqui ajuda bastante:
Da entrada do parque até Rio Grande Village, na pontinha leste, você leva 1h de carro. De Rio Grande Village até o Santa Elena Canyon, 2h de carro.
Acomodações: não tem lugar pra todo mundo
Além da distância, as acomodações são um outro grande empecilho pra quem quer conhecer o parque. As nossas várias tentativas de visita foram frustradas justamente por causa disso. O Big Bend tem um único hotel: o Chisos Mountain Lodge, que fica no coração do parque, bem no meio das lindas montanhas de mesmo nome. O Lodge é pequeno e por causa do seu tamanho e por ser o único, ele lota em época de férias e feriados: um casal conversando conosco falou que reservou em fevereiro pra esse final de semana prolongado em outubro. Já tentamos algumas vezes visitar o parque no Spring Break das crianças, em março, em vão: agora em outubro o Lodge já está lotado para semana do Spring Break em março do ano que vem. Pra quem tem que encaixar a viagem com férias e feriados escolares como nós, tem que planejar com muita antecedência ou ir durante a época de aulas, que aí você consegue encontrar vaga (ou não).
Os campings: 3 opções
Uma opção quando o Chisos Mountain Lodge estiver lotado é levar a casa com você, como fizemos dessa vez: alugamos um motorhome e ficamos num camping dentro do parque (tem 3 campings, e eles também lotam, e durante a alta temporada precisam de reserva). Pra motorhomes, o único camping que tem full hook ups (energia, água e esgoto) é o que a gente ficou: Rio Grande Village RV Campground. Eles tem apenas 25 vagas, 20 que eles fazem reservas antecipadas e 5 que eles deixam sempre em aberto pra quem chegar sem reserva.
Consegui reservar com apenas uma semana de antecedência em outubro, mas pra alta temporada eles também ficam sem vaga muito tempo antes. Atenção: não confunda o Rio Grande Village Campground (que também aceita motorhomes mas não tem full hookups) com o Rio Grande Village RV Campground! Eles são pertinho um do outro, mas um é administrado pelo parque e o outro (o que tem os full hookups) é uma empresa privada. O RV Campground (privado) aceita reservas o ano inteiro, já os campings do parque, só fazem reserva na alta temporada.
Os três campings do parque nacional são: Rio Grande Village Campground, Cottonwood Campground e o Chisos Basin Campground. Você reserva pelo recreation.gov de novembro a abril, não fazem reserva entre maio a outubro, que é a baixa temporada por causa das altas temperaturas. Eles não disponibilizam todas as vagas pra reserva, então não conseguir reservar não significa que não tem vaga nenhuma, o problema é dirigir até lá pra arriscar. Você pode acampar com motorhome ou com barraca.
A infra-estrutura desses campings é limitada, e por se tratar de uma área de deserto, alguns dos banheiros dos campings não tem chuveiros e alguns tem apenas pit toilets, que basicamente é um assento de vaso sanitário em cima de um buraco (que é o caso do Cottonwoods campground). No banheiro do Rio Grande Village Campground tem vasos sanitários de verdade e pias com água, além de chuveiros (lembrem-se, o Big Bend é um deserto, água é artigo de luxo). No Chisos Campground também tem chuveiros, além de vasos sanitários e pias com água. O banheiro do RV camping é compartilhado com o Rio Grande Village e tinha chuveiro e uma lavanderia dessas de moeda, além de um mercadinho básico e wifi grátis do lado de fora da loja. Era engraçado ver o pessoal com seus telefones e laptops nas mesas de picnic usando a internet. Sinal de celular? Pode esquecer, não tem nada.
Outras limitações: no Rio Grande Village campground pode usar gerador de 8am–8pm, enquanto que em Chisos Basin só pode das 8am–11am e das 5pm–8pm. Não pode usar gerador nenhum no Cottonwood Campground. Tem outros pequenos campgrounds selvagens sem absolutamente nada espalhados pelo parque, quem quer levar uma barraca ou um motorhome pra um desses lugares precisa parar no Visitor Center de Panther Junction pra comprar uma backcountry permit e reservar na hora o local. Não são permitidos geradores nesses locais (e eles fiscalizam mesmo!). Pra quem nunca acampou num motorhome: o nosso tinha banheiro super direitinho com vaso sanitário, pia e chuveiro, incluindo água quente. Vou fazer um post só sobre o motorhome depois.
