Acho que essa é a pergunta que eu mais escuto aqui no blog e já prometi há tempos contar o que a gente está fazendo, então vamos lá. Depois de ler o Raising a Bilingual Child e de tudo que a gente leu ser reforçado pelo The Bilingual Edge, não tivemos dúvidas: escolhemos o método Minority Language at Home (ou Hot House) em que tanto o pai quanto a mãe falam a língua minoritária em casa (no nosso caso o português) e contratamos uma babá que fala português (brasileira) para reforçar.
Por que decidimos por essa forma, ao invés da tradicional One Parent One Language (onde cada um dos pais fala a sua língua nativa com o filho)? Porque com OPOL, a menos que pai e mãe passem a mesma quantidade de tempo por dia com o filho ou que ambos os pais falem uma língua diferente da majoritária, uma língua vai sempre sair perdendo no final. Por exemplo, o nosso caso: tanto eu quanto o Gabe trabalhamos. A Julia iria então para uma creche (ia ouvir e falar inglês 8h por dia) e nas horas com a gente em casa ia ouvir inglês (Gabe) e português (eu). Então o inglês teria não só o domínio das horas dela na creche mas teria ainda as horas que o Gabe passa com ela em casa.
Os dois livros enfatizam que existe um mínimo de horas que a criança tem que ouvir de uma língua para ser fluente nessa língua. O Raising a Bilingual Child fala mínimo de 20 horas por semana, o The Bilingual Edge fala que se você quer que o seu filho seja fluente em duas línguas, tem que expor a criança a essas duas línguas em tempos praticamente iguais – e no caso de você morar em um lugar que uma das línguas dos pais é a língua majoritária, é bom falar MAIS a língua minoritária em casa pois as crianças vão aprender a lingua da maioria fora de casa de qualquer jeito – na escola, com os amiguinhos, vizinhos, etc. Logicamente se um dos pais passa o dia todo com a criança (uma mãe que fale só português com o filho por exemplo), dá para usar OPOL tranquilamente até a criança ir para a escola, momento este em que os pais vão ter que avaliar a quantidade de horas de língua minoritária que a criança vai precisar ouvir para continuar o aprendizado.
Ambos os livros aconselham esse método onde os pais falam a língua minoritária em casa para garantir que as crianças ouçam e falem essa língua o máximo possível. O Bilingual Edge também fala sobre esse método e mais: a criança aprende a lingua minoritária em casa bem até uns 3 anos e quando vai pra escolinha começa a aprender a língua majoritária. É isso que estamos fazendo: eu e Gabe falamos só português com a Julia e a babá idem. E pra ela ouvir um pouco de inglês ela vai ao Gymboree e tem contato com crianças e outras pessoas que falam inglês, mas é uma parte pequena do total de horas, porque o inglês para ela no momento não é a prioridade.
Por enquanto a gente acha que está dando certo, pois ela está falando muito português e bem para a idade, já forma frases simples (senta aqui vovô, vem aqui mamãe) e tem um vocabulário enorme, com centenas (literalmente) de palavras. O desafio será mesmo quando ela começar a escola, que é o período mais difícil de manter o equilíbrio das línguas em termos de horas faladas por dia. Por isso é tão importante que em casa a gente só fale com ela em português.
Isso só é possível porque o Gabe desde que ela nasceu está empenhado em aprender português para falar com ela. Ele ainda não tem vocabulário para uma conversa entre adultos mas todo o vocabulário da Julia ele sabe. Ele está aprendendo com ela. Todas as palavras que a gente ensina para ela, ele aprende também. E os dois livros apontam que não é necessário ser nativo na língua para ensinar os filhos, que o pouco conhecimento só vai transparecer mesmo no futuro, na hora de conversas complexas, que não acontecem com as crianças pequenas. Entre nós só falamos inglês (justamente pela falta de vocabulário dele em português), mas como a conversa não é dirigida a ela, não faz diferença.
É importante notar a diferença entre bilinguismo passivo e bilinguismo ativo – o passivo é o mais comum, os pais falam com a criança em uma língua minoritária e ela entende, mas responde usando a língua majoritária. Isso acontece por vários motivos, entre eles o número de horas na língua minoritária ser muito pequeno e os pais não serem consistentes no uso da língua e aceitarem que a criança responda em uma língua diferente (na maioria das vezes os pais usam as línguas diferentes e misturam também). Os livros dão dicas para corrigir esse comportamento sem forçar ou brigar com a criança para que ela fale a língua minoritária.
