Sempre achei (e continuo achando) que brinquedos de menino (ou de menina) não existem, que criança brinca com qualquer coisa (e deveria brincar) se os adultos deixarem suas noções pré-concebidas de lado. Menina pode gostar de bola, carrinhos, materiais de construção de mentirinha e meninos podem brincar numa boa de boneca (e devem, porque um dia serão pais também!). Mas engraçado que se a gente não fizer um esforço para passar por cima desses estereótipos, os nossos filhos acabam com os brinquedos “apropriados” sem nem perceber.
Há pouco mais de uma semana eu estava lendo o blog de uma amiga (que é protegido por senha senão eu colocava o link aqui), ela contava que o filho se machucou e ela teve que chamar o 911 (emergência aqui nos EUA, bombeiros, paramédicos e ou polícia, dependendo do caso). O menino ficou felicíssimo em ver os paramédicos e andar de ambulância. Ele é 3 meses mais velho que a Julia. Quando li sobre a reação dele, fiquei chocada – de pensar que um menino praticamente da mesma idade é fã disso tudo enquanto a Julia não tem um carro de bombeiro, ambulância, polícia ou qualquer coisa que o valha! Ela tem uns poucos carrinhos simples, desses miniaturas, que eu comprei faz tempo, porque senão nem carrinho ela teria.
Já resolvi o problema indo na Toys’R’Us mais próxima de casa e comprando um carro de bombeiro e um de polícia com direito a sirenes e luzes piscando, que ela amou (claro). Já brincamos de salvar os bichinhos de pelúcia com a escada do carrinho e a polícia já foi atrás dos bichos malvados. Mas agora vou redobrar a atenção e passar sempre a comprar deliberadamente uns brinquedos “de menino” também. Já estou de olho no kit de ferramentas, na ambulância e nos caminhões de carregar terra, pedrinhas e etc. Aqui nos EUA é bem mais comum que no Brasil mulheres saberem usar ferramentas e fazer diversas reparos na casa, eu nunca quis criar minha filha como uma “princesa” (que eu sei que ela vai curtir também, mas quero evitar ao máximo a fixação das meninas por princesas que rola aqui) e já vi que tenho que ter muito cuidado pra ter certeza que ela vai ter a chance de aprender de tudo. Pras mães que ainda não tinham parado pra avaliar brinquedos dos filhos como eu, é bom ficar alerta!
Silvia says
Ótima observação, Luciana! 🙂 Nós tentamos ter de tudo por aqui também – um dos brinquedos favoritos dos meninos é uma mini-cozinha de madeira que comprei na oompa.com (meu sogro achou estranho mas eu nem liguei). E antes do Ignacio nascer eu comprei um bebezinho pro Santiago brincar e ele andava com ele pra lá e pra cá, rsrs.
Ah, e não esqueça de comprar uns dinossauros também! Grrrr…
Luciana Svilpa says
Ah, teve gente que ficou chocada quando me viu comprando conjundo de panelas pro Thomas quando ele tinha essa idade. Eu só não comprei a cozinha inteira porque era gigantesca e ele já tinha muita tralha, mas até hoje ele adora ajudar na cozinha. Quando eu era pequena tinha um conjuntinho de supermercado que eu adorava, com comidinhas miniaturas, mas não achei pra comprar pra ele, aposto que ía adorar. Eu tb não tive muitas bonecas, enquanto minhas amigas amavam brincar de barbies e tinham milhares de roupinhas, eu achava aquilo tudo muito tedioso (por isso o universo conspirou pra me dar meninos, tenho certeza) 😉
Cyn says
A Becca tambem, de princesinha nao tem – e provavelmente nao tera – nada. Damos de tudo pra ela brincar aqui em casa, desde bonecas ate carrinhos… Assim como vc, acho que as criancas tem que ser estimuladas e brincarem com tudo, so nao gosto de extremos.
Tambem nao gosto muito da obcecao da criancada aqui com princesas – algumas com a ajuda dos pais – mas vc deve ter notado isso na Disneylandia…a criancada vai a caracter mesmo! Enfim…meio que tudo ao extremo.
Rebeca says
Bom ponto! Eu tambem li o post e fiquei chocada porque a Isabella, da mesma idade do menino lindo, tambem nao sabe o que e bombeiro, policia, etc… nao tinha conseguido por as ideias em ordem…. obrigada por “pensar” por mim!! rsrs
Bjs
Andrea Kopp says
Eu como tenho menina e menino eh inevitavel a mistura de brinquedos !
Bem legal tua ideia !
A Julia faz 2 aninhos agora em agosto, ne ?
Vai ter festa por ai ?
beijos
Julinha says
Ah eh…eh bem assim mesmo. A kiki tem coisas de princesa sim mas tambem tem carrinhos, avioes, um tool kit (da Melissa & Doug) que ela ama de paixao. Eu cresci brincando com carrinhos, tinha uma colecao e a Kiki eh a mesma coisa. No aniversario dela, ganhou um carro com controle remoto, adorou!…Soh nao vou comprar arma de brinquendo porque tenho pavor de armas!