Pra quem pensa que o motorhome resolve totalmente a questão de hospedagem, ainda existem alguns poréns: você tem que ir com um motorhome relativamente pequeno, no máximo 24 pés de comprimento ou puxando um trailer de no máximo 20 pés, senão você não consegue subir a estrada da Chisos Basin e portanto não tem acesso a uma das partes mais bonitas do parque. A maioria das trilhas não tem espaço pra estacionar motorhomes, isso eu perguntei pro pessoal do parque quando estava pesquisando e confirmamos na viagem. Então é aconselhável você dirigir um carro, e foi o que nós fizemos: dirigi a nossa minivan e o Gabe dirigiu o motorhome que alugamos (um de 30 pés, pra caber nós 6, já que meus pais estavam junto). Mesmo assim, eu pegaria o motorhome menor possível se você quiser subir a estrada com ele ou acampar no Chisos Campground, porque realmente tem umas curvas super apertadas que eu não gostaria de fazer com um motorhome nem de 24 pés. Se você vai acampar com barra, logicamente não vai ter esse problema.
Fora do parque: opções distantes
As demais opções de hospedagem são todas distantes: a cidade de Marathon fica mais de 1h de qualquer lugar de interesse dentro do parque. Lajitas e Terlingua idem. Ft Stockton, mais de 2h de distância. Tem que estar a fim de dirigir muito pra ficar fora do parque, porque você já vai passar o dia dirigindo várias horas lá dentro, de uma ponta a outra são quase 2h sem parar.
Quando ir: clima x lotação das poucas acomodações
A alta temporada no Big Bend vai de novembro a abril, que é quando as temperaturas caem para níveis aceitáveis, ou seja, quando você não periga morrer de insolação e desidratação andando uma milha no deserto. Nessa época você eles aceitam reservas para os campings porque eles realmente ficam cheios, várias semanas ficam completamente lotadas. Perguntei ao funcionário do camping quais as épocas mais lotadas: Spring Break (em março no Texas), Thanksgiving (4ª quinta-feira de novembro, a semana normalmente é emendada nas escolas) e Natal (entre Natal e Ano Novo). Essa época é inverno por aqui e não se engane: faz frio. Mas é melhor pra fazer trilha no frio do que no calor de mais de 40 graus diariamente do verão no deserto, que é praticamente missão suicida. Na área das montanhas pode nevar.
Nesses 4 dias em outubro pegamos temperaturas entre 65 e 86 e em certas horas, nas trilhas, já estava beirando o quente demais. Quando a previsão é de muito calor, o ideal é fazer as trilhas nas Chisos Mountains, já que a temperatura lá em cima é em torno de 10 graus Farenheit a menos do que na parte baixa do parque (deserto).
Visitor Centers e infra-estrutura de apoio
São 5 Visitor Centers no parque, mas os da Rio Grande Village, Persimmon Gap e Castolon só ficam abertos na alta temporada (novembro a abril). Os de Panther Junction e Chisos Basin ficam abertos o ano todo. Como sempre, o melhor jeito de começar uma visita a Parque Nacional americano é passando num Visitor Center e falando com um Park Ranger, que vai te dar as dicas de trilhas de acordo com o que você pedir (fácil, isolada, etc), e o mapinha do parque, além de informar se tem alguma precaução a ser tomada de acordo com o clima, animais, fechamentos de ruas e trilhas, e assim por diante. O Park Ranger nos indicou algumas trilhas, falou sobre os animais selvagens e o que fazer pra evitá-los, e saímos com nosso mapinha com as trilhas marcadas em mãos.
Água no parque é artigo de luxo e eles recomendam que você traga a sua água de beber. Pra quem vem com o motorhome, falam pra vir com o tanque cheio. Nos mapas das trilhas eles indicam as que tem água potável a disposição dos visitantes pra encher garrafas.