Muito importante são os estudos que a interação em uma língua é o que faz a criança aprender, só ouvir não adianta. Uma criança que ouça os pais falando uma língua entre si mas não dirigida à ela, não vai aprender essa língua. Uma criança na frente da TV ouvindo outra língua sem que os pais falem essa língua com ela, também não vai aprender a língua. No máximo eles vão aprender uma palavra ou outra, mas nunca vão conseguir falar a língua sem que exista a interação. Então vale também o alerta para os pais analisarem não somente o número de horas que a criança ouve uma língua ou outra mas também o tipo de atividade – uma hora assistindo TV em português não equivale a uma hora de brincadeiras em inglês. Vale notar que assistir a um programa de TV na língua minoritária ativamente aumenta o benefício: um pai ou mãe assistindo junto e comentando o que está acontecendo transforma o que era uma atividade passiva em interativa. Crianças em idade escolar que já tem um certo domínio da língua se beneficiam mais de programas de TV do que crianças pequenas que estão começando a aprender a língua.
Bom, o resumo da história até o momento aqui em casa é esse, ainda temos muitos desafios pela frente – a fase que a criança começa a escola é crítica e ainda não estamos lá. Recomendo muito os dois livros, escritos por pesquisadoras de aprendizado de línguas que fazem questão de colocar por terra diversos mitos relacionados ao bilinguismo, mas o melhor mesmo para a gente foi entender todos os métodos, pra poder escolher um caminho com um pouco mais de segurança. Afinal, tem muitas crianças que são filhas de estrangeiros e não falam a língua dos pais, então se bilinguismo fosse intuitivo isso não aconteceria. Tem mais trabalho envolvido do que muita gente imagina, os pais que já passaram por isso sabem que não é fácil!
Tem alguns pais que conheço que tiveram muito sucesso ensinando duas ou mais línguas aos filhos (né Andréia), se vocês quiserem comentar como fizeram nas suas casas e quais foram as dificuldades que encontraram também seria ótimo!
Vicky says
Isso me preocupa muito. Penso em comprar livros em portugues e dvds de bons programas e Disney dublado em portugues. Tudo para que nossos futuros filhos tenham fluencia nas linguas. Ainda bem que eu sou capaz de alfabetizar em portugues e ensinar história e geografia do Brasil para criancas. Isso será importante. Onde eu vou morar meus filhos ainda serao expostos a muito espanhol também. Vou precisar controlar muito o desenvolvimento das línguas.
Bia says
Muito interessante esse post, Luciana! Um assunto que sempre tive muita curiosidade em saber! bjs
leticia says
muito legal o post, Luciana
achei otima a tecnica que voces empregaram com a Julia e sei que vai dar super certo.
é engraçado ver que a nossa geração ainda vê bilingualismo como uma bicho de sete cabeças e não é, né? ha 12 anos atras quando a minha irma colocou minha sobrinha de 2 em uma escola bilingue em sp, eu achei o cumulo! “nossa, vai confundir a cabeça da menina”, “como é que eu falo com ela? ingles ou portugues?” hahaha
hoje vejo como a minha desinformação era total, credo! hoje ela fala um portugues perfeito e é fluente em ingles, sem neura, e ainda arrisca um espanhol tb, pq a escola teve aulas dessa lingua apartir da quinta serie.
não é triste como a gente as vezes fica com medo e quer se limitar e limitar os outros, né? o limite pro aprendizado está só na nossa cabeça mesmo…
Luciana Misura says
Vicky, foi o que a gente fez também, mas o benefícios maiores dos filmes são para crianças mais velhas. Na idade da Julia os livros e as conversas são as maiores influências. Onde você vai morar? O espanhol é muito presente aqui no Texas também.
Bia, legal que você gostou 🙂
Leticia, engraçado é que eu vejo os extremos: gente que acha que bilingualismo atrapalha e muita gente que acha que porque fala uma língua vai ser natural que o filho fale também. Nos dois casos não dá muito certo. Os pais que conheço que tiveram sucesso (e só chamo de sucesso os filhos mais velhos mesmo, já alfabetizados, cursando o ensino fundamental ou além e que falam bem as duas – ou mais – línguas) tiveram bastante trabalho para passar da fase que as crianças resolvem não responder mais na língua minoritária, que é onde a maioria dos pais que eu conheço acabam se deixando levar. Tem criança que é mais resistente, criança que é menos…é complicado! Mas realmente essa coisa de achar que o bilingualismo atrapalha é antiga e ainda acontece MUITO. Aqui nos EUA também…
Bruna says
Oi Luciana! Não sou casada com estrangeiro e tô longe de ter filhos, mas sempre tive curiosidade de saber sobre isso, já que acho importante a criança ter contato com outras línguas desde cedo (vide meu perrengue pra aprender francês durante a faculdade e a facilidade de aprender inglês durante o ginásio-colegial…).
