Desde que me mudei pros EUA, há 11 anos, que eu sempre quis levar o Gabe a uma festa junina. Nunca tinha dado certo. A Julia nasceu, e aí eu queria muito que ela conhecesse essa tradição brasileira, mas também não tínhamos conseguido conciliar as datas. Veio o Eric, mesma coisa. Finalmente esse ano a gente conseguiu estar no Rio e coincidir com a data da festa do condomínio dos meus pais, mais conveniente impossível. Eu adoro festa junina, são uma lembrança marcante da minha infância, eu e meu irmão dançamos muita quadrilha na vida 😉
Então no dia 6 de julho (já era festa julina né, coisa que o Gabe ainda não conseguiu entender) lá fomos nós apresentar essa festa querida pros nossos gringuinhos. Julia com uma caipira linda emprestada por uma amiga lá de Austin, o Eric se recusou a ficar com o chapéu na cabeça, eu e Gabe de camisas xadrez roubadas do meu irmão. Minha mãe foi junto, levando um bombocado, cada morador levou um doce típico pra dividir com todo mundo. Eu tinha mostrado pra Julia várias fotos minhas e do meu irmão participando de festas juninas quando éramos pequenos, em preparação para a festa (até então ela não tinha entendido porque tinha que usar aquele vestido!).
O condomínio cobriu a quadra esportiva pra fazer a festa mesmo em caso de chuva, e enfeitou tudo lá dentro. Eu achei que isso acabou tirando o charme, o legal é olhar pra cima e ver as bandeirinhas e o céu, mas enfim…
A fogueira fizeram do lado de fora, no playground, e cercaram pra ninguém chegar perto (bem diferente das fogueiras da minha infância).
O salão de festas também estava todo decorado e um pouco antes da gente ir embora (lá pras 22h), começou um show de forró que me pareceu bem autêntico – o Eric assistiu um pouquinho e gostou. Pena que não fizeram o show desde o início da festa!
A festa começou cedo com atrações e recreação pras crianças, quando a gente chegou estavam fazendo um monte de brincadeiras. A Julia participou de algumas, mas o Eric era muito pequeno pra entrar na confusão. Cabo-de-guerra, corrida do saco e brincadeiras do tipo – em times de meninas x meninos. Montaram algumas barracas tradicionais: de pescaria, boca do palhaço, derrubar latas, prisão – e uma inexplicável barraca da bruxa, que eu nunca tinha visto em lugar nenhum (se alguém souber de onde veio isso me avise). Tentaram improvisar uma quadrilha que não deu muito certo, pena que eles não chamaram nenhum grupo mais organizado pra dançar, queria que as crianças tivessem visto uma quadrilha bacana de verdade.
Uma mesa bem grande com todos os doces que o pessoal trouxe ficava bem perto das barrcas. E umas barraquinhas espalhadas vendiam salgados – milho verde, salsichão, churrasquinho, acarajé (que estava ruim demais!), caldo verde, cachorro-quente, tapioca…mas o negócio da festa junina são os doces né, matei a saudade de vários doces gostosos e as crianças provaram um monte deles pela primeira vez. O Eric gostou de tudo que é bolo que ele comeu, a Julia acabou ficando fã de suspiros. Confesso que eu adoro paçoquinha e comi um monte, e o quindim, bombocado, cocada…;-)
Comprei umas caixinhas de estalinho e chuveirinho de prata, Julia não ligou muito pros estalinhos, ficou brincando mesmo com os chuveirinhos. Já o Eric ficou apaixonado pelos estalinhos – e ao invés de jogar no chão, ele preferia colocar cada um cuidadosamente no chão e estourar com o pé, um por um.
Minha maior reclamação foi a música no começo da festa, quando a gente chegou lá: estava tocando uma variedade de músicas atuais, que tocam no rádio, nada a ver com festa junina (e muito inapropriadas pra crianças, mas parece que ninguém está ligando pra isso). Eu não me contive e fui lá reclamar com o pessoal do som, pedi pra eles colocarem umas músicas autênticas peloamordedeus, e felizmente eles colocaram depois disso. Disseram que as músicas tinham sido a pedido das crianças (!!). Bom senso está em falta, impressionante. Pena que o forró ao vivo só começou bem tarde, as crianças já estavam caindo de sono e a gente tinha que ir embora.