Nos centros de visitantes você encontra banheiros decentes e limpos (pelo menos os que nós usamos estavam limpos, mas obviamente era baixa temporada). Em algumas áreas de trilhas você encontra banheiros mais simples, sem encanamento, com um vaso sanitário em cima de um buraco no chão e sem pia pra lavar a mão depois, apenas com alcóol-gel. Em todos eles tinha papel higiênico quando fomos. Não vi área de trocador pra bebês na maioria dos banheiros não, e não vimos nenhum bebê no parque.
O jornalzinho do parque é super útil e você pode baixar o PDF do jornalzinho de 2015 e o de 2016. Tem mapas, trilhas, temperaturas, muita informação boa.
Idade: meus filhos vão aproveitar?
Acho que 4 anos foi a idade mínima que vi no parque (o Eric!), e realmente não acho que vale a pena ir com crianças menores que isso, a não ser que você esteja planejando carregar pelas trilhas nas costas. O Eric faz 4 em três dias e andou muito sem reclamar na maior parte do tempo, somente em uma trilha que ele já estava pedindo pra Gabe carregar, mas conseguiu andar até o final (a volta foi uma subida). A maioria das trilhas classificadas como fáceis tem em torno de 2km, o que é bem puxado pra crianças pequenas. E tem também a questão dos animais, o que me leva ao próximo ponto.
Animais selvagens: esteja prevenido
O Big Bend tem alguns animais selvagens que os visitantes precisam ter atenção e cuidados para evitá-los: ursos e pumas. Os ursos pretos ficam nas montanhas Chisos e quando você faz as trilhas por ali tem sempre placas informando do que fazer em caso de encontro com um urso.
A dica principal é fazer barulho nas trilhas para que os ursos se afastem de você, e nós levamos os bear bells, que são guizos que você prende na roupa e vão fazendo barulho enquanto você caminha. Falar alto também ajuda, e o Park Ranger falou pra gente deixar as crianças conversarem bem alto nas trilhas, pra afastar os animais. Crianças pequenas devem permanecer o tempo todo próximas dos adultos, não devem andar nem muito na frente ou ficar pra trás nas trilhas. Os cuidados são os mesmos em relação aos pumas, mas eles estão mais espalhados pelo parque, embora também se concentrem mais nas montanhas. Pelo sim e pelo não, levamos Bear Spray, que é spray de pimenta pra usar caso um urso resolva partir pra cima de você. Não vimos nem ursos nem pumas, então acho que fizemos barulho o suficiente! Em uma das trilhas, encontramos com uma família que estava voltando e falaram que viram uma ursa com seus filhotes, à distância.
Outra precaução é não andar com nada de comer, qualquer lanche deve ficar trancado no carro, porque eles sentem o cheiro a distância e podem vir atrás de você por causa disso. Então a gente só andava com água mesmo. Áreas de picnic pelo parque são demarcadas e eles recomendam que você só coma nessas áreas, e jogue todo o lixo fora nas lixeiras especiais que são vedadas para que os animais não revirem o lixo. Nossa comida ficava num cooler na mala do carro, e a gente comia apenas nas áreas de picnic oficiais do parque, jogando o lixo nas lixeiras com tampas especiais que os animais não conseguem abrir.
Vimos muitos animais, das categorias não tão perigosas: javelinas (primas dos javalis, na estrada a noite e em uma das trilhas), coiotes (na estrada, numa das trilhas e no camping, a noite), muitos roadrunners (papa léguas, atravessando a estrada na frente do carro dezenas de vezes por dia), veadinhos, coelhos e lebres (aos montes, pelas estradinhas de terra), uma tarântula atravessando a estrada, uma cobra morta na estrada (cascavéis são encontradas aqui como em boa parte do Texas, mas não vimos nenhuma).
Passeios organizados: se quiser, reserve um dia pra eles
Cogitamos fazer um passeio de barco pelo Santa Elena Canyon, o problema é que a logística e distância pra fazer o passeio consomem boa parte do dia. Da Rio Grande Village, onde a gente estava, até Lajitas, de onde sai o barco que desce o Rio Grande, são 1h30 de carro. Se a gente escolhesse o passeio de metade do dia, ia chegar até o local de desembarque por volta de meio-dia e depois ia ter que pegar a van deles por 1h pra voltar até a cidade de partida e pegar o nosso carro pra dirigir mais uma hora de volta pra dentro do parque. Não quisemos perder tanto tempo nisso e deixamos o passeio pra uma viagem futura, com mais tempo.