Lendo o seu post lembrei de uma amiga minha franco-americana (mãe americana, pai francês). Quando a escutei falando inglês absurdamente perfeito e sem sotaque NENHUM para uma francesa, perguntei onde ela tinha aprendido e ela me contou a história. Até os 5 anos de idade, quando foi pra escola pela primeira vez, não falava uma palavra em francês que não fosse oi, tchau, obrigada e por favor. Ela disse que a primeira semana foi bem traumática e chorava todo dia… depois foi logo se enturmando e em poucos meses já falava francês suficiente pra se comunicar bastante com os seus coleguinhas. Até que um dia perguntou pro pai dela porque, se ela e ele eram franceses, não podiam falar francês? Daí em diante falou francês com o pai e inglês com a mãe.
Leio sempre seu blog e comento muito com a minha irmã, que tem uma menininha, suas dicas!
Dani says
Lu,
A minha melhor amiga é americana de passaporte, argentina de nascimento e brasileira de alma. É completamente trilíngue. Em casa, apesar da língua nativa dos pais ser inglês, eles sempre falaram espanhol com ela, depois que foram morar no Brasil, mudaram para o português e ela sempre frequentou escolas americanas. O português e o inglês dela são obviamente impecáveis. O espanhol, apesar de tersido a primeira língua, segundo ela, ficou meio enferrujado por falta de uso. Ela diz que tem pouco vocabulário, mas a pronúncia é perfeita.
Flavia says
Em casa, como o Paul nao fala o portugues a gente fala ingles/portugues, eu soh falo portugues com ela e ele soh ingles. Ele passa o dia inteiro com ela entao nao teria nem condicoes de tentar falar portugues ha, ha, ha. Ela fala meio a meio, algumas palavras soh em portugues, algumas soh em ingles e outras nas 2 linguas. qdo ela fala comigo fala portugues e com o Paul em ingles.
Eu tenho um programa que o Paul comprou uma vez para aprender port e nunca usou, mas estou pensando em usar com ela e acho que jah vou comecar.
bjs
Maria says
Luciana, muito bom post. Obrigada
Tendo em conta a situação de vcs (ambos trabalham) realmente a melhor opção foi a que adotaram… ainda mais se o seu marido também está aprendendo português, muito bom mesmo. Parabéns aos três e boa sorte nas seguintes fases.
Abraço
Silvia says
Eu posso dizer que por experiência própria essa idéia da língua minoritária funciona sim. Meus pais e eu nos mudamos da Argentina ao Brasil quando eu era pequena – em casa eles só falavam em espanhol, até porque não sabiam português ainda. Minha mãe aprendeu português ouvindo o Cid Moreira no jornal nacional! Pode?
Quando fui à escola, aprendí o português aos poucos. Sem perceber, aprendí as duas línguas (e até mesmo francês, quando nos mudamos pra França por 1 ano) e hoje posso dizer que sou fluente nas duas, além do inglês que só aprendi mesmo quando vim morar nos EUA, apesar de ter feito aula por 10 anos. O que ajudou também é que aos 15 anos eu estudei na Argentina por um ano e aprendi a gramática direitinho, li muitos livros e claro, aprendí as gírias da época, etc.
Hoje com meus dois filhos americanos, estou na maior dúvida porque o meu marido fala pouco português – então não sei se daria pra fazer a mesma coisa que meus pais fizeram…mas pelo que você comentou, isso não deveria interferir.
A parte cultural também pesa, por exemplo, eu sei muito mais versinhos e músicas em português do que inglês, e o Paul mal sabe a letra das músicas de criança (homem não liga pra isso né). Além do que eu me expresso mais naturalmente em português, então imagino a dificuldade do Gabe em se comunicar espontaneamente em uma outra língua, mas aplaudo de pé pela iniciativa!
Outra coisa que complica é que temos planos de morar no Brasil e lá as crianças iriam a uma escola bilíngue e o inglês passaria a ser minoritário…aí será que eu devo passar a falar em inglês em casa?? Ufa…acho que você tem razão, a gente complica demais as coisas. Meus pais nunca leram livro de nada e todos os 3 filhos falam 3 línguas, rsrs!! Quanto mais a gente se informa, menos a gente sabe…
Luciana Misura says
Bruna, legal essa história, só o choque da sua amiga que não foi tão legal assim…mas entendo o que os pais dela fizeram, e deu certo no final. De repente eles podiam ter criado mais situações para ela ter contato com o francês antes do choque da escola, mas mesmo assim ela se saiu muito bem, é sempre bom saber! Que idade tem a sua sobrinha?
