O trigésimo post da série Por que viajar com crianças? é com a Rita Medeiros, do blog Estrada Anil (twitter).
Conta pra gente, Rita:
Somos 4: eu, meu marido, Ulisses, e os pequenos Arthur, 8 anos, e Amanda, 5. Viajar é um dos hobbies da família, todos gostamos. Temos consciência do enorme privilégio que é ter a oportunidade de fazer viagens de lazer e tentamos fazer com que nossos filhos percebam isso e aproveitem ao máximo cada chance que a vida trouxer ou que a gente cavar.
Viajar com bebês foi uma necessidade desde o nascimento deles, já que vivemos em Santa Catarina e, sempre que podíamos, levávamos as crianças para visitar os avós no nordeste do país. Trocamos várias fraldas a bordo de aviões e em banheiros de aeroportos; diversas vezes contei com a boa vontade de comissários de bordo para aquecer uma ou outra papinha. Nossa primeira viagem mais longa com eles, para fora do país, ocorreu quando o mais velho tinha quatro anos e a pequena, dois. Ficamos na Inglaterra por dois meses e tivemos a certeza, desde então, de que repetiríamos viagens com eles sempre que tivéssemos a chance. A entrega das crianças às descobertas rotineiras já nos fascina em nossa própria casa, é verdade; mas vê-los descobrindo as muitas cores e “embalagens” do mundo é algo igualmente saboroso. Acredito que qualquer pessoa pode desenvolver uma visão de mundo aberta e acolhedora sem jamais botar os pés para fora de seu país, mas reconheço que o contato com outras línguas e culturas é sempre uma ótima oportunidade para catalizar essa experiência. É o que gostaríamos de oferecer a nossos filhos em cada viagem e, de quebra, curtir a alegria da companhia deles em cada descoberta nossa também. Via de regra, relato nossas alegrias em botar o pé no mundo em meu blog, o Estrada Anil.
1) Por que viajar com os filhos?
Nos tempos em que eu costumava viajar sozinha, tirava de minhas viagens um enorme prazer. Viajar sozinha me dava a chance de embarcar em uma dupla jornada, tanto de autoconhecimento como de descoberta de lugares e culturas diferentes. Era comum, no entanto, diante de um quadro incrível ou um parque maravilhoso, desejar ter comigo aquela pessoa especial para compartilhar a alegria. Viajar com meus filhos e com meu marido me permite esse compartilhamento. Nós nos deslumbramos juntos, erramos o caminho juntos, implicamos com a comida juntos e descobrimos que nosso mundo é, ao mesmo tempo, minúsculo e imenso. Não há saudades ou lamentos do tipo “nossa, Arthur adoraria ver isso aqui” porque ele sempre tá lá, junto, vendo com a gente”. (É claro que viajar sem filhos pode ser imensamente prazeroso; mas nossas viagens “de casal’ têm se resumido a escapadelas de um ou dois dias,quase sempre para shows de rock aos quais eles ainda não podem nos acompanhar. Para as grandes viagens, optamos por namorar com eles ali, ao alcance da mão. E sabemos que chegará logo o dia em que eles partirão para seus voos solos e, então, marido e eu vamos nos conformar em viajar sozinhos).
2) Como foi a primeira viagem com as crianças?
A primeira viagem com um bebê de sete meses a bordo foi cheia de expectativas. Minha mãe conheceria seu primeiro neto, e eu dei início ao treino de minhas super-habilidades no quesito troca-fraldas-em-cubículos, nos banheiros dos aviões.
3) Qual foi a viagem mais legal da família?
Pergunta difícil. Já fizemos viagens excelentes para o interior do Nordeste, onde meus filhos brincaram por dias no quintal da casa onde cresci com os filhos dos meus primos; já passamos dois meses em Londres, numa lua de mel com a cidade que mais curto no mundo; já visitamos outros países na Europa com eles e sempre foi divertido. Qualquer uma dessas viagens seria séria candidata à viagem mais legal. Mas vou ficar com nossa aventura mais recente, nossa breve visita à linda África do Sul. Os safáris com os pequenos jamais sairão de nossa memória. Foi maravilhoso.
4) Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou viajando com crianças?
Se meu marido fosse responder a essa pergunta, provavelmente falaria dos momentos em que as crianças se cansam e ele acaba carregando um ou outro no colo. Até os dois anos da caçula, nós levávamos o carrinho junto; depois eles passaram a circular de patinete ou a caminhar do nosso lado, mas sempre há o momento em que estão cansados (seja porque correram por horas em um parque, seja porque já é o final do dia e todo mundo quer cama) e meu marido acaba carregando alguém no colo, às vezes por muitos quarteirões. Para mim, o pior momento foi o dia em que precisamos levar a pequena a um hospital porque ela machucou o ouvido. Fomos muito bem atendidos e tudo acabou bem, mas foi o tipo de situação que é desagradável em qualquer lugar do mundo.
5) Qual é a sua dica número 1 pra outras famílias viajantes?
Tenham em mente que viagens com crianças demandam um planejamento diferente do que fazemos quando viajamos sozinhos ou com adultos. Não adianta passar dez dias em Paris e querer visitar dez museus. Eles vão se entediar, provavelmente. Alterne passeios voltados exclusivamente a divertir as crianças (parques, planetários, museus infantis interativos etc) com outros passeios culturais ou do gosto da família, sempre explicando a eles que “hoje vamos privilegiar algo de que você gosta, mas amanhã vamos àquele lugar que papai quer conhecer”. Além disso, procure tornar divertido para as crianças aquele passeio que, à primeira vista, parece tão sem graça para eles. Meus filhos curtiram muitas horas de caça ao tesouro em grandes museus como o Louvre ou o British Museum – tudo de que precisei foi mostrar a eles fotos de objetos que fazem parte dos acervos e inventar uma tabela de pontuação qualquer: “quem achar a Monalisa primeiro ganha 20 pontos!” Em Londres, eles me pediam para visitar “um museu de novo”. E é preciso respeitar o limite de energia deles. Haverá dias de mais cansaço, o que gera mau humor e variações no apetite. Em dias assim, paseios mais curtos, que possibilitem o retorno rápido ao hotel ou ao lugar onde estiverem hospedados, pode ser uma pedida mais interessante.
6) Qual será a próxima viagem de vocês?
Provavelmente iremos ao Rio de Janeiro nas férias do meio do ano. Se tudo der certo, pretendo dar uma esticadinha até algumas cidades históricas do interior de Minas, mas é possível que apenas a Cidade Maravilhosa já nos mantenha entretidos por alguns dias. Mal posso esperar.
Obrigada, Rita! É por isso que a gente continua levando o carrinho junto até hoje, porque ter que carregar criança já maior e pesada no colo não é mole não!
Se você viaja com os filhos e quer participar dessa série de entrevistas, entre em contato. Se você ainda não tomou coragem, espero que esse e os próximos posts da série sirvam de inspiração.
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Mais um post super bacana! Parabéns e abraços.
Que ideia bacana a da caça ao tesouro no museu! Nunca tinha me ocorrido que pode ser uma distração legal para os pequenos! Adorei a dica!