Trilhas: essas são as trilhas fáceis (haha)
O Big Bend tem um número enorme de trilhas, muitas deles com várias milhas e que você precisa pernoitar. As trilhas de um dia estão listadas no jornalzinho do parque, que eles entregam quando você chega e paga a sua entrada. Eu coloco aqui as trilhas fáceis, incluindo as que nós fizemos.
Lost Mine Trail, na Lost Mine Basin Road: 4.8 milhas/7.7km, 3h de duração, 335m de elevação. Não se espante, nós não fizemos essa trilha inteira! O caminho até o marco de primeira milha (1.6km) já é uma ótima trilha com vista espetacular pro sudeste do parque. Fomos até esse ponto e voltamos, sem grandes dificuldades (é uma subida, mas a inclinação não é das piores). Arborizada, cheia de flores silvestres, belas vistas das montanhas ao redor. Foi nessa trilha que encontramos a família que viu os ursos, mas eles foram até o final e nós não.
Window View Chisos Basin Trailhead (perto da loja de Chisos Basin): 0.3 milhas/0.5km, 15 minutos. Essa trilha é fácil, é apenas um caminho pavimentado com vista pra The Window, que é o “corte” de pedra nas montanhas de Chisos Basin. Melhor lugar pra ver o pôr-do-sol nas montanhas. Não confundir com a Window Trail, que é ali do lado e uma trilha de 5 milhas! Nós começamos a descer a Window Trail sem perceber e depois voltamos tudo…cuidado pra não fazer a mesma bobagem.
Grapevine Hills, Balanced Rock: 6.4 milhas pela Grapevine Hills Road, que é uma estradinha de terra e pedra, e depois 2.2 milhas/3.5km, 1 hora de duração, 240 pés /73m de elevação pela Balanced Rock Trail. Quando eu vejo essa trilha classificada como fácil logo depois de ver a Window View Trail classificada também como fácil, fico achando que a pessoa que classificou as trilhas não bate muito bem. Você vai andando por um vale cheio de pedras e no final tem uma subida pelas pedras até o topo, onde fica a Balanced Rock. Comparar uma trilha totalmente pavimentada e acessível com uma trilha que você tem que subir pelas pedras no final não tem como né. Enfim, nós subimos, se o Eric fosse um ano mais novo acho que não ia ter dado pra subir. Não tem sombra, e estava quente nesse dia, cuidado com o horário que você faz essa trilha.
Chihuahuan Desert Nature Trail (Dugout Wells): 0.5 milhas/0.8 km, 30 min. Uma pequena trilha circular com placas falando sobre animais e plantas do deserto. Boa pra ver pássaros e pegadas de javelina. Essa nós paramos rapidamente pra dar uma olhada nas placas mas não fizemos a trilha.
Hot Springs End of Hot Springs Road (estradinha de terra e pedra bem estreita pra chegar). No final da estradinha, você chega na área histórica de Hot Springs, 1.2km ida e volta, vai caminhar uma meia hora até a nascente de água quente (40 graus) que fica na beira do rio. Eu não gosto de água tão quente assim e o fundo da nascente é uma lama, então não entrei. Meus pais, o Gabe e a Julia entraram, o Eric achou quente demais e não entrou. Essa área tem algumas pinturas rupestres nos paredões de pedra ao lado da trilha. Atenção: esse trecho pode ficar alagado de repente em época de chuva, então consulte se tem algum aviso de risco de enchente (flash floods) quando você for.
Boquillas Canyon (final da Boquillas Canyon Road): Não fomos nessa trilha, 1.4 milhas/2.3km, em torno de 1 hour. Considerada fácil, começa com uma pequena elevação, depois desce por um caminho de areia até o rio. Termina com um “escorrega” na duna. Não fomos.
Rio Grande Village Nature Trail, Rio Grande Village, começa do outro lado do espaço 18: acabamos não fazendo essa também, apesar de pararmos ali ao lado, porque já estava todo mundo cansado. Distância de 0.75 milhas/1.2km, em torno de 1 hora. Primeiros metros levam até uma platarforma pra observação de animais em um lago, depois a trilha sobe um morro com vista pro rio e montanhas da Sierra del Carmen, boa pra observar pássaros e pôr-do-sol.