Dani, olha que maravilha essa sua amiga saber 3 línguas, um dia a gente chega lá. Eu quero retomar os meus estudos de espanhol (estudei quando era adolescente, usei quando viajei a Espanha e depois não peguei mais), aqui no Texas tem bastante oportunidade para praticar, e se tudo der certo com o português da Julia quem sabe não ensino o espanhol também 😉
Flavia, é o Rosetta Stone? O Gabe tem o Rosetta Stone mas faz tempo que ele não usa. Achamos meio bobo, pelo menos as primeiras lições foram bem inúteis…
Maria, obrigada, acreditamos que essa decisão é a mais acertada para a nossa situação mesmo. Vamos ver o que o futuro nos reserva!
Silvia, você é um caso de sucesso da língua minoritária em casa 🙂 Mas olha, famílias onde o pai e a mãe falam a mesma língua tem mais sucesso do que famílias onde os pais falam línguas diferentes, principalmente quando uma das línguas é majoritária. Se você parar pra analisar, na maioria das famílias onde o pai e a mãe falam a mesma língua, os filhos também falam, porque os pais se dirigem aos filhos na língua nativa deles. E nos casos onde o pai fala uma língua diferente da mãe é que costumam estar os bilíngues passivos – as crianças que entendem mas não falam, porque ouvem o pai ou a mãe falarem outra língua mas a interação não é por tempo suficiente para que eles consigam falar, só entender. E esse é o nosso caso, os maridos falam inglês e nós falamos português, por isso temos que ficar de olho pro inglês não tomar conta do dia das crianças. E sim, se vocês forem morar no Brasil, o ideal seria falar inglês em casa.
Elaine says
Nossa Luciana, adorei este post. Eu nao sou mae ainda, mas eu e meu marido jah pensamos no que iremos fazer quanto ao idioma. Eu quero que meu filhos aprendam portugues mas o Bryan nao sabe nada de ingles, umas 3 palavras e olhe lah. Meu planos sao de quando eu ter filhos de fica em casa com eles no primeiros 2 ou 3 anos ou trabalhar part-time p poder me dedicar a eles, e falar apenas em portugues, jah o meu marido iria falar apenas ingles jah que nao sabe nada de portugues. Tentou varias vezes ler livros, ateh o CD da Rosetta Stone ele tentou, mas como voce e seu marido, achamos meio fraco. Nao eh um CD muito pratico, paramos no primeiro tb.
Bom, adorei a dica dos livros e quando estivermos planejando engravida (vai demorar um pouquinho), irei comprar-los p poder estudar melhor os metodos.
Obrigada por compartilhar conosco.
Beijos
Gabriela says
Oi Luciana, comecei a acompanhar seu blog por causa de minha irma ( Bia ). Ela me mostrou o quarto que voce fez para Julia e como eu gostei muito comecei a ler seus posts tambem. Bom, eu sempre me preocupei com essa situacao de criar uma crianca bilingue. Eu sou casada com um suisso que fala alemao. Sempre ouvi falar apenas do metodo em que cada um fala sua propria lingua com o filho, e foi muito interessante poder saber atraves de voce que tenho outras opcoes. Agradeco as dicas dos livros por parto de um outro post, ja anotei para comprar eles. Obrigada.
Karenina says
ai, aqui em casa quem vai ter que salvar o português é a mamis aqui!!!
papi não fala português, entende tudooooo, mas falar, ná! ele só fala em catalão com ela, assim como a família dele… na escolinha, também é em catalão, assim que na minha próxima viagem ao Brasil, voltarei munida de livros & afins, tudo em português… menos mal que temos a santa internet, que daqui eu tiro muita músiquinha para ela 🙂
ótimo post, como sempre!
karenina
Dri - Everywhere says
Ou Lu!
Por coincidencia, eu li seu post exatamente na hora que meu marido estava com a professora de Portugues!
Ainda nao temos filhos, e nao estao nos nossos planos para um futuro proximo, mas sempre discutimos a questao da lingua da “familia” e tanto pra mim quanto pra ele criar filhos bilingues eh fundamental.
Foi otimo ler um pouco sobre sua experiencia e as “tecnicas” que existem, mas intuitivamente e por ter varios amigos bilingues, jah tinha uma nocao da importancia de falar apenas uma lingua em casa, e levar isso muito a serio.
Desde antes de casarmos meu marido comecou a fazer aulas de portugues na universidade aqui em Londres, e agora esta tambem com uma professora particular. Alem dos livros (meus pais mandaram uns livros de alfabetizacao infantil que ajudaram muito com o vocabulario dele) e CDs tipo (Rosetta Stone – que ele tambem nao gostou muito).
