Algumas pessoas me perguntaram como anda o português e o inglês da Julia agora que ela vai pra escolinha todos os dias. Então estou fazendo um update do post que tinha escrito antes sobre o assunto.
Ela começou a escolinha (diariamente, o dia inteiro) em setembro passado, ou seja, vai fazer um ano daqui a pouco. No início ela entendia bastante mas falava pouco. As professoras disseram que ela não tinha nenhum problema em entender as instruções (acredito que graças ao Gymboree) e que se fazia entender quando precisava. Mas obviamente não tinha vocabulário pra bater papo e contar histórias, só pra comunicar o básico mesmo.
Em casa conosco ela não começou a falar inglês, continuou falando português como sempre, e algumas vezes escapava uma palavra em inglês que ela mesma corrigia. A maior mudança foi que depois de uns 3 meses de escola, ela passou a falar com os brinquedos em inglês (quando está brincando sozinha). Então os diálogos dos bichos e bonecas são todos em inglês, em português só quando nós estamos brincando com ela (ou com outra criança que fale português). Faz sentido, já que a maior parte do tempo ela brinca na escola, em inglês, então virou a “língua de brincar”.
Atualmente ela fala algumas palavras em inglês de vez em quando com a gente, mas normalmente é porque ela aprendeu a palavra e inglês mas não em português. Aí a gente ensina como é em português e ela faz a troca. Agora ela já consegue falar bem as duas línguas, com um vocabulário decente pra idade. Ainda comete muitos erros de concordância e gênero em português (acho que muito influenciada pelo Gabe, já que ele comete muitos desses erros) mas acho que ainda é normal pra idade dela. Em inglês ela ainda está melhorando a construção de frases – muitas vezes erra a ordem, influenciada pelo português, mas isso já diminuiu bastante. As professoras da escola sempre elogiam o inglês dela, e dizem que a gente não precisa se preocupar, então está bom 😉 Ela agora já consegue contar várias histórias em inglês e se comunica perfeitamente com a família do Gabe (meus sogros estiveram aqui em abril e adoraram, batiam o maior papo com ela).
Com as amiguinhas brasileiras-americanas elas quase sempre conversam e brincam em inglês, com algumas exceções. E eu já estou falando pra ela que ela vai ter que falar com o Eric em português, vamos ver se isso vai dar certo (sei que o normal é os irmãos falarem entre si a língua majoritária do lugar onde vivem). Enfim, por enquanto o plano está dando certo, espero que continue assim. Sei que eles vão crescendo e vai ficando mais difícil, e a alfabetização vai ser outro desafio.
Isabella says
A Estela tem agora sete anos, mas quando tinha a idade da Julia também brincava em inglês, se comunicava conosco em português e com os amiguinhos em inglês. Escrevi no passado, entretanto pouca coisa mudou. O vocabulário cresceu e ambas a línguas se consolidaram, sendo que está começando e ler sozinha em português utilizando o mesmo raciocínio do inglês.
Achei super interessante você ter mencionado sobre a conjugação dos verbos. Os lingüistas adoram esta etapa da aquisição que é quando a criança faz uso dos tempos verbais conhecidos para identificar outros. É normal e divertido até. Lembro-me da Estela conjugar verbos em inglês na forma portuguesa e vice-versa. Eu apenas repetia a norma padrão e hoje ela conjuga sem problemas.
Bjos.
Luciana Misura says
Que bom que ela continua indo bem nas duas línguas! Essa parte da leitura também me interessa bastante, espero que ela tome gosto por ler nas duas línguas. Ela adora livros e que a gente leia pra ela, então pelo menos já é um começo.
Os verbos ela conjuga todos como se fossem verbos regulares – fazeu ao invés de fiz, por exemplo. Eu falo como é o certo mas ela ainda não incorporou a conjugação correta no dia-a-dia (e o Gabe também tem que aprender a conjugar direito, hehe).
Simone says
Que fofa!!! E não deve ser uma tarefa fácil pro cérebro!!!