Sam Nail Ranch, na Ross Maxwell Scenic Drive, milha 3, 0.5 milhas/0.8km, 30 minutos, trilha fácil por um rancho antigo, arborizada, boa pra observação de pássaros. Ninguém quis parar ali quando passamos por causa do calor, e eu não queria “gastar” a energia das crianças antes da Balanced Rock Trail (foi bom, porque eles precisaram).
Lower Burro Mesa Pour-off, na Burro Mesa Spur Road: 1.0 milha/1.6km, 30 minutos, Trilha fácil que chega até o Burro Mesa pour off, que é um local onde a água passava e cavou a pedra. Não fizemos essa trilha, era fora do nosso caminho.
Santa Elena Canyon, na Ross Maxwell Scenic Drive, 8 milhas oeste de Castolon: 1.6 milhas/2.6 km, 1 hora de duração, 26 metros de elevação. Trilha considerada “fácil” que atravessa o riacho Terlingua (leia-se você mete o pé na água e atravessa) e depois a trilha continua subindo em zigue-zague pelo paredão do cânion até gradualmente descer até o rio. Só de olhar pra trilha eu já vi que o Eric não ia aguentar, e demos meia volta.
Logística: não espere acabar nem água nem gasolina
São poucas as chances que você tem para abastecer – seja gasolina ou água. Um posto na Rio Grande Village, a pontinha sudeste do parque. O outro em Panther Junction, 20 milhas de distância. Nenhum até Santa Helena Canyon pela Ross Maxwell Scenic Drive, que são 30 milhas. De Marathon até Panther Junction são umas boas 70 milhas sem nenhum posto (não me lembro de ter visto nenhum). Em Chisos Basin não vi posto nenhum.
Comida: um único restaurante
Só tem um restaurante dentro do Big Bend, é o que fica no Chisos Mountain Lodge. Nós enchemos a geladeira do motorhome de comida em casa e comemos no restaurante apenas uma noite, pra comemorar o aniversário da minha mãe.
O restaurante é razoável, a comida é básica, nada demais, e as porções não são grandes pros padrões americanos; as sobremesas é que estavam muito boas. O restaurante abre diariamente e tem uma bela vista pra The Window, então dependendo da hora que você vai jantar, tem uma bela vista do pôr-do-sol.
Os mercadinhos dentro do parque (Rio Grande Village, Chisos Basin e Castolon) tem o básico, como leite, ovos, pão, algumas frutas, e comida porcaria semi pronta, tipo macarrão instantâneo no pote pra botar água e depois no microondas. Muitos pacotes de biscoitos, batata-frita, chips, essas coisas. Cerveja tinha aos montes, algumas garrafas de vinho que não reconheci as marcas e refrigerantes. Alguns produtos de limpeza, equipamento de camping, estava mais pra uma loja de conveniência de posto de gasolina do que pra um mercado propriamente dito, então não espere encontrar grande variedade.
Acho que dei todas as dicas do Big Bend que consegui lembrar, deu pra cobrir o essencial com esse post. Se alguém tiver alguma dúvida é só perguntar! No próximo vou falar do motorhome.
Juliana Fontes says
Adorei o post!!! Sempre me inspiro no seu blog, cheio de informacoes e super completo!! Parabens!!
Luciana Misura says
Obrigada 🙂
Jé says
Muito explicadinho!!! Vc é fera no assunto!!
Bjs
San says
Oi, Luciana! Como vcs faziam pra comer nas trilhas? Eram sempre trilhas curtas?
E pra fazer trilhas mais longas? Eles recomendam guia ou é ok fazer sozinho tb?
Parabéns pelo blog! 🙂
Luciana Misura says
San, eles não recomendam comer nas trilhas, a gente não comia não. Só depois de acabar a trilha. Nas trilhas longas o pessoal leva coisas pra comer sim, mas sempre aumenta o risco dos animais virem atrás…vi todo mundo fazendo trilha sozinho, não vi ninguém com guia!