Acho muito importante nao soh o impenho dele, mas de toda a familia, pois ateh meus sogros estao preocupados em aprender um pouco de portugues, para poderem ajudar com o bilinguismo e serem parte integral da “familia” dos futuros netos (que obviamente vai incluir meus pais e irma, primos, etc). Quando meu sogros foram ao Brasil ano passado fiquei impressionada de como eles se viraram bem no portugues, que apesar de bem basico, foi muito bem recebido!
Voce tem toda razao, e bilinguismo eh muito mais dificil doque imaginamos, e realmente tem que ser levado muito a serio, pela familia toda.
Bjs!
Adriana
Tatiana says
Lu, excelente post! Eu e meu marido somos brasileiros e moramos no Brasil, mas tenho muito interesse que meus futuros filhos sejam bilingues e penso na melhor forma de fazer isso. Falar inglês em casa não é uma opção, afinal não conseguiríamos na prática… Então penso em colocar numa escola bilíngue. Será que é uma boa desde cedo? Alguém tem essa experiência p/ contar? E ficou uma curiosidade: será que por aí existe esse tipo de escola bilíngue? com português não deve ser tão comum, né? tvz em Miami! hehe
beijos
Antonia says
Bem eu posso te contar a experiencia com minha filha que tem hoje 26 anos, e è bilingue em ingles, espanhol, portugues de portugal,e claro brasileiro, que nao è portugues e sim uma lingus diferente que se chama brasileiro que è o que nos falamos. Minha filha foi crisda no Brasil, por pais brasileiros, mas por conta de viajens constantes ao exterior e de nunca assistirmos a nada dublado, e seu constante interesse por computaçao , fez com que ela aprendesse naturalmente a falar perfeitamente o ingles, e depois tomasse conhecimento da gramatica, e hoje ser mais facil pra ela a comunicaçao nessa lingua, justo o contrario de sua Julia, as crianças normalmente em seis meses dominam perfeitamente uma lingua inclusive chino, eles tem uma facilidade enorme de comunicaçao, notei isso com o espanhol, que ela aprendeu perfeitamente, aqui na Espanha as crianças sao educadas em espanho, e em dialeto que no caso do vasco è pior que grego, e nao tem nenhum problema todos vao a escola desde bebes, nao se preocupe que Julia vai falar brasileiro, ingles e o que mas lhe apetesca, sem nenhum problema.
Juninho says
Oi Luciana, como vai?
Deixa eu te perguntar uma coisa offtopic… qual a raça do seu gato? (http://gato.misura.org/)
Abraço,
Rebeca says
Lu, achei interessante seu post, nao conhecia o metodo.
Moramos nos EU, meu marido fala espanhol com minha filha de 2 anos, eu falo portugues. Ele trabalha, eu fico em casa. O ingles ela ve na TV e nos play groups. Ela fala pouco, mas fala um pouco de cada idioma misturado porem entende os 3. Por enquanto esta dando certo, o atraso na fala e normal e continuaremos cada um com seu idioma.
Se voce aceita sugestao, seria interessante voce fazer um follow-up deste post daqui 1 ano mais ou menos, fico curiosa em saber como estarao nossos pimpolhos no quesito linguagem e podemos continuar a trocar experiencias.
Bjs
Isabella says
Achei ótimo o post. Melhor ainda que você deu nome aos bois ou às metodologias. 🙂
Nós fazemos como vocês, falamos a língua minoritária em casa que é o português. A Estela está no UPK e é bastante exposta ao inglês. Além disso ela faz Kumon leitura e matemática. Na maior parte do tempo ela responde em inglês, já notei que dependendo do assunto ela opta por um idioma ou outro. É natural eles escolherem uma língua afetiva, a língua que eles vão usar para expressar sentimentos e emoções, sinto que ela escolheu o português, mas só o tempo e uma boa dose de trabalho dirão de fato qual é…Meu objetivo é começar a alfabetização no final do ano, para isso vou trazer material/livros didáticos e conversar com uma professora do ensino infantil quando for ao Brasil. Fiz letras, mas tenho medo de não dar conta…como dizem “santo de casa não faz milagre”.
Vicky says
Luciana, eu to indo pro New Mexico. A família do meu marido apesar de ser americana (e nao mexicanos ou descendentes) misturam um pouco de espanhol em tudo dentro de casa, até meu sogro me chama de Mi hijita…
Pois é, eu resgatei meus livros infantis da casa da minha mae, e tenho um plano de comprar as obras completas de Monteiro Lobato, que eram minha loucura na infancia. Eu já fiz amizade com algumas brasileiras em Albuquerque, tem algumas grávidas, outras com filhos pequenos, acho que vai dar para colocar a molecada interagindo e forcando atividades em portugues – porque se deixa sem supervisao, sai só em ingles mesmo entre eles.