É apaixonante vê-los amadurecendo assim, porque isso é complexo viu! Duas linguas ao mesmo tempo e ela tão novinha dando conta do recado!!
beijão pra familia
Luciana Misura says
Simone, as crianças são umas esponjas mesmo, se a gente der corda elas vão longe! É muito legal ver que ela consegue falar as duas línguas numa boa, vamos insistir pra que ela não perca essa habilidade.
Daniele Ryan says
Oi Luciana, eu ja estava mesmo querendo saber como estava o ingles dela. Aqui em casa, eu so falo portugues com Skylar e meu marido fala o Maximo que ele consegue em portugues, mas estou observando que o Skylar esta pegando muitas palavrinhas em ingles, pela tv e qdo eu e o Steve conversamos. Eu sempre repito em portugues mas tem palavrinhas que ele prefere em ingles. Vc passou por isso com a Julia?
Luciana Misura says
Daniele, tem umas (poucas) palavras que ela prefere falar em inglês mas isso porque a gente não insistiu pra que ela falasse em português. Por exemplo, “bubbles” até hoje ela fala em inglês, não fala bolhas. Mas se você corrigir sempre e não aceitar, eles mudam sim!
pacamanca says
Oi Lu!
A Carol tá num intensivão de português agora, aqui no Rio, cercada de matracas como eu, minha mãe e todas as outras crianças cariocas da praça, mas como ela é muito desconfiada, quando chega na pracinha fica muda. Em casa canta, fala frases completas, descreve tudo o que está fazendo e que vê, mas quando chega aquele monte de criança perguntando o nome dela, quantos anos ela tem e tal, fica muda. Fora isso tem o problema dos encontros consonantais, que ela simplesmente ainda não consegue pronunciar, de modo que a gente tem que cortar um dobrado pra decifrar o que ela tá falando.
Os dois problemas maiores dela, com relação à estrutura da língua, são 1) botar o sujeito no final da frase, coisa que se faz o tempo todo em italiano, então ela fala coisas tipo “comprou tio bernardo” em vez de “tio bernardo comprou (o brinquedo tal)”, e 2) a incapacidade de responder a perguntas repetindo o verbo, como a gente faz em português (“você gostou?” “gostei”); ela sempre responde com “sim”, como em italiano. Isso porque como sou sempre eu que pergunto as coisas a ela, ela nunca escuta alguém respondendo, e não pegou o hábito de responder como eu faço.
Ela vai começar na escolinha em setembro e já estou prevendo uma queda brutal no português dela. Acho que vamos ter que passar mais tempo no Brasil quando viermos pra ela não perder… 🙂
Beijos!
Luciana Misura says
Oi Letícia, ah, que pena que ela fica muda! Mas ela está prestando atenção e absorvendo tudo não está não?
Essa incapacidade de responder perguntas repetindo o verbo a Julia também tinha, mas está passando. O Gabe responde tudo com sim ou não sem usar muito o verbo também, então ela só me ouvia perguntando e raramente respondendo, mas agora ela tem horas que responde com sim ou não e outras vezes com o verbo.
Com certeza com a escola vai ter que rolar uma reforçada no português, então realmente você vai ter que fazer o sacrifício de ficar mais tempo no Rio com ela 😉 Hah! Uma amiga aqui de Austin quando vai pro Brasil matricula o filho numa escolinha aí durante o tempo que ela fica, justamente pra reforçar o português dele. Tem dado super certo, de repente era uma boa pra Carol! Beijos!
Tereza (Bruxelas) says
Anaïs, que nasceu primeiro, aprendeu o português e fala bem até hoje mas só falava com o irmão em francês. Eu também me relaxei e agora ele fala com sotaque e com conjugações erradas. Admiro quem consegue fazer com que os filhos falem bem o português mas eu só consegui com minha filha :o(
Luciana Misura says
Tereza, eu sempre ouço que é mais fácil com o primeiro filho, vamos ver como vai ser quando o Eric nascer 😉