Um dia quero muito ir a uma festa junina no Nordeste, uma daquelas famosas como Campina Grande e Caruaru, pra ver o pessoal dançando super bem e comer muita coisa boa 🙂 Essa foi uma introdução as festas juninas pros meus filhos e marido, versão light e modernizada das festas da minha infância (estou exagerando?). Vou ter que me encarregar de apresentá-los a festas melhores futuramente (ainda existem?), mas valeu pelo primeiro contato.
Se alguém tiver uma boa festa que aconteça todo ano pra indicar, agradeço sugestões, já que de agora em diante a gente deve sempre ir ao Brasil em junho-julho, por causa das férias escolares da Julia.
Karla Alves Leal says
Lu, realmente nada se compara às festas juninas do nordeste, lá sim eles conservam suas ‘raízes juninas’. A festinha da escola do Theo lá em Natal foi inesquecível, com trio de repentistas e tudo muuuito típico mesmo. Também morro de vontade de ir na festa de Campina Grande… um dia eu consigo! Vamos? rs
Bjs
Luciana Misura says
Vamos! Mas não sei se dá pra ir com as crianças, imagino que seja muito tumulto, não? Não conheço ninguém que foi…
Luma says
Se quiser ir pro nordeste da próxima vez, super recomendo Aracaju. Morei lá por 11 anos (passei minha adolescência lá e agora estou de volta no Rio) e a cidade é ótima pra quem está com crianças. Inclusive se você procurar por Aracaju child friendly no Google tem vários posts em blogs falando isso. A cidade é cheia de parques (tanto os de brinquedo quanto os de área verde) e o mar é tranquilo e morninho.
Mas lá as festas juninas são só em junho mesmo. Elas duram o mês inteiro e é uma das coisas que eu mais sinto falta. As pessoas acendem fogueira na porta de casa, tem uma variedade enorme de fogos que as crianças (e os adultos também, eu inclusa!) adoram, tem competição de quadrilha, tem eventos musicais e culturais. A cidade gira muito em torno da festa junina. Tanto que lá as aulas costumam começar no comecinho de fevereiro (carnaval lá é praticamente inexistente) e as férias de meio de ano são do meio pro final de julho, enquanto aqui no Rio meus irmãos começam a estudar mais pro final de fevereiro e no começo de julho ainda estão fazendo prova.
Meus pais ainda moram lá, então se um dia resolver ir pra lá e precisar de dicas, é só falar =)
Luciana Misura says
Muito legal, Luma, obrigada. Eu já falei pra minha família que da próxima vez que formos ao Brasil eu vou marcar uma outra viagem antes de chegar ao Rio, pra outro lugar do Brasil, senão nunca consigo conhecer lugar nenhum! Nunca fui a Aracaju, conheço pouquíssimo o Nordeste (só o Sul da Bahia!) e com essa história de ficar indo só pro Rio pra visitar todo mundo eu acabo não conhecendo mais nada 🙁 Vou ter que mudar essa história!
Vivi says
As festas estão muito modernas, mas tem umas festas no Jockey do RJ bem legais e bem tradicional… Só que o ingresso é um pouco “salgado” 🙂
O Nordeste é realmente o lugar, em Recife a coisa pega fogo no Marco Zero e em Caruaru 🙂
Bjokas
Luciana Misura says
Bom saber! De repente vale a pena, eu queria um lugar mais autêntico, que tivesse boa música tradicional e grupos de quadrilha bem organizados mesmo, na festa do Jockey tem? Um dia eu vou a Caruaru, quero conferir essa festa de perto!
Vivi says
Lu, lá tem quadrilhas e forró… É em conjunto com o “São João da Boa” com a Antártica e é sempre muito bom 🙂
Vai sim uma vez em Recife, vc vai amar!!! E as comidinhas são maravilhosas!!!
Lídice says
Luciana, como já comentei antes… adorei o blog e estou sempre por aqui lendo um pouquinho mais!!! O post é antigo, mas vai a dica: Quer que sua família conheça festa junina tradicional??? Viaje para cidades do interior de Minas (natureza+religiosidade+culinária farta), nelas acontecem festas autênticas; é o que chamamos por aqui de Arraiá! Ouro Preto, Diamantina, Paracatu, Sabará, Divinópolis… algumas ainda mantêm o clima de cidade pequena e histórica. Dá pra complementar o passeio visitando lindas cachoeiras!
Luciana Misura says
Ah Lídice, isso eu sei, quero muito visitar essas cidades históricas! O problema é conseguir sair do Rio quando vamos ao Brasil, já que as visitas acabam sendo sempre pra visitar família e amigos (e nunca dá tempo de ver todo mundo). Mas um dia eu consigo…!