Adoro ouvir sobre a experiencia dos outros. Acho que ensina mais do que livros de métodos…
Melissa says
Muito legal o post Luti! Mesmo morando no Brasil, nao tendo filhos e nem marido estrangeiro achei bem interessante. Ah, as fotos de Aruba estao lindas! Julia uma graça como sempre!
beijooooos!
Elton Cardoso says
Oi, Luciana! No curso de Letras, um dos assuntos estudados é a questão da aquisição de uma nova língua ainda na infância. De acordo com meu professor (que é coreano), a maioria das crianças não apresenta resistência ao aprendizado de uma nova língua; pelo contrário, nessa etapa, o processo é, geralmente, mais fácil. Segundo ele, com os filhos ele se expressa em três idiomas: coreano, inglês e português, e nenhum apresenta problema. Mas conheço um caso diferente. Uma amiga brasileira que mora na Alemanha teve de parar, por recomendação, de expor a filha de 3 ou 4 anos ao português, porque a criança estava tendo dificuldade de lidar com a língua do pai (o alemão) ao mesmo tempo. Depois de ler o seu post, acho que um dos motivos da resistência da garota deve ser o fato de a menina ouvir português em casa apenas da mãe e, no resto do tempo (a maior parte do tempo, na verdade), o alemão, daí a confusão. Espero que você tenha sucesso com a Julia!
Bel says
Ai Lu, vc nem imagina como ter que ensinar só duas línguas facilitaria a nossa vida. Eu falo com a Diana numa língua, o pai noutra, nós nos comunicamos numa terceira e moramos num país cuja língua é diferente das outras três:(. Por isso estou louca pra voltar pra Holanda, porque é essa quinta língua que ela vai ter que aprender, já que ela tem a nacionalidade holandesa e pretendemos que ela cresça lá.
Bom, mas como meu marido foi criado em 4 línguas (como vc deve ter visto por lá), acho que não vai ser impossível, né?
Elis says
Lu,eu adorei esse post ,pois sei q aqui vai ser a mesma ladainha com a Ana Celina.O pai so falando em ingles e eu em portugues…ai,meu Deus!Mas,do jeito q vc explicou aqui acho q e mais coerente mesmo!
William Shelton says
Oi para todos!!! Eu sou pai de dois filhos: uma filha de 17 anos e um filho de 19 meses. Sou americano (de Oklahoma) e as mães deles são brasileiras. Minha filha nasceu em São Paulo e viemos aos Estados Unidos quando ela tinha 3 anos. Eu só falava com ela em inglês até chegar na minha terra e continuei falando como ela na minha língua até hoje. A mãe trabalhava fora da casa e falava com ela em português mais não insistia muito. Em casa falávamos cada vez mais em inglês. O resultado foi que minha filha fala um português bem americanizado e quase não lê nem escreve o português. Meu filho nasceu aqui na terrinha e também só falo com ele em inglês e a sua mãe só fala com ele em português. Estamos conscientes da necessidade de Jack (nosso filho) aprender a dominar a duas línguas e estamos conscientes da experiência com minha filha. Já que a mãe do meu filho não trabalha fora de casa e que só falamos em português, pensamos continuar com cada um falando a sua língua com Jack, mas também estamos conscientes de que, na hora dele entrar na escola, a alfabetização dele em português vai caber a gente, principalmente à mãe dele. A questão do bilingüismo sempre me interessou e sei que não existe uma forma só de abordá-la. O que é imprescindível é pensar e compartilhar as nossa experiências. Vamos torcer para tudo dar certo não só para Luciana e Julia, mas para todos de nós que vivemos num mundo bilingüe.
PD: Só para esclarecer, eu sou americano mesmo, nascido e criado em Oklahoma mas viví mais de cinco anos no Brasil, onde aprendi o português. Também sou professor de línguas (espanhol, no caso) no colegio local na cidadezinha rural onde moramos.
Monica says
Oi Lu
Comecei a fazer aquilo que conversamos, de dizer que nao entendo quando ela fala ingles, e isso meio que a força falar portugues. Percebi que essa “forçada” começou a fazer ela gaguejar… vc leu algo sobre isso?