Beijos
Julinha
Camila Morais says
Oi Lu,
eu sempre leio o blog mas nunca comento. Hj nao pude deixar de comentar…concordo em genero, numero e grau com vc.
Inclusive sempre comento a divisao feita nos brinquedos. Os de meninos sao: de medico, para construir casas, carrinhos de bombeiros, de policia e por ai vai. Jah os brinquedos de meninas sao as panelas, bonecas, vassouras, tabua de passar, maquiagem…tudo q caracteriza o prototipo: dona de casa.
Nada contra ser dona de casa mas mulher pode ser outras coisas tb neh?
A minha sobrinha escreveu uma redacao dizendo q adorava andar de bicicleta e q iria querer de presente de aniversario um X carro de controle remoto. A professora dela sugeriu a minha irma uma consulta com um psicologo, pq ela sempre gosta de “brinquedos de meninos”. Imagina o q minha irma respondeu! rsrsrsrssrs
Adorei as suas ponderacoes.
Bjs
Cam
Soraia says
Luciana, voce esta coberta de razao ao fazer isso…assim, vc nao a deixara alienada aos acontecimentos do dia a dia.. quando ela ver carro de policia, bombeiro e ambulancia, ja entendera perfeitamente o significado que cada um tem.
Adoro ler seu blog, pois admiro muito sua inteligencia. Parabens!!
Monica says
Lu,
Eu poderia ter escrito esse post!!! Sempre fui contra essa coisa de princesa, mas super recriminada, principalmente no Brasil, pois acham que eu quero ser diferente, ou que é porque moro aqui… Me dizem que ela é menina e não adianta eu ir contra pois ela vai amar rosa e as princesas. Ok, pode ser, e vou respeitar, mas eu não preciso reforçar isso. Quando ela diz querer ser princesa, ao menos eu digo pra ela ser a Fiona, e não a Cinderela hahahahaha. Acho que além dessa coisa de brinquedo de menina, esse lance de princesa tem toda uma influencia de comportamento, não a toa que existe a doença “complexo de cinderela”. Comprei no Brasil um carrinho de ferramentas, que aqui não tem, tem até parafusadeira eletrica, me apaixonei e ela tb. Ela amou Hot wheel, mas eu seria execrada se comprasse. Como não estava com paciencia de explicar, debater argumentar, preferi deixar pra comprar aqui, sozinha e muito mais barato hehehehe. Luna, não curte muito boneca, aliás vou colocar um vídeo engraçado dela sobre isso no blog.
Otimo texto, idéia perfeita.
Heliene says
Bem legal o seu post, Lu. Que legal que a Julia gostou do carro de bombeiro e da polícia! Essa coisa de princesa, realmente, é o fim..e aquelas menininhas fantasiadas com salto e tudo? Afe! Nick tem uma bonequinha, mas nunca deu muita bola. Gosta mesmo é das panelas, aspirador e vassourinha. A Karina deu o aspirador pra ele no aniversario de 1 ano e foi o brinquedo de mais vida útil até agora..ele simplesmente não enjoa. E quando eles vem na Sexta, vai acompanhando o Correia com o aspiradorzinho dele. Vai ser ótimo material pra casamento esse meu filho, não? : )
Luciana Misura says
Silvia, os dinossauros estão na lista sim! Eu vi uma caixa bacana na Toys’R’Us também. Que cozinha foi essa que você comprou hein? Eu estou atrás de uma para a Julia, quero de madeira também mas até agora não achei uma que seja “a” cozinha (achei umas lindas mas eram muito pequenininhas). A da Melissa & Doug por enquanto é a que vou comprar. E estou pra ver uma criança que não goste de brincar de cozinha, qualquer uma na faixa de 1-2 anos adora, os meninos mais velhos é que já tiveram a lavagem cerebral e ficam com vergonha…
Lu, espero que as pessoas que ficaram chocadas sejam de outra geração! E também acho que ele ia amar o conjuntinho de mercado, sei bem qual é. Mas veja bem, eu sempre amei bonecas, tinha muitas, tudo da Barbie e afins, mas também brincava horas com Playmobil, Legos e os GIJoes do meu irmão.
Cyn, eu não tenho coragem de falar “não terá” porque não vou proibir, mas com certeza não vou incentivar e comprar tudo de princesa ou nada. Já vi sim muita menininha de salto, fantasiada, acho excessivo sim. Mas na Disney eu dou um desconto porque é um lugar de faz-de-conta, o pior é criança que quer andar vestida de princesa todo dia…vejo no supermercado, no shopping…
Rebeca, opa, então você estava desavisada como eu! 🙂 Que bom que serviu pra acender a luzinha na sua cabeça também, temos que expandir os horizontes das nossas meninas!