Beijocas
Luciana Misura says
Elaine, de nada, boa sorte para vocês. Como vocês ainda não tem filhos dá pro seu marido ir aprendendo mais português até lá, hehe 😉 Pois é, o Rosetta Stone não é prático, ainda não encontramos nenhum material que ensine português bacana, se vocês um dia encontrarem alguma coisa legal nos avise.
Gabriela, eu também achava que só existia esse método de cada um falar a sua língua quando a Julia nasceu, fiquei querendo saber mais detalhes e acabei encontrando outras opções. Espero que você goste dos livros também!
Karenina, boa sorte, você fica em casa com ela né? Livros e músicas pras crianças novinhas são a melhor coisa mesmo, pra ler e cantar com elas. Eu trouxe um monte do Brasil (presentes e comprei mais alguns) e minha mãe sempre traz também. Você conhece o Palavra Cantada? A Julia adora!
Dri, olha que legal, seu marido faz aulas de português e tudo! Você pode me passar os livros de alfabetização que ele usa? De repente seria bom pro Gabe também. Os nossos sogros também apoiam muito, a minha sogra sabe falar várias coisinhas em português e eles também se viraram bem sozinhos no Brasil. Então felizmente a gente não encontra resistência familiar, que pode complicar um pouco as coisas.
Tatiana, escola bilíngue é uma ótima opção! E se não me engano é bom que seja desde cedo, porque se a criança não fala a língua em casa, não vai conseguir entrar em uma série mais avançada porque não vai conseguir acompanhar. Mas não tenho experiência com isso, seria bom conversar com o pessoal dessas escolas a respeito. Sei que tem muitas creches já bilíngues em várias cidades no Brasil. Não conheço nenhuma escola bilíngue em português-inglês aqui nos EUA, talvez exista mas nunca ouvi falar. Sei que tem cursos que ensinam português para crianças, montados por brasileiros que moram aqui, mas escola mesmo ainda não vi. Deve ser difícil não só pelo fato do número de pessoas interessadas mas também porque a maioria das pessoas aqui manda os filhos para as escolas públicas, então para ter gente interessada suficiente E que tope pagar uma escola particular não deve ser fácil!
Antonia, legal que a sua filha fala todas essas línguas. Mas no seu caso tanto você quanto o seu marido falavam a mesma língua em casa, que é o maior problema que as famílias que falam línguas diferentes encontram. Conheço muitas crianças que tem pais de nacionalidades diferentes que não são bilíngues ou são bilíngues passivas, justamente por causa da pouca exposição a uma das línguas. Realmente as crianças aprendem bem línguas por vários motivos, mas tem que ouvir bastante pra poder falar.
Juninho, o meu Gato é um vira-lata, não tem raça não!
Rebeca, normal ela misturar, e tem muita criança que não fala quase nada com 2 anos, bilíngue ou não, ela não está atrasada. Aliás, os dois livros afirmam que esse atraso é um mito, o que acontece é que o período que as crianças podem começar a falar é tão longo que muitos pais (e pediatras) acham que o seu filho bilíngue está atrasado mas na verdade ainda está dentro do prazo normal. Tem muita criança que ouve uma língua somente e que só começa a falar mais que papai e mamãe depois de 2 anos, e isso ainda é considerado dentro do normal. E sim, pretendo escrever sobre esse assunto novamente no futuro pra avaliar o progresso!
Isabella, legal, quantos anos ela tem? E essa parte de alfabetização é a mais complicada mesmo, eu ainda não sei como vamos fazer quando chegarmos nesse ponto. Depois quero ouvir como foi a sua experiência nessa parte!
Vicky, sim, verdade, a molecada brincando sem supervisão acaba falando só em inglês mesmo. Acho que a minha mãe ainda guardou a minha coleção do Monteiro Lobato, quem sabe um dia a Julia vai ler 😉
Melissi, brigada 🙂
Elton, confundir as línguas é normal e muitos médicos e professores erroneamente falam para os pais pararem com uma das línguas para corrigir esse “problema”. Esse conselho é muito errado e continua sendo oferecido. Os pais acabam acreditando e todos saem perdendo. As crianças novinhas não resistem a aprender uma língua ou outra, mas quando vão crescendo e se comunicando mais com outras crianças, escola, etc, elas percebem que existe uma língua que domina e normalmente acham mais fácil se comunicar nessa língua. À medida que vão usando essa língua dominante mais e mais, passam a responder perguntas feitas em outra língua com a língua dominante, e se nada é feito, vão se tornando bilíngues passivas até esquecerem/pararem de usar a língua em questão. Conheço muitas crianças que seguiram esse caminho – até os 2-3 anos não apresentavam problemas, foram para a escolinha e começaram a usar mais e mais a nova língua até que a conversa com os pais mudou de uma língua para a outra e pronto. E tem crianças mais velhas que usam tão pouco uma segunda língua que elas tem vergonha de falarem, e se recusam a falar por causa disso.
Bel, então, a gente já viu que é possível sim, mas requer planejamento e persistência…mas ele cresceu frequentando uma escola que já oferecia mais de uma língua, não foi? Porque isso já resolve uma boa parte do problema. Manter 3, 4 línguas só em casa é mesmo muito difícil simplesmente por uma questão matemática – número de horas no dia e quantas horas a criança ouve cada uma!
Elis, essa forma é uma das mais comuns e pode dar muito certo, o negócio é saber o que e como corrigir se começar a dar errado 🙂
William, seu português é ótimo! Boa sorte dessa vez!
Monica, não, nenhum livro fala sobre esse problema. De repente seria legal repetir em português o que ela te perguntou em inglês para ela ouvir, talvez ela esteja tendo uma dificuldade para traduzir assim rapidamente. Beijos!
Katia says
Oi Luciana, excelente textoT Parabéns pelo blog, que apesar de já ter tantos anos traz assuntos de muitos interesse para muitos.
Quero te pedir uma opiniao para um assunto que está me tirando o sono, minhas filhas de 7 e 3 anos estao numa escola comum aqui no Brasil, acontece que estou pensando em trocá-las de escola no próximo ano e uma das opcoes seria colocá-las numa escola bilingue, já que a minha mais velha nao poderá ser aceita aprtir dos 8 anos.
Temos a intencao de morar fora do Brasil daqui alguns anos 4 ou 5, porém, penso que este dinheiro investido poderia ser usado para nossa imigracao a outro país, tendo em vista também que muitas pessoas questionam a parte academica destas escolas, dizendo que é excelente para o aprendizado de outro idioma, porém, que deixa muito a desejar no aprofundamento das disciplinas convencionais.
O que voce acha? Será que devo “ivestir” nesta ideia ou mudar futuramente com elas sabendo apenas um ingles básico?
Obrigada e parabéns novamante pelo blog
Luciana Misura says
Katia, se eu fosse você, investiria na escola bilíngue. Sua filha de 7 anos daqui a 4-5 anos estará com 11-12 anos e vai ser muito mais difícil pra ela a adaptação e acompanhar a escola se ela souber apenas um inglês básico. Quanto mais velha a criança, mais importante é o nível de inglês. Crianças pequenas costumam ter menos dificuldade de adaptação justamente porque a necessidade de comunicação é diferente, com vocabulário menor e as interações sociais verbais são mais limitadas. Pra uma menina de 11-12 anos não, a interação verbal é crítica e ela vai sentir muito mais se não vier com um bom inglês. Claro que dá pra se virar, mas se você pode amenizar isso pra ela, eu acho que vale muito a pena investir sim. As reclamações que eu escuto aqui de crianças com dificuldades de adaptação são justamente pré-adolescentes e adolescentes, as crianças pequenas não costumam ter problema. Justamente por causa da comunicação. Beijos!
Katia says
Obrigada pela ajuda, até a próxima semana deveremos definir isto. Mas também acho que será fundamental para as duas ter uma boa comunicaçao, o fator mudança por si só, já é um tanto difícil para adaptaçao e se o idioma nao estiver bom entao, creio que teremos mais dificuldade com elas.
Tenho outras dúvidas, que provavelmente voce poderá contribuir com sua opiniao, mas vou te perguntar nos tópicos específicos.
Obrigada novamente! 🙂
Beijos,
Katia
Jessica says
Otimo post 🙂 fiquei curiosa para saber como foi o desenvolvimento da Julia depois de começar a escola. Vocês sentiram algum receio dela em relação ao português ou foi tudo natural?? Estou grávida de 11 semanas e a questão do desenvolvimento do bebê já está me consumindo, sou brasileira e meu marido americano (ele fala espanhol fluentemente). Você acha que inserir 3 línguas será ainda mais complicado para a criança? Obrigada pelos conselhos de livros, vou lê-los com certeza 🙂
Luciana de Campos Assis says
Lu adorei o post. Estou grávida de 7 messs e pesquisando sobre o tema. Já vou comprar os livros indicados. Muito obrigada por compartilhar sua experiência.
Ellen Tavares Guimarães says
Lu… Tenho curiosidade sobre o tema e acabei encontrado seu post… Como estão seus filhos com relação aos idiomas? Muito obrigada….
Luciana Misura says
Falam português e inglês. Minha filha está com 10 anos e fale e lê em português. Meu filho de 6 anos fala mas ainda está aprendendo a ler.