Andrea, pois é, eu também cresci com essa mistura de brinquedos porque tinha irmão. Mas mesmo assim na hora dos esportes rolava a maior discriminação! Não pode soltar pipa porque é menina, não pode jogar futebol, não pode fazer artes marciais, e por aí vai! Vamos fazer a festa de 2 anos em Michigan, a idéia é alternar: um ano o aniversário no Brasil e Natal em Michigan e no ano seguinte inverter.
Julinha, imagino que você já esteja vendo muito mais a sua filha entrando nessa história de princesa né, que bom que ela também gosta de outras coisas que não são tão “de menina” pra balancear. E arma de brinquedo eu também não compro não, mas não compraria nem pra menino. A única arma de brinquedo que eu acho inofensiva são aquelas de água, que não tem cara nenhuma de arma de verdade.
Camila, opa, legal que você resolveu comentar 🙂 O que você falou é MUITO verdade, as mulheres hoje são muitas outras coisas além de donas de casa, e a divisão dos brinquedos não se atualizou com os novos tempos. Não estou acreditando que a professora da sua sobrinha fez esse comentário!!!!! Nossa! Isso é recente?
Soraia, obrigada! Sei que tem muitas mães que pensam da mesma forma, mas as vezes a gente tem a idéia na cabeça e não enxerga o que está acontecendo bem em frente ao nosso nariz!
Monica, exatamente! Mas eu acho que justamente por morar aqui e ver como o negócio é muito mais exacerbado que no Brasil é que a gente fica com os dois pés atrás. A Julia gosta de bonecas e bichinhos de pelúcia sim, mas não é por isso que a gente precisa só comprar essas coisas né.
Heliene, ela sempre achou o máximo as luzes piscando nos carros de polícia e bombeiro na rua, então eu sabia que ela ia gostar dos carrinhos de brinquedo também. Depois quero umas dicas de outros brinquedos “de menino” que ele gosta pra eu comprar pra Julia! Nick sabendo cozinhar e limpar, vai ser disputado a tapa pela mulherada 😉
Isabella says
Deixo a dica da Silvia: oompa.com, que vende brinquedos excelentes, de qualidade, educativos, etc e tal. E outra minha, playmobil. A Estela adora e eu dou com prazer para compensar com a quantidade de bonecas que mandam do Brasil… :/
Luciana Misura says
Isabella, eu conheço o oompa.com e também gosto do maukilo.com mas normalmente os mesmos brinquedos que eles vendem dá para comprar pela Amazon. Playmobil eu adorava quando era criança e pretendo comprar, mas acho a Julia ainda muito novinha por causa das pecinhas pequenas. Com que idade você deu?
Meggi says
Excelente post. Não tenho filhos, mas tenho sobrinha de 3 anos. Ela fez festa vestida de princesa, já sabe que o filhinho da minha amiga é o princípe dela. Caramba, você tem toda a razão, não há necessidade de dar somente brinquedos para “menina”. Da próxima vez, vou dar um carrinho de controle remoto, acho que vai ser divertido pra ela brincar.
Meggi says
E aqui no Japão, eu compro objetos da HELLO KITTY, pois ela já tem uma infinidade de objetos que ela gosta, como por exemplo, bolsa, mochila, sandália, tênis, colher, prato, porta-shampoo, etc. Acho uma graça, mas é um consumismo desenfreado.
Isabella says
Oi Luciana, a playmobil tem uma linha chamada 1 2 3 que é para crianças a partir de um ano de idade. O bacana é que os brinquedos são para ambos os sexos e daqui a pouco o David vai poder brincar com eles também. O restante dos brinquedos é para crianças maiores (4,5,6 anos). A Estela tem o castelo medieval e está de olho no hospital, circo, aeroporto, zoo… hehehe
Vale a pena se cadastrar no site para receber o catálogo. Beijo!
Ah, e voltando ao assunto do post sobre princesas, quando puder ou estiver no Brasil dê uma olhada nos livros da Cia das Letrinhas. Esta semana comprei um chamado Nove Novas Histórias de Fadas e Princesas e achei bem bacana. Tem também o Que História é Esta? (preciso confirmar o título) que traz contos de fadas sob um novo olhar (a narrativa se dá pela voz dos personagens secundários da história)–quando fiz Letras estudei alguns livros de literatura infanto-juvenil atuais e este foi um dos recomendados pela professora. =)
Maira says
Lu, amei esse seu texto, estou prestes a ter uma menina e as vezes me dá desespero em pensar o quanto é difícil aculturar as pequenas para que cresçam com uma cabeça prática, objetiva e racional, e não com o raciocínio “princesa”. Num mercado em que as mulheres estão cada vez mais inseridas, nada mais correto do que mostrar o “lado duro” do dia a dia pras meninas